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Secretaria de Segurança tenta agilizar atendimento em delegacias

Série de mudanças inclui aumento no número de funcionáris e implantação de um SAC

Por Mariana Barros
Atualizado em 1 jun 2017, 18h30 - Publicado em 2 jul 2011, 00h50
Delegado Pablo França - 2224
Delegado Pablo França - 2224 (Cida Souza/)
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Uma pesquisa inédita foi realizada recentemente em trinta distritos policiais da cidade. Vestido de jeans, camisa polo e tênis, o responsável por esse trabalho chegava aos locais com a intenção de fazer um simples boletim de ocorrência. Na maioria das vezes, amargou mais de meia hora até alguém perceber sua presença e perguntar se precisava de algo. Nesse calvário, que durou dois meses, não raro ficou irritado com funcionários relapsos ou inconvenientes e com a situação constrangedora de ficar aguardando atendimento junto com bandidos algemados. A grande novidade é que a vítima do atendimento ruim nessas situações foi o delegado Pablo Rodrigo França, a cobaia escalada pela Secretaria da Segurança para sentir na pele o drama dos paulistanos. Mesmo com dez anos de profissão, o policial se surpreendeu diante da péssima qualidade do serviço. “Com os problemas atuais, ninguém pode estranhar que tanta gente simplesmente se recuse a comunicar um crime às autoridades”, afirma ele, que, no fim da via-crúcis, elaborou um relatório com sugestões para melhorar esse cenário na capital.

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A primeira parte do projeto a ser implementado pela Secretaria da Segurança começa nesta semana em algumas regiões da capital, como a Norte e a Leste. Ela será estendida para toda a cidade a partir de agosto. Segundo as promessas da polícia, a queixa poderá ser prestada em qualquer DP, e não apenas no mais próximo do local do ocorrido. Além disso, as equipes que trabalham nos DPs terão número de funcionários proporcional à demanda da região onde atuam e os distritos permanecerão abertos 24 horas (atualmente, 26 deles fecham as portas durante a madrugada), voltados apenas ao registro de BOs. Flagrantes e apreensões, hoje considerados prioritários e motivo para retardar o atendimento às vítimas, ficarão a cargo de centrais específicas. Outra novidade é a implantação de um SAC (serviço de atendimento ao consumidor), acionável sempre que o atendimento ultrapassar o limite de vinte minutos (hoje, leva três horas, em média). “Os policiais precisam aprender a lidar com o público”, afirma o coronel José Vicente, ex-secretário nacional da Segurança Pública.

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Não é apenas a população que está insatisfeita com a situação. Em suas conversas com escrivães, agentes e investigadores depois dos chás de cadeira nos DPs, o delegado França constatou que os funcionários convivem com problemas como baixa autoestima e má qualidade de vida, o que invariavelmente se reflete na maneira como tratam o público. As equipes trabalham em jornadas de doze horas, alternando turnos de dia e à noite, o que impede os policiais de estabelecer rotina, conviver com a família e praticar atividades físicas com regularidade. Em razão disso, uma parte das reformas será dedicada a melhorar a vida dos policiais, estabelecendo jornadas de oito horas de trabalho em horários fixos. Com isso, a Secretaria da Segurança acredita que poderá cobrar também mais eficiência. Hoje, alguns delegados cuidam de mais de 3.000 inquéritos ao mesmo tempo, com equipes cambiáveis e sem nenhuma medição de sua produtividade.

O projeto faz parte dos esforços do secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, para passar a Polícia Civil a limpo. Desde que assumiu a pasta, em março de 2009, ele subordinou ao seu gabinete a corregedoria, encarregada de fiscalizar a corporação, e acompanha de perto a apuração de denúncias. Em seguida, fez uma faxina nos quadros que culminou com a expulsão de quase 200 policiais, a maioria por suspeita de corrupção. Agora, ele parte para o ataque à ineficiência, outro antigo problema. “Há uma nova geração tentando mudar o que vigorou nos últimos quarenta anos”, diz o coronel José Vicente.

Delegacia Itaim - 2224
Delegacia Itaim – 2224 ()

Com 34 anos, o delegado França faz parte desse novo time. Começou a carreira como plantonista e trabalhou depois no departamento de homicídios e no Detran. Em janeiro, foi transferido para o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), órgão com 6.200 funcionários responsável por gerenciar todas as delegacias da cidade. A mudança ocorreu depois de um convite do delegado Carlos Paschoal de Toledo, 49 anos, que acabara de assumir a direção do órgão com o desafio de repensar o atual modelo. A dupla quer substituir o desagradável chá de cadeira por um mantra nos DPs: rapidez, eficiência e cortesia. “Algo tinha mesmo de ser feito”, afirma Toledo. “Do jeito que está, até eu ficaria temeroso se minha mulher fosse sozinha a uma delegacia.”

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REFORMAS EM CADEIA

Os principais tópicos do projeto que será implementado

Funcionários

Eles receberão treinamento para lidar com o público e sua jornada de trabalho será de oito horas em períodos fixos

Reclamações

As pessoas poderão acionar um SAC específico da polícia para relatar problemas no atendimento


Atendimento

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As autoridades querem reduzir para vinte minutos o tempo de registro das ocorrências. Para isso, os DPs passarão a fazer exclusivamente BOs, com equipes proporcionais à demanda de cada região

Instalações

Serão criadas áreas restritas nos DPs para a circulação de policiais armados e bandidos algemados, evitando com isso que os cidadãos à espera de atendimento se sintam constrangidos

 

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