SP projeta data para tirar obrigatoriedade de máscaras em ambiente externo
Medida depende da melhora de indicadores da pandemia e aumento da cobertura vacinal
O governo de São Paulo projeta data para liberar o não uso de máscaras em ambientes abertos. O plano é remover a obrigatoriedade do item em lugares ao ar livre a partir do dia 1° de dezembro, segundo o governador João Doria (PSDB).
A gestão estadual afirma que a medida pode ser tomada devido a queda no número de casos e óbitos causados pela Covid-19. João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência do Coronavírus, explica que a decisão depende dos indicadores da pandemia dentro do estado.
“Se continuarmos com esses indicadores em queda, é possível atingirmos esses indicadores até a última semana epidemiológica do mês de novembro e, para o início do mês de dezembro, é possível que haja a liberação do uso de máscaras em ambientes abertos e sem aglomeração”, diz Gabbardo.
A flexibilização exige que 75% da população total do estado esteja com o esquema vacinal completo, o número de novos casos registrados diariamente seja menor que 1 100 e que as internações diárias sejam inferior a 300. O número de mortes pelo vírus deve ser menor que 50.
Atualmente, o vacinômetro de São Paulo indica que 88,04% da população adulta está com o esquema vacinal completo. Já em relação a população total, 68,63% recebeu as duas doses ou a dose única do imunizante. O número de novos casos está em 800 e as internações diárias estão em 400. O número de óbitos ainda está um pouco maior que o necessário, com 63.
Gabbardo alerta que, para que os indicadores continuem a melhorar, é preciso que a população continue seguindo as recomendações de uso de máscara e distanciamento social. Caso o contrário, a taxa de transmissão pode aumentar, estendendo o prazo. Segundo Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde, a liberação do item ocorrerá de forma gradual.
O que dizem os especialistas
No início de outubro, quando a cidade de São Paulo pretendia remover o uso obrigatório de máscaras em ambientes ao ar livre, a Vejinha ouviu especialistas. Eles não viram vantagens consistentes na medida. O infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, destacou que não há nenhum ganho objetivo ao deixar de usar o item de proteção.
“Não vejo um ganho consistente em remover a obrigatoriedade que justifique colocar as pessoas em risco, até porque a transmissão se dá por via respiratória. Já existe uma adesão baixa [ao uso de máscaras] e você desestimulando certamente vai piorar “, explicou na ocasião.
Diretor da Fiocruz, Rodrigo Stabelli concordou com o colega, explicou que há uma “extensa subnotificação” de casos de Covid-19 e que as vacinas ainda precisam ser aprimoradas com o objetivo de erradicação do antígeno.
“Apesar de a vacinação diminuir a transmissão, as vacinas foram idealizadas e autorizadas para diminuição de casos graves e óbitos, e não para a erradicação da transmissão viral. Mesmo os imunizantes com essa finalidade, como o do sarampo, demoraram mais de 5 anos para controle da doença após a imunidade da totalidade da população”.
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