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Arquiteto vive drama em sequestro: “Foram 30 minutos de terror”

Antônio Marcondes, de 55 anos, ficou sob a mira de dois sequestradores

Por Rodrigo Brancatelli
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

Pelo menos quatro seqüestros-relâmpago acontecem diariamente em São Paulo. Na última segunda-feira (30), o arquiteto Antônio Marcondes, de 55 anos, passou por essa experiência traumatizante, assim como outros 1 447 paulistanos que sofreram por algumas horas nas mãos dos bandidos em 2005. Abordado por dois criminosos na Vila Olímpia, Zona Sul, quando estava em seu Citroën Xsara prata, Marcondes ficou meia hora sob a mira de um revólver calibre 38 e uma pistola automática, sendo xingado e apanhando.

Fórum: Você já foi vítima de seqüestro-relâmpago? Conte sua história

Leia a entrevista:

Veja São Paulo – Como foi o seqüestro?

Marcondes – Eu tinha acabado de sair da empresa de um cliente e estava atrasado para uma reunião. Eram 19h45. Descia a Rua Alvorada, na Vila Olímpia, quando estacionei no meio-fio para ligar para a minha mulher. Durante a conversa, um jovem de jeans e camiseta abriu a porta do carro, que estava destrancada. Apontou um revólver para a minha cabeça e mandou que eu pulasse para o banco do passageiro. Nisso, um segundo homem entrou pela porta de trás e colocou uma pistola no meu pescoço. Eles falavam no celular com uma outra pessoa, informando que tinham conseguido me seqüestrar. O bandido seguiu então pela Rua Alvorada gritando e me xingando. Para me assustar ainda mais, disse que um motoqueiro armado com uma metralhadora nos seguia, para o caso de eu tentar fugir. Ele então pegou o cartão do banco e mandou que eu escrevesse a senha em um papel. A minha mão não respondia, não parava de tremer. Eu só conseguia pensar em Deus e no meu filho. Rezava muito e pedia a eles que não me matassem.

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Veja São Paulo – Os bandidos chegaram a agredi-lo?

Marcondes – Sim, muito. Um deles me deu uma coronhada na testa para que eu passasse logo a senha. Quando chegamos a uma agência bancária, na Avenida Professor Francisco Morato, o cara de trás desceu para fazer o saque. O problema é que eu não tinha anotado o código de segurança, nem me lembrava disso. Ele voltou correndo e começou a me bater na cabeça. Gritava: “Você quer tomar bala?” Finalmente consegui me lembrar do tal código. Eles me perguntaram onde tinha outra agência e eu falei que existia uma na Avenida Rebouças.

Veja São Paulo – E depois?

Marcondes – Na esquina da Avenida Lineu de Paula Machado, quando paramos num farol, um carro da Rota estacionou ao lado. Um sargento olhou para mim e sentiu que tinha algo errado. A sorte é que os vidros do meu carro não têm insufilm. Quando o sinal abriu, a viatura se aproximou e deu uma buzinada. Um bandido gritou para o outro: “Não pára, corre”. Aí foi um absurdo. Parecia carro de Fórmula 1. Entramos rasgando na pista local da Marginal Pinheiros, batendo em vários carros. Eu estava de cinto, mas nessa hora soltei a fivela e me segurei na porta. Fomos batendo, batendo, batendo, até parar na traseira de um Honda Civic. Colidimos com doze veículos. O meu carro parou com o pneu furado, eixo quebrado e motor destruído.

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Veja São Paulo – Como o senhor conseguiu fugir?

Marcondes – Quando o airbag funcionou, eu abri a porta e saí correndo em direção à viatura da Rota. Não sei como tive coragem, nem pensei no que estava fazendo. Os dois criminosos atiraram para tentar fugir, mas morreram baleados. Liguei ali mesmo para o meu filho para dar a notícia e para ouvir a voz dele.

Veja São Paulo – O que mudou na sua rotina após o seqüestro?

Marcondes – Às vezes tenho crises de choro. Também telefono para a minha família o tempo todo para dizer que está tudo bem. Em 2000, eu e minha mulher havíamos passado por um seqüestro-relâmpago, mas não foi assim tão violento. Desta vez, foram trinta minutos de terror. Agora suspeito de todo mundo na rua.

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