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Anônimo & eletrônico

Por Walcyr Carrasco
Atualizado em 5 dez 2016, 19h45 - Publicado em 18 set 2009, 20h18

Novas tecnologias, novas questões. Na internet, as pessoas se comportam como nos antigos bailes de máscaras de Carnaval. Enquanto a esposa sessentona frita ovos na cozinha, o marido setentão se faz passar por garotão em algum site de relacionamento. Imagina intimidades de deixar os cabelos em pé! Certo de que do outro lado está uma modelo deslumbrante. Mas… quem sabe? Tudo bem. Cada um escolhe como se liberar. As notícias se espalham na internet por meio de blogs, e-mails e sites extra-oficiais. Minha tendência é ler e acreditar. Mas, nas versões eletrônicas de jornais e revistas, a qualidade da informação é semelhante à do veículo impresso. Os responsáveis podem ser identificados. Na grande massa de informações que circula pela internet isso é impossível. Tremo ao supor o que possam estar fazendo com meu nome. Eu tinha três páginas no Orkut, em que conversava com amigos e leitores. De repente, uma sumiu. Tento acessar e não consigo. Descobri ser possível “roubar” a página alheia. Alguém pode ter adotado a foto e as informações do meu perfil (talvez mudado alguma coisa de lascar) e atualmente conversar como se fosse eu! Corro o risco de que algum dia estoure uma bomba na minha cabeça! Certa vez recebi vários pedidos de meu amigo Jorge Fernando para participar de sua página. Aceitei, é claro. Ainda liguei, feliz:

– Viu só? Agora não pode mais reclamar.

– Do quê?

Era falsa. Um desconhecido pegou uma foto pública, inventou um perfil e passou a fazer o papel do próprio Jorge. Ele ficou uma fera!

Ainda é pouco. Certa vez recebi por e-mail a foto de um amigo em uma situação que não posso descrever. E, garanto, a maioria de vocês não conseguiria imaginar! O rapaz é casado há relativamente pouco tempo, tem filhos. Não cometi a descortesia de falar da foto com ele. Mas com quem a enviou.

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– Pára de espalhar! Verdade ou não, ninguém tem nada com isso. E pode acabar com o casamento dele!

– Por mim, eu deleto. Mas, se eu recebi, muita gente também recebeu. A esta altura já está circulando na internet inteira!

Pode ser invenção, fotomontagem. Mas, quando se espalha, o mal está feito. Sempre alguém se pergunta:

– Será mesmo fotomontagem?

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Já aconteceram casos terríveis entre adolescentes. Garotas hostilizadas na escola depois que fotos comprometedoras foram divulgadas de forma anônima. Muitas falsificadas. Soube de uma cuja família mudou de cidade, apesar de acreditá-la inocente. E daí? A vítima é tratada como culpada!

Descobrir quem enviou costuma ser impossível para o comum dos mortais. Durante uma novela comecei a receber e-mails agressivos. Não reconheci o remetente. Contratei um ás em informática. Não pretendia fazer nada. Só descobrir quem era o inimigo que parecia freqüentar meu círculo de amigos pessoais. O profissional tentou, tentou e concluiu:

– Os e-mails devem estar sendo enviados de um cibercafé. A pessoa usa um provedor internacional em que, ao se inscrever, pode ter falsificado os próprios dados.

Nunca descobri quem foi. E o pior: de quantos amigos desconfiei injustamente?

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No caso de um crime, a polícia intervém e consegue descobrir os culpados. Mas no dia-a-dia sinto falta do surgimento de uma ética, quando as pessoas são atormentadas ou, como é comum no caso de adolescentes, atacadas de maneira cruel. É necessário colocar esse tema nas discussões escolares, em ambientes sociais, seja onde for! No espaço cibernético, assim como no cotidiano, é preciso respeitar o próximo!

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