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Butantan teme paralisação da produção de vacinas na próxima semana

Insumos da CoronaVac enviados pela China se esgotam no dia 14, dependendo de nova liberação do país asiático; Doria e Covas criticaram falas de Bolsonaro

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 6 Maio 2021, 17h33 - Publicado em 6 Maio 2021, 14h40
Imagem mostra Dimas Covas de terno, em púlpito com inscrição "Vacina Já". Ele usa tblazer e máscara e segura microfone
O presidente do Butantan, Dimas Covas (Divulgação/Governo do Estado de SP/Veja SP)
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O governo de São Paulo e o Instituto Butantan entregaram na manhã desta quinta-feira (6) 1 milhão de doses da CoronaVac para o Ministério da Saúde. Durante a coletiva de imprensa, no entanto, Dimas Covas e João Doria (PSDB) mostraram preocupação com a próxima etapa de produção das vacinas: todo o volume de insumos recebidos da China serão totalmente utilizados até o próximo dia 14, dependendo do envio de novas remessas para a continuidade da fabricação.

Na próxima semana o Butantan encerra a entrega da primeira parte dos imunizantes acordados com o governo federal, totalizando 46 milhões de doses. A outra etapa, de 54 milhões de doses até agosto, depende da chegada de mais IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) da China, que precisa ser enviado pela farmacêutica Sinovac com autorização do governo chinês. Inicialmente, o Butantan previa que o país enviaria 6 000 litros de IFA para o início da nova etapa de fabricação.

A estimativa, no entanto, foi reduzida para 3 000 litros, que ainda não foram liberados pela China: caso exista atraso, a produção da vacina pode ser paralisada.

Desde fevereiro a China aprovou o registro definitivo da CoronaVac, em uma tentativa de aceleração da campanha interna de vacinação, priorizando para uso interno os insumos necessários para a fabricação do imunizante. Outro fator que causa temor foram as declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que voltou a causar estremecimentos nas relações diplomáticas entre os países.

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano que ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica […]. Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês”, disse Bolsonaro na quarta (5).

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“Nós dependemos da chegada dessa matéria-prima. E todas essas idas e vindas do governo federal, obviamente têm impacto no ritmo da liberação”, disse o diretor do Butantan, Dimas Covas. “Quero manifestar meu protesto contra essas sucessivas manifestações agressivas e absolutamente desnecessárias ao governo da China”, comentou Doria.

“É uma burocracia que está sendo mais lenta do que o habitual. Após isso [14 de maio] não temos mais matéria-prima”, afirmou Covas.

A fala do presidente foi lembrada durante a CPI da Pandemia que ocorre no Senado Federal. Nesta quinta, o ministro da saúde Marcelo Queiroga foi questionado sobre a veracidade de uma suposta “guerra química”, como alegou Bolsonaro, pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE): o médico afirmou que não existem evidências de nenhuma “guerra”. “Vossa excelência mesmo disse que o presidente não fez menção a China. Espero que as relações entre Brasil e China continuem de maneira positiva e que não tenhamos impacto para o nosso programa de imunização”, respondeu.

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Com a falta de imunizantes, outra preocupação é que as etapas da campanha de vacinação no estado de São Paulo que se iniciam nas próximas semanas, como a de pessoas entre 55 e 59 anos de idade com comorbidades, no dia 12 de maio, atrasem.

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