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Dobra o número de empresas que entregam orgânicos em casa

Alimentos sem químicos nem agrotóxicos estão mais presentes nas residências da capital

Por Karina Sérgio Gomes
18 ago 2017, 18h49
Renato e sua mãe, Antonia, da Do Sítio: dez meses no ramo (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Em 2013, durante uma gravidez, a advogada Carolina Flomenbaum resolveu mudar seus hábitos alimentares e passou a procurar produtos orgânicos. Mas, sem tempo de ir à feira e diante da pequena variedade nas prateleiras dos mercados tradicionais, sentiu que seu plano corria risco.

Nessa época, descobriu serviços de delivery de artigos desse tipo. “Agora, em cinco minutos, encho a geladeira por uma semana, sem sair de casa”, diz ela, moradora de Pinheiros. Cenas como essa são cada vez mais comuns nos lares paulistanos.

Hoje, atuam por aqui pelo menos vinte companhias que oferecem a entrega de alimentos livres de aditivos químicos na residência dos clientes. Cerca de metade delas surgiu no último ano.

Um exemplo é a Do Sítio, lançada em outubro pelo designer Renato Borges, para vender os produtos cultivados no sítio da família, em Atibaia, a cerca de 60 quilômetros da capital. “Em seis meses, dobramos o tamanho da horta para atender a uma média de cinquenta pedidos por mês”, comenta ele.

O negócio está se expandindo por causa da demanda da freguesia. A procura por esse tipo de comida cresceu 20% no Brasil no último ano, segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável. De 2015 para cá, o número de produtores no Estado de São Paulo triplicou, ultrapassando 1 700.

Orgânicos em casa Leve Bem
Carolina e Eduardo, da Leve Bem: galpão com oito funcionários (Alexandre Battibugli)

As empresas de delivery atuam de maneira semelhante. A lista de alimentos — entre hortaliças, legumes, frutas, ovos, carnes e sucos — é disponibilizada em um site ou por WhatsApp, geralmente aos domingos. Os clientes selecionam o que desejam e enviam o pedido. Em dois dias, a cesta chega à casa das pessoas, de madrugada ou nas primeiras horas da manhã, para evitar a ação do calor. Os artigos são embalados em papel e caixas.

Em muitos casos, o negócio começa como um serviço informal, feito na própria residência dos comerciantes, e só depois, com o aumento da procura, se profissionaliza. Foi o que aconteceu com o Leve Bem, criado em 2013 no apartamento do casal Carolina Brenoe e Eduardo Castagnaro, na Praça da Árvore, Zona Sul.

Em poucos meses, as vendas aumentaram e os dois se viram obrigados a se mudar para Vargem Grande Paulista, a 50 quilômetros da capital, para se aproximar dos fornecedores. Em quatro anos, a empresa quintuplicou de tamanho e passou a registrar faturamento mensal de 36 000 reais. Oito funcionários trabalham em um galpão, na seleção e na distribuição de 720 cestas por mês, ao preço mínimo de 50 reais cada uma.

“Entramos nesse ramo para agregar um serviço à atividade dos produtores, mas não imaginávamos que iríamos tão longe”, conta Carolina. O empresário Claudio Uwada abriu o site Orgânicos da Vila para aumentar as vendas dos itens orgânicos que cultivava no sítio da família em Suzano, na Grande São Paulo, há quatro anos. “No começo só atendia pessoas de classe média alta, mas hoje tenho clientes de todos os tipos.” Ele chega a entregar 240 cestas por mês.

O consumidor que quiser entrar nessa onda deverá estar disposto a desembolsar valores mais altos que os praticados na feira do bairro. O custo de produção de orgânicos é até 40% maior que o dos convencionais, por causa dos gastos com o tratamento da água e do solo, a compra de adubos naturais (mais caros que os químicos) e a obtenção de certificações das associações de produtores.

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Além disso, sem agrotóxicos, há o risco de perda da safra por pragas. Diferentemente do que ocorre nas grandes redes de supermercados, nem sempre o item desejado estará à disposição, o que vai depender da época do ano — caso do morango, de agosto a outubro, por exemplo.

Os clientes, no entanto, não parecem se incomodar. “Com esses serviços, temos a garantia da qualidade”, diz a engenheira Nifna Santana, de 30 anos, moradora do Pacaembu e cliente da Do Sítio. “Isso sem contar a comodidade de receber em domicílio.”

Do Sítio. https://www.do-sitio.com, ola@do-sitio.com.
Leve Bem. ☎ 98709-7448, www.levebemdelivery.com.br.
Orgânicos da Vila. ☎ 94154-4147, www.organicosdavila.com.br.

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