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Os quatro grandes amores da pintora Tarsila do Amaral

A artista paulistana se divorciou do primeiro marido nos anos 20, quando isso não era bem visto

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 abr 2019, 10h29 - Publicado em 15 abr 2019, 17h49

Além de ser a autora do Abaporu (1928), a pintora  Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma mulher à frente do seu tempo também no amor: foi na contramão das várias jovens que mantinham casamentos  a contragosto.  Ao longo da vida, Tarsila, que atraiu olhares por sua beleza e vestuário ousado, teve quatro grandes grandes relacionamentos – reprovados por seus irmãos. Seus pais, no entanto, ficaram do seu lado. “Ela foi ousada, dona das próprias escolhas, mas pagou um preço”, assinala a professora da USP Ana Paula Cavalcanti Simioni.

O primeiro passo de trajetória amorosa da pintora, cujas obras são exibidas no Masp, foi o divórcio de seu primeiro marido, que era primo de sua mãe, o fazendeiro André Teixeira Pinto. Desníveis culturais e traições fariam a pintora paulista pedir o fim do enlace. “Dentro das famílias de elite, isso acontecia, ela não foi a primeira nem a última, mas foi uma tensão muito grande, porque envolvia alguém do seu núcleo mais próximo”, pontua Ana Paula.

 

Operários (1933), Tarsila do Amaral (JORGE BASTOS/Divulgação)

Seu segundo amor seria o escritor Oswald de Andrade (1890-1954), um dos líderes dos modernistas, que a acompanharia em uma das fases mais profícuas, compreendida entre a metade dos anos 20 e começo dos 30. Apesar do “vanguardismo” de ambos, eles mantinham discrição sobre o relacionamento. Nas cartas que trocavam quando ela estava em Paris, usavam pseudônimos. Somente se sentiriam libertos quando Tarsila conseguiu a anulação de seu primeiro casamento.

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A parceria intelectual e o carinho que emanavam do casal ilustre, no entanto, acabou mal. Oswald traiu Tarsila com Pagu, pseudônimo da jornalista e poeta Patrícia Rehder Galvão (1910-1962). “Ela ficou tão furiosa que não deixou ele entrar em casa para buscar suas coisas”, conta a sobrinha-neta da pintora, Tarsilinha, que soube dos bastidores do quiprocó por familiares.

Com a queda da bolsa de Nova York em 1929, a crise da pintora ganhou mais um elemento: sua família havia perdido a  fortuna. Sua solução, inesperada, foi entender o novo cenário que se apresentava. Com o psiquiatra paraibano Osório César (1895-1979), ela faz então uma viagem para o União Soviética (URSS). O “combo social”, no entanto, não dá certo. Em 1932, ela é presa pelo governo de Getúlio Vargas (1882-1954), sob acusação de ser comunista e fica traumatizada. Antes de se afastar definitivamente da política e do médico, pinta Operários (1933).

 

Tarsila em seu apartamento em Higienópolis, em retrato feito durante entrevista à revista VEJA em 1972, um ano antes de sua morte: a pintora mantinha-se vaidosa, com madeixas longas e lenço na cabeça (Carlos Namba/Divulgação)

 

Com o coração livre, ela se encontra então com o carioca Luiz Martins (1907-1981), seu último relacionamento. Vinte anos mais jovem, o jornalista, cronista e crítico de arte vai ser seu companheiro por cerca de dezoito anos. A felicidade duradoura não vai conseguir eliminar a preocupação acerca da diferença de idade entre os dois. Tarsila se sentia culpada por não poder compartilhar com Martins o sonho de ter filhos.

O enredo chega ao fim, mais uma vez, com uma traição. Martins deixa a pintora para se casar com a sua prima Anna Maria Martins. “Minha mãe a visita, pede perdão e conta que desistiu de Luís. Tarsila, generosa que era, a perdoa, mas diz que está conformada e não quer o sacrifício da prima. Ainda a aconselha a não desistir da sua felicidade, diante da reprovação da família. As duas choram e se abraçam”, rememora Ana Luisa Martins, que é filha de Martins e Anna Maria.

Em 2003, a escritora adicionaria mais detalhes a essa história, com o livro Aí Vai Meu Coração, As Cartas de Tarsila do Amaral e Anna Maria Martins para Luís Martins, da editora Global.

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