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3 perguntas para… Alinne Moraes

Atriz estreia nos palcos paulistanos com texto de Nelson Rodrigues

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 17h01 - Publicado em 21 jul 2012, 00h51

Pela primeira vez nos palcos paulistanos, a atriz Alinne Moraes, de 29 anos, protagoniza o espetáculo “Doroteia”, um dos menos conhecidos de Nelson Rodrigues. Dirigida por João Fonseca, Alinne tem um desafio extra: viver uma prostituta que se transforma em uma mulher feia.

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VEJA SÃO PAULO — Por que aceitar fazer Doroteia, que é considerada umas das peças mais difíceis do autor?

Alinne Moraes — Essa personagem oferece todas as possibilidades que uma atriz procura. Em alguns momentos, o texto é extremamente machista, e, em outros, feminista. A Doroteia começa alegre, meiga, carinhosa, e vai se transformando. Fica amarga, definha, torna-se uma vítima da própria vaidade. Eu me identifico com ela.

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VEJA SÃO PAULO — Essa identificação vem do fato de você também pagar um preço por ser bonita? A beleza origina bullying, não?

Alinne Moraes — Eu saí de Sorocaba e vim para São Paulo aos 14 anos para trabalhar como modelo. Botava boné, óculos e roupa larga para não ser notada pelos homens. Claro, faltava maturidade para lidar com isso. Mas ainda vejo que, quando aparecem atores fazendo grandes trabalhos, logo vem o comentário: “Ele conseguiu o papel por ser bonito”. Eu me identifico muito mais com a Doroteia porque as pessoas sempre precisam estar inseridas em grupos. A sociedade faz a exigência e você passa a se adequar ao outro e ao que ele pensa para ser aceito.

VEJA SÃO PAULO — O trabalho no teatro demorou para começar por causa das novelas?

Alinne Moraes — A Globo sempre apoiou minhas decisões. Fiz cinco filmes nos últimos anos e há uma década emendo uma novela na outra. O meu interesse pelo teatro foi tardio. Vi a primeira peça da minha vida aos 17 anos. Nunca recebi incentivo para assistir a espetáculos na minha família, e até agora só tinha atuado em uma montagem, “Dhrama — O Incrível Diálogo entre Krishna e Arjuna”, dirigida por João Falcão em 2007. Quando faço um mergulho como o de “Doroteia”, percebo que conheço muito pouco. Já li outros textos do Nelson, como “O Beijo no Asfalto” e “A Falecida”, mas preciso correr atrás. Esse trabalho vai me trazer novos ares, inclusive na TV.

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