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A história da Avenida São Luís

Livro conta como um beco se transformou em uma elegante via movimentada

Por Orlando Margarido
Atualizado em 5 dez 2016, 19h22 - Publicado em 18 set 2009, 20h35

Com apenas 500 metros de extensão, a Avenida São Luís se impôs na história paulistana pela elegância. No início do século XIX, quando ainda levava o curioso nome de Beco Comprido, cortava a chácara do brigadeiro Luiz Antônio – sim, o mesmo que dá nome a outra avenida, que vai do centro ao Itaim. O patriarca da família Souza Queiroz, um fidalgo comerciante português, tornou-se um dos homens mais ricos na São Paulo da época. Depois que ele morreu, em 1819, os herdeiros dividiram suas terras em lotes. A estreita passagem foi rebatizada de Rua São Luiz, assim mesmo, com “z”, em homenagem ao pai. Alguns terrenos, então, foram vendidos a famílias também endinheiradas, como os Penteado e os Junqueira, que construíram ali imponentes palacetes. Quando esses moradores se mudaram para bairros próximos, incorporadoras derrubaram os casarões para erguer os primeiros edifícios. Todo esse processo de transformação é contado com detalhes pelo arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP José Eduardo de Assis Lefèvre no recém-lançado livro De Beco a Avenida – A História da Rua São Luiz (Edusp, 312 páginas, R$ 145,00).

Atual presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp), Lefèvre, de 63 anos, nunca morou na São Luís, mas sempre ia lá para visitar parentes e freqüentar livrarias como a Kosmos, entre as décadas de 60 e 70. A conjunção de endereços residenciais e comerciais, lojas abrigadas sob os edifícios e até uma vila – de linhas francesas, batizada de Normanda – foi um dos fatores que contribuíram para fazer da avenida um lugar especial do centro de São Paulo. “A rara arborização com jacarandás e o espaço para que restaurantes ocupassem as largas calçadas com mesas deram à rua um jeito de bulevar que não existia na cidade até os anos 40”, afirma Lefèvre.

Antes da verticalização, várias das dezessete mansões tornaram-se pensões. A chegada do pioneiro prédio de apartamentos Esther, projeto de linhas modernistas erguido entre 1936 e 1938 na vizinha Praça da República, reverteu a situação e impulsionou os nove projetos residenciais da São Luís, que seria alargada poucos anos depois. Entre os edifícios sofisticados está o que leva o nome da avenida, além do São Tomaz, do Ambassador, do Conde Sílvio Penteado, do Louvre e do Princesa Isabel. Os lançamentos comerciais atraíram um novo público freqüentador. Lefèvre destaca o Conjunto Metropolitano, famoso por sua Galeria Metrópole, e o Edifício Itália, cartão-postal assinado pelo arquiteto suíço Franz Heep no local onde ficava a antiga sede do Circolo Italiano (que voltaria para sua sobreloja). “Convidar grandes profissionais para os projetos era uma praxe, e hoje o paulistano pode apreciar, num trecho tão curto, obras de Artacho Jurado, Gregori Warchavchik, Júlio Neves e Oswaldo Bratke, entre outros arquitetos”, diz Lefèvre, que com sua bela obra ajuda a preservar a história de um importante cenário da capital.

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