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A conta do réveillon: alta de internações ultrapassa 100% em regiões de SP

A pedido da Vejinha, plataforma da USP e Unesp analisou dados de municípios que regrediram no Plano São Paulo

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 15 jan 2021, 18h22 - Publicado em 15 jan 2021, 17h46

Duas semanas após as festas de fim de ano, o número de internações causadas pela Covid-19 está em alta. Em São Paulo, o governo endureceu a quarentena em oito regiões nesta sexta-feira (15): 43 municípios paulistas registram ocupação de leitos de UTI acima de 80%. A situação é delicada em todo o estado. Em Franca, por exemplo, entre o dia 21 de dezembro e 14 de janeiro, houve aumento de 265% no número de internações.

“Isso era previsível. As festas de fim de ano aceleraram muito”, afirma o professor titular de infectologia da Universidade Federal de Uberlândia, Marcelo Simão Ferreira. A pedido da Vejinha, a pesquisadora da plataforma SP Covid-19 Info Tracker (iniciativa do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Industria CeMEAI; USP e Unesp), Marilaine Colnago, realizou um levantamento sobre as regiões que regrediram no Plano São Paulo.

A região de Marília, com 83,2% de ocupação dos leitos de UTI, foi a única que voltou para a chamada Fase Vermelha do plano: abertura apenas de comércios classificados como essenciais. Juntas, Marília e a vizinha Assis tiveram um aumento de 97,2% no número de internações na comparação entre 14 de dezembro e 14 de janeiro: de 72, as cidades saltaram para 142 pacientes.

No mesmo período a região de Araçatuba, com 57,1% dos leitos de UTI ocupados, teve um aumento de 150% no número de internados (28 para 70). O governo levou a área para a Fase Laranja. “Vários dos meus pacientes internados relataram que resolveram viajar, fazer festa. Assumiram o risco. Várias pessoas da família ficaram doentes, a gente vê na prática o resultado dessa aglomeração”, conta Renato Ginbraum, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia que atende em um hospital privado da capital.

Falando na cidade, São Paulo não regrediu no Plano. Os paulistanos se mantiveram na Fase Amarela, com o funcionamento de bares e restaurantes, o que não quer dizer que a situação por aqui esteja morna. Em um mês a cidade passou de 1867 internados para 2143, uma alta de 14,8%. Se compararmos com 21 de dezembro, quando o número de internados diminuiu (1842), a alta em comparação a 14 de janeiro foi de 16,3%. A taxa de ocupação de leitos de UTI por aqui é de 69%.

O médico Marcelo Ferreira conta um episódio que ilustra bem como o vírus se espalhou rápido no período. “No Ano Novo fui convidado para ir à casa de um amigo, só a família dele estaria por lá”, conta ele, que mora em Uberlândia (MG). “Fiquei na dúvida, pensei, pensei… e resolvi não ir. Hoje estou cuidando da família inteira: todo mundo pegou Covid! Você aglomerar, pode ser uma festa pequena, familiar. A chance de infectar é muito grande, infelizmente. Nós temos ainda que nos guardar”, lembra.

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Na rede privada da capital, o Hospital Albert Einstein contava até a última quinta (14) com 62 dos 74 leitos de UTI ocupados. No Sírio Libanês a taxa de ocupação é de 90%, com 177 pacientes internados, sendo 48 na UTI.

“A doença tem mais ou menos duas semanas de evolução. Quando agrava? Na segunda semana. E estamos vivendo na segunda semana [depois das festas de fim de ano”, afirma Marcelo Ferreira.

E A VACINA?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve analisar no domingo (17) os pedidos de registro emergencial da CoronaVac, (Butantan/Sinovac) e a vacina da Fiocruz (AstraZeneca/Oxford).

Mas mesmo com a aprovação de ambas e caso a campanha de imunização comece ainda neste mês, a vida não vai voltar ao normal. “A vacina está chegando em ritmo lento. Vai ser escalonada, e temos pessoas também que estão querendo recusar a vacina. Não acredito que antes de abril tenhamos uma resposta muito clara [da aplicação dos imunizantes]”, diz Renato Ginbraum.

“Se a gente conseguir vacinar o máximo de gente possível, vamos conter a epidemia até o final do ano. Mas temos que vacinar 50% da população, ao menos 100 milhões de pessoas, para a gente começar a sentir os efeitos. De pacientes que precisam prioritariamente ser vacinados (idosos, profissionais da saúde…) são quase 50 milhões de pessoas, já teremos algum impacto: são os que mais adoecem e morrem”, diz Marcelo Ferreira.

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Veja abaixo dados sobre o restante das regiões que regrediram no Plano São Paulo:

BAURU (voltou para a Fase Laranja). 73,4% de ocupação dos leitos de UTI.

14 de dezembro: 124 internados. 14 de janeiro: 186 = aumento de 50%.

21 de dezembro: 121 internados. 14 de janeiro: 186 = aumento de 53,7%

FRANCA (voltou para a Fase Laranja). 70,2% de ocupação dos leitos de UTI.

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14 de dezembro: 26 internados. 14 de janeiro: 73 = aumento de 180%

21 de dezembro: 20 internados. 14 de janeiro: 73 = aumento de 265%

PIRACICABA (voltou para a Fase Laranja). 62% de ocupação dos leitos de UTI.

14 de dezembro: 41 internados/ 14 de janeiro: 75 = aumento de 82,9%

21 de dezembro: 44 internados / 14 de janeiro: 75 = aumento de 70,4%

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RIBEIRÃO PRETO (voltou para a Fase Laranja). 70,9% de ocupação dos leitos de UTI. *monitoramento apenas de leitos de UTI. 

14 de dezembro: 65 internados. 14 de janeiro: 138 = aumento de 112,3%

21 de dezembro: 70 internados. 14 de janeiro: 138 = aumento de 97,14%

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (voltou para a Fase Laranja). 70,2% de ocupação dos leitos de UTI.

14 de dezembro: 300 internados. 14 de janeiro: 375 = aumento de 25%

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21 de dezembro: 289 internados. 14 de janeiro :375 = aumento de 29,8%

TAUBATÉ (voltou para a Fase Laranja). 73,6% de ocupação dos leitos de UTI.

14 de dezembro: 329 internados. 14 de janeiro: 483 = aumento de 46,8%

21 de dezembro: 346 internados. 14 de janeiro: 483 = aumento de 39,6%

Nota: os dados do Info Tracker não contabilizam os leitos da rede privada nas regiões de Bauru, Piracicaba e na capital paulista.

 

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