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Vítimas de Brumadinho são homenageadas em mural perto do Mercadão

Artista utilizou a lama de rejeitos, que atingiu a cidade, como base para a tinta usada para pintar o painel

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 jan 2020, 16h23

O artista paulistano Mundano finalizou no último sábado (25) um mural em homenagem às vítimas do rompimento da barragem da Vale do Rio Doce em Brumadinho (MG). O trabalho, que é parte da segunda edição do programa municipal Museu de Arte de Rua (MAR), foi feito em uma das laterais do edifício Minerasil, localizado no número 667, da avenida Senador Queirós, no bairro da Santa Ifigênia, próximo ao Mercado Municipal de São Paulo.

A confecção do mural de Mundano, chamado Operários de Brumadinho, envolveu duas viagens à cidade em questão. A primeira ocorreu em fevereiro de 2019, um mês depois da tragédia. A segunda foi feita em dezembro do mesmo ano. “Foi muito doloroso ver o rio morto e falar com os moradores atingidos. Também participei de dois protestos e conversei com eles do desejo de utilizar a lama, que destruiu a cidade, para construir a obra. Ao final, eles concordaram ao entender que faríamos um monumento público em memória às vítimas”, conta o artista.

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Hoje o crime em Brumadinho completa 1 ano e, pra não cair no esquecimento e continuar cobrando justiça, resolvi me desafiar a fazer A maior obra da minha vida usando a lama tóxica da Vale como tinta. A obra final tem mais de 800m2 e é uma releitura de “Operários” de Tarsila do Amaral (1933) . Ela compõe a série #releiturasmundanas , e pode ser vista ao vivo na lateral do Edifício Minerasil, em frente ao Mercado Municipal de São Paulo. Um abraço caloroso em todos os atingidos e atingidas por barragens nesse dia tão difícil. E, um agradecimento a todos e todas que com muita garra construíram juntos essa obra tão desafiadora . Realização: @smculturasp Obra: “OPERÁRIOS de Brumadinho“ Artistas : @andre_firmiano @subtu @3visao @riskavicia @papelcomterra @apcgraff Produção: @nalata.art + @paredeviva Produção Executiva: @luancardoso cardoso Produção: @andreliberio @renemunizmo  MAR – Museu de Arte de Rua Direção: Andre D’Elia @cinedelia e @henrique.grise Diretor de Fotografia : @mercurio_aceso Funcionários Minerasil; Paulo Henrique Cláudio Cruz Ivonaldo Flor . Toni Hernandez Rafael Catador e a equipe de montagem e manutenção do Balancim . Alem claro da @tarsiladoamaral e @atingidosporbarragens . E todxs operárixs que passaram por lá e se identificam com a obra . #nãofoiacidente #justiça #1anodebrumadinho #tarsiladoamaral #somostodosatingidos

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Mundano coletou 200 quilogramas da lama de rejeitos e amostras de solo em Brumadinho. Depois de peneirá-los, ele adicionou base acrílica, que é um material usado para confecção de peças de artesanato. Dessa mistura, nasceu a tinta que utilizou no mural que tem 50 metros de altura e 18 metros de largura. O tempo para erguer a obra foi de treze dias, entre a preparação da parede e a realização da pintura. “Não consegui medir o grau de toxicidade do material, mas acredito que o risco que fui exposto é infinitamente menor ao que das pessoas que moram lá e dos bombeiros que participaram da busca”, explica Mundano.

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A reunião de rostos que aparece no mural do artista, além da referência direta às vítimas do rompimento da barragem, também dialoga com a obra Operários (1933), de Tarsila do Amaral. A tela, uma das mais importantes na produção da pintora paulista, pode ser vista em uma visita gratuita no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.

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A tinta que usamos pra pintar a releitura da obra “Operários” da @tarsiladoamaral de 1933 “ é feita com a lama da Vale (@valenobrasil )que coletei em Brumadinho . Peneirei com uma imã dois litros da tinta e olha o que tinha de resíduo minério e como eles se atraem ao ima nesse teste simples. Essa magnetita é que da boa parte da cor da tinta mais escura do mural de mais de 800 metros que pintamos no Mercado Municipal de São Paulo (@mercadaosp ). Agora imagina a quantidade e a força desse metal em 11,7 milhões de m3 de lama tóxica que encobriu cerca de 300 pessoas , 4000 animais e centenas de hectares da Mata Atlântica e áreas verdes que nesse momento se dilui em incontáveis kilómetros pela águas do Rio Paraopeba até o Rio São Francisco . Enquanto isso a Vale gasta em propaganda ao invés de tirar essa lama da sua própria ganância . Justiça ! #brumadinho #releiturasmundanas #lamatoxica #1anodebrumadinho (Edit: Vale salientar que apesar do quantidade de minério a toxicidade são os químicos na água do processo de mineração , afinal o metal já está no solo em estado bruto faz milhares de anos . ) Video: @gregramon93 .

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