Árvores e galhos caídos continuam pelas ruas de SP após temporal
Planta gigante permanece escorada em prédio na Zona Sul. Pedidos de vistoria técnica de árvores cresceram 19% de 2013 para 2014
Centenas de árvores e galhos continuam espalhados pelas calçadas e canteiros da capital após quatro dias do temporal que atingiu a cidade na madrugada de segunda-feira (29).
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O número de árvores derrubadas pelas chuvas e ventos de até 96 quilômetros por hora chegou a 575 até as 10h desta sexta (2), de acordo com balanço da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras. Desse total, 500 foram cortadas e acomodadas nas calçadas e canteiros para desobstruir as vias, o que não significa que seus galhos, folhagens e toras tenham sido totalmente recolhidos depois.
No condomínio Núcleo Residencial Indianópolis C, no Planalto Paulista, na Zona Sul, os moradores sofrem com um exemplar de mais de 6 metros de altura que continua escorado no último apartamento da torre de três andares.
“Temos medo de vir outra chuva e vento forte e a árvore se deslocar, fazendo um estrago ainda pior”, afirma o síndico Ivan Paiva. “Orientei os moradores a não ficarem nos quartos atingidos e se acomodarem na sala”.
Segundo Paiva, a prefeitura foi acionada na segunda (29), mas afirmou que não interviria na remoção, já que poderia haver risco para a estrutura do imóvel. Nesse caso o trabalho deveria ser feito pelo Corpo de Bombeiros, que realizou vistoria no local, mas não deu previsão para a ação.
“Estamos preocupados, não dá para saber o que vai acontecer se ela não for retirada logo, pois o telhado foi destruído”, diz a maquiadora Maria Cláudia Christo. Ela e outras 35 famílias que moram no condomínio ficaram quase quarenta horas sem energia.
Segundo dados da prefeitura obtidos por VEJA SÃO PAULO, o número de pedidos de vistoria técnica de árvores saltou de 57 673 em 2013 para 68 439 em 2014, um aumento de 19%. Levantamentos disponíveis até novembro de 2014 apontam 108 075 intervenções de podas e substituição de árvores no município. Até o fim de 2013 foram 128 840. O município mapeou 650 000 árvores em calçadas e canteiros, mas só é possível saber sobre o estado de 48 000 delas, pois essas foram catalogadas.
De 2013 para 2014, o total de árvores tombadas cresceu 20%, de 1 881 para 2 252.
Em visita aos bairros Itaim Bibi, Pinheiros e Jardim Paulista, a reportagem encontrou hoje ao menos dez ruas tomadas pelos restos de árvores cortados pela prefeitura que, com o vento, se espalharam por toda a calçada e prejudicam a passagem dos pedestres.
Em frente ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), na altura do número 590 da Avenida Horácio Lafer, um pedaço enorme de uma árvore prestes a tombar ainda obstruía a faixa da esquerda.
“Isso aí é um perigo. A prefeitura recolheu as outras árvores que caíram na rua, mas essa ficou porque disseram que não podem remover por causa da fiação elétrica”, reclamou o segurança Carlos Ribeiro. Procurada, a Eletropaulo afirma que a energia foi reestabelecida no local, mas que a solicitação da prefeitura ainda não chegou para que a distribuidora possa atuar no caso.
A alguns metros dali, quem pena com os restos de vegetação é o restaurante Manish. “Abrimos agora à noite e o cliente vai chegar e se deparar com essa bagunça”, lamenta o funcionário William Martins. Para amenizar a situação, empregados do estabelecimento tiravam por conta própria alguns galhos e folhas caídos.
O restaurante não foi prejudicado pela falta de luz, mas ficou cinco dias sem telefone. “Foi terrível, pois trabalhamos com sistema de delivery”, dizia Martins no exato momento que chega um carro da empresa Vivo Telefônica para restabelecer a rede.
A promessa do engenheiro florestal Danilo Mizuta, da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, é que até o início da semana que vem todos os resíduos do corte das árvores será recolhido. Em casos específicos, como do Planalto Paulista e do Itaim Bibi, é necessário aguardar pela atuação em conjunto com a Eletropaulo e o Corpo de Bombeiros.
“Foi um recorde no número de árvores caídas e uma remoção simples pode durar de meio período até cinco dias. É necessário isolar o local, a remoção é feita de pouco a pouco, começando pela copa da árvore, para que não incorra em riscos”, explica Mizuta. “Intensificamos os trabalhos, mas o primordial foi atender as áreas onde havia obstrução das vias e interrupção da energia elétrica”.
Segundo a Eletropaulo, a rede de energia já foi normalizada em grande parte da capital. Há ocorrências pontuais na Zona Sul e em Cotia que devem ser resolvidas nas próximas horas. De acordo com a companhia, 500 000 pessoas sofreram com a falta de energia elétrica quando mais de 200 árvores caíram sobre a rede da distribuidora e raios atingiram sua área de concessão.