Doses vencidas de vacina da Pfizer já somam 53 mil em São Paulo
Prefeitura pediu à Anvisa e ao fabricante mudança na data de validade do imunizante
Já são 53 mil as doses vencidas da vacina Pfizer na cidade de São Paulo, segundo balanço da Secretaria Municipal da Saúde. Na última quinta-feira (9), Edson Aparecido, titular da pasta, afirmou em entrevista coletiva que a estimativa era de 8 000 a 10 000 doses. Mas, segundo a secretaria, a situação abrange 8 920 frascos e cada um deles tem seis doses, totalizando 53 520 doses. As informações são da Folha.
As doses devolvidas ao depósito da prefeitura paulistana na última quinta seriam suficientes, por exemplo, para vacinar a população de Porto Feliz, cidade da região de Sorocaba, no interior paulista.
Segundo a secretaria, as vacinas eram reservadas para quem não apareceu para tomar a segunda dose. Até a semana passada, quase 600 000 pessoas acima de 18 anos não haviam ido aos postos para completar o ciclo de vacinação na capital.
“A orientação que demos às unidades de saúde era para que mantivessem essas vacinas a uma temperatura de 2ºC a 8ºC e depois recolhemos todas para o depósito central da prefeitura”, afirmou o secretário na quinta.
Segundo a Pfizer, a vacina pode ser armazenada a temperatura de -90ºC a -60ºC por até nove meses, de -25ºC a -15ºC por um período único de duas semanas e em temperatura de refrigerador de 2ºC a 8ºC por até 31 dias.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde disse que encaminha aos municípios o imunizante da Pfizer com validade de uso de até 30 dias, como preconiza a bula do medicamento e os informes técnicos do Ministério da Saúde, e que cabe às prefeituras organizar a logística da distribuição dos imunizantes.
Na sexta (10), Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa) do município enviou um ofício à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitando maior prazo para armazenamento do imunizante. Em nota, a secretaria disse que também procurou a Pfizer.
Em resposta à Folha, a Anvisa disse que não existe pedido da Pfizer para alteração das condições de conservação do imunizante, “especialmente para aumento do período de validade da vacina descongelada, que atualmente é de um mês”.
“As condições de conservação de uma vacina são definidas a partir de estudos de estabilidade conduzidos pelo laboratório desenvolvedor da vacina”, disse a agência. “As vacinas são produtos biológicos e que por isso o cumprimento das condições de conservação deve ser estritamente seguido.”
A Pfizer não respondeu até a publicação desta reportagem se foi procurada pela gestão Ricardo Nunes (MDB)
Segundo a prefeitura, nenhuma dose vencida chegou a ser aplicada. Os frascos foram recolhidos das unidades de saúde e levados para os Postos de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Padi) do município.
Aparecido disse que a prefeitura ofereceu a doação das vacinas para municípios vizinhos, mas ninguém quis. “Essas cidades estão no limite da capacidade de vacinação”, afirmou.
“Nós estamos chegando ao final do processo, com mais de 22 milhões de doses aplicadas, e o que poderia ser consumido já foi”, completou o secretário na última quinta, dizendo que a cidade recebe as vacinas enviadas pelo PNI (Plano Nacional de Imunização).
A secretaria afirmou que acionou o Programa Estadual de Imunizações (PEI), solicitando orientação quanto à conduta a ser seguida, além de sugerir discussão com o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e com o fabricante sobre o prazo de descongelamento.
O Ministério da Saúde afirmou que ainda não foi notificado do problema registrado na cidade de São Paulo.
De acordo com a prefeitura, até a noite de quinta, 597.534 doses da Pfizer estavam armazenadas na cidade. Os fracos vencidos deverão ser repostos pelo governo estadual.
Atualmente, vacinas da Pfizer estão sendo aplicadas para quem ainda não tomou nenhuma dose na capital, para reforço e em adolescentes.
Segundo boletim divulgado na sexta pela secretaria, a capital aplicou cerca de 22,8 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 e já completou o ciclo vacinal dos adultos —22% das pessoas maiores de 18 anos já receberam o reforço, que pode ser aplicado a partir do quarto mês da segunda dose.
No caso dos adolescentes de 12 a 18 anos, 77% deles já estão imunizados com duas doses.
Como o avanço da vacinação dos moradores da cidade, no mês passado, a capital paulista deixou de exigir comprovante de residência na hora de aplicar a dose nos postos.