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Celso Russomanno: herdeiro do malufismo? Eu?

Candidato pelo PP, o apresentador tem Paulo Maluf como cabo eleitoral, mas acha que ganhou luz própria na política

Por Alessandro Duarte, Mariana Barros e João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h35 - Publicado em 24 set 2010, 23h44

Em um casarão da Rua Groenlândia, no Jardim América, jovens de salto alto, maquiadas e vestindo calça colada ao corpo andam para lá e para cá. Em meio a elas, um garçom de uniforme branco com detalhes dourados nos ombros passeia com uma bandeja de prata nas mãos. O vaivém poderia constar de um dos eventos sociais que Celso Russomanno frequentava nos anos 80 como apresentador do ‘Circuito Night and Day’, da TV CNT/Gazeta. Trata-se, no entanto, de uma cena rotineira de seu comitê, onde centraliza a campanha ao governo do estado. Jornalista e bacharel em direito, ele ganhou visibilidade defendendo o consumidor. No programa ‘Aqui Agora’, do SBT, mediava conflitos entre clientes e empresas que culminavam com o bordão “Estando bom para ambas as partes, Celso Russomanno, aqui, agora!”.

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Sua popularidade o alavancou para a vida pública. Foi eleito quatro vezes deputado federal. Em 2008, tentou candidatar-se à prefeitura paulistana. O escolhido por seu partido, no entanto, foi o eterno candidato Paulo Maluf. O que mudou para que Russomanno conseguisse disputar o Palácio dos Bandeirantes? “Ele pode abrir mão da cadeira de deputado federal?”, questiona, insinuando que Maluf só não saiu candidato a governador para manter a imunidade parlamentar ao enfrentar seus processos na Justiça. “Para muita gente, Maluf é uma pessoa boa, que acabou com enchente, construiu estradas, fez o Aeroporto de Guarulhos”, afirma. “Com relação aos problemas dele, é a Justiça que tem de responder, não eu.” Apesar de integrar o mesmo partido e ter o ex-prefeito como cabo eleitoral, o apresentador acha que não lhe cabe o papel de herdeiro do malufismo. “Sou herdeiro do meu trabalho com o direito do consumidor, sou dono dos meus votos.”

Em suas promessas, pululam generosos aumentos aos servidores públicos, especialmente professores, policiais e médicos, sem especificações sobre como saldar a folha de pagamento. Quer ainda construir linhas de metrô de superfície, que, segundo ele, não teriam impacto urbano. “Não é preciso desapropriar, nem faria barulho hoje em dia.”

Questionado sobre qual seria a sua prioridade, lista logo três: serviços públicos de qualidade em saúde, educação e segurança pública. Pretende também cuidar de realizações amplas, como fazer obras públicas com transparência e acabar com favelas. Na corrida eleitoral, está em terceiro lugar, com 8% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Casado pela segunda vez e pai de dois filhos, jura que mantém a aparência jovial e a cor dos cabelos apenas à custa de boa alimentação. “Nunca fiz plástica. No máximo, uso cremes”, diz ele, esquecendo-se de que na década de 90 corrigiu as pálpebras.

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Educação

Proposta: Acabar com a progressão continuada e conceder plano de carreira e salário inicial de 3 500 reais aos professores.

Custo estimado pela campanha:
11 BILHÕES DE REAIS

Viabilidade (baixa): Hoje o salário inicial de um professor é de 1 850 reais. Um aumento dessa proporção teria um impacto imenso sobre a folha de pagamento, que consumiu, neste ano, 70% do orçamento da Secretaria de Educação.

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Pedágio

Proposta: Reduzir em até 30% o valor das tarifas.

Custo estimado pela campanha:
ZERO.

Viabilidade (média): A alteração demanda revisão dos contratos e pode implicar problemas jurídicos com as concessionárias.

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Infraestrutura
Proposta:
Investir em 50 quilômetros de metrô de superfície. Fazer uma linha do Jabaquara a Santo André, passando por Diadema; e outra do Ipiranga a Santo André, passando pela Avenida do Estado e por São Caetano. Uma terceira sairia da Marginal Tietê e chegaria a Guarulhos.

Custo estimado pela campanha:
7,5 BILHÕES DE REAIS

Viabilidade (média): Desapropriações ainda terão de ser consideradas, assim como impactos urbanos e ambientais.

Segurança

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Proposta: Integrar o sistema de comunicação das polícias Civil e Militar, para que o atendimento seja feito por quem estiver mais próximo da ocorrência. Nenhum policial militar ganhará menos de 4 000 reais.

Custo estimado pela campanha: 18 BILHÕES DE REAIS. O candidato promete triplicar a folha de pagamento.

Viabilidade (baixa): Russomanno promete buscar 80 bilhões de reais com a União, provenientes de impostos federais arrecadados em São Paulo. Isso, no entanto, depende de difíceis negociações com Brasília.

Saúde

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Proposta: Russomanno diz que, apesar de o salário médio dos médicos do estado ser de 4 700 reais, eles aumentam seus ganhos prestando serviços para vários hospitais. Sua ideia é acabar com essa prática, garantindo um salário inicial de 12 000 reais.

Custo estimado pela campanha: ZERO. Segundo ele, seria feito apenas um remanejamento de profissionais.

Viabilidade (baixa): Especialistas ouvidos por VEJA SÃO PAULO afirmam que a proposta implicaria custos, sim. Isso porque os vários empregos desses médicos não estariam concentrados apenas na rede estadual. Também mencionam que há vínculos estabelecidos por concursos que não podem ser desfeitos tão facilmente.

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