3 perguntas para… Gerald Thomas
Dramaturgo e diretor volta aos palcos brasileiros com o espetáculo "Gargolios"
Depois de quatro anos, o dramaturgo e diretor Gerald Thomas, de 57 anos, volta aos palcos brasileiros com o espetáculo Gargolios, que tem estreia prometida para este sábado (9), no Sesc Vila Mariana. Nesse período, ele não parou de trabalhar. Carioca de nascimento e dividido entre Nova York e Londres desde a adolescência, Thomas fundou em 2010 a London Dry Opera Company. Atualmente, ele desenvolve projetos em parceria com o baixista inglês John Paul Jones e o compositor americano Philip Glass.
+ 3 perguntas para… Maria Padilha
VEJA SÃO PAULO — Nesses quatro anos faltou vontade de trabalhar no Brasil ou não houve convites?
Gerald Thomas — Se não trabalho mais é porque faltam oportunidades por aqui. Somente isso. Um autor-diretor tem de ser convidado. Faço óperas no mundo inteiro, mas os teatros municipais do Rio de Janeiro ou de São Paulo, por exemplo, não me chamam para montar nada. Estou desenvolvendo com o baixista do Led Zeppelin, John Paul Jones, um espetáculo chamado “Ghost Sonata”, e vou criar com o Philip Glass uma nova ópera. O mundo inteiro está interessado no meu trabalho (risos). Menos o Brasil. Estranho isso…
VEJA SÃO PAULO — Você tem acompanhado o teatro brasileiro?
Gerald Thomas — Essa talvez seja a pergunta mais irritante para mim. Por que eu deveria acompanhar o teatro brasileiro, croata ou siberiano? Não gosto de teatro que se nutre apenas de teatro. Eu me interesso por milhares de outros temas. E estes assuntos estão na área do comportamento, da política interna dos Estados Unidos. Meu foco vai para a biologia, para a ecologia ou até para a nutrição, mas não diretamente para o teatro.
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VEJA SÃO PAULO — Em fevereiro, você estreou em Londres um espetáculo batizado de “Throats” e, no entanto, fez uma nova montagem para a temporada no Brasil. O teatro ainda o provoca?
Gerald Thomas — Eu não sou um enlatado! Não gostei do resultado de “Throats”. Então, preferi me arriscar em uma coisa nova e começar algo do zero. Terminamos de ensaiar “Gargolios” em Londres no dia 30 de junho e vamos estrear no Brasil uma semana depois. Essa é a liberdade que o teatro nos dá.