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O potencial silencioso (e revolucionário) da esperança

O psicólogo Rossandro Klinjey fala sobre o quão importante é este sentimento para não cairmos na apatia

Por Rossandro Klinjey
25 set 2020, 06h00

Ariano Suassuna achava os otimistas ingênuos e os pessimistas amargos, por isso se definia como um “realista esperançoso”. Vejo em nossos dias a dificuldade que temos em definir o que é a realidade, para dela poder extrair esperança.

A realidade não é fácil de definir, ainda mais quando a maioria de nós pinça dela, conscientemente ou não, apenas aquilo em que quer acreditar. O fenômeno é conhecido como “viés de confirmação”, a tendência de procurar informações que aprovem nossas crenças, evitando as informações que contrariam nossa visão de mundo.

Na era das fake news e da pós-verdade, os algoritmos da internet e das redes sociais têm nos jogado, ainda mais, em bolhas de confirmação, não só nos afastando do contraditório como colocando todo pensamento oposto no campo da execração e do inimigo a ser combatido, o que acentua nosso analfabetismo digital e social.

Na busca de comprometer ainda mais uma mínima clareza dos fatos, grupos políticos de todos os matizes chamam de falsas notícias verdadeiras, para desacreditar as fontes das quais discordam, confundindo propositadamente notícias tendenciosas ou crítica da mídia convencional com fake news.

E o grande objetivo final de tudo isso é gerar dúvida, medo e terror, não importando as consequências para as instituições. Nesses dias de fake news e teorias conspiratórias, há um sentimento de desespero, um estado de confusão e apatia que impede qualquer mudança, seja pessoal, seja social.

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Agora se pergunte: a quem interessa nos fazer acreditar que nossos problemas são insolúveis, que nenhum esforço é válido ou trará resultado? Num mundo em que semear a desconfiança e o medo tem sido uma prática de muitos, quase um esporte nacional, a esperança parece coisa de tolo ou alienado político.

Na contramão dessa onda, e eu acredito nisso, diversas pesquisas demonstram o contrário, que a esperança é dotada de um potencial silencioso e até mesmo revolucionário, não só na vida de uma pessoa, mas no tecido da sociedade.

E não é tão complicado entender. Afinal, quando não acreditamos num futuro melhor, a esperança dá lugar ao desespero, sentimento presente na vida dos que nunca mudam nem a si mesmos, muito menos o ambiente onde vivem. Quando não acreditamos na possibilidade de ação e mudança, damos lugar a apatia, acreditando que qualquer modificação, melhora da vida ou do mundo é inviável.

Os que desejam o caos e sobrevivem dele querem nossa dúvida, receio e apatia, mas é preciso entender que a esperança não só é possível como necessária. Esse sentimento nos permite vislumbrar melhor as opções disponíveis, mostrando que um futuro melhor pode e deve ser construído.

Longe de ser uma forma ingênua de ver e viver a vida, a esperança ativa em nós o que temos de mais nobre, além de aguçar nosso senso de coletividade rumo à construção de um mundo melhor para mim, para você e para todos nós.

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Ao longo da história humana, foram os que acreditaram, os esperançosos, e não os apáticos e pessimistas, que geraram as grandes mudanças, suscitaram as maiores inovações e nos permitiram dar um passo a mais em nosso projeto civilizatório. A esperança nos permite antecipar um pouco a felicidade que, ainda, não chegou.

Rossandro Klinjey é psicólogo, professor e consultor em educação e desenvolvimento humano. Participou do episódio Como Se Encontrar do podcast Jornada da Calma.

Publicado em VEJA São Paulo de 30 de setembro de 2020, edição nº 2706.

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