Conheça a história de algumas das vítimas da violência na capital
O auxiliar de manutenção que morreu na frente do Colégio Nossa Senhora de Sion e outros
Fernando Guerreiro Abdalla (8/3/1984 – 30/4/2013): difícil de explicar
Cristiane Romão Abdalla pensou que sua família já tinha passado pela pior tragédia de sua história quando um cunhado foi assassinado, em 2007. Porém, na noite de 30 de abril, foi o marido, Fernando Guerreiro Abdalla, de 29 anos, quem morreu, após ser assaltado na frente da academia da família, no Jardim Maristela, na Zona Norte. Sem demonstrar resistência, Abdalla entregou aos bandidos a moto Yamaha XTZ 250 Tenere, avaliada em 11 000 reais. Apesar disso, antes de fugirem do local, eles o acertaram com um tiro no abdômen. Dois dias depois, a polícia recuperou o veículo em uma favela da região. Para Cristiane, o mais difícil é amparar os dois filhos do casal, de 4 e 2 anos. “Disse ao mais velho que foi igual ao filme O Rei Leão, em que o Simba também perde o papai”, conta, emocionada. “Mesmo assim, ele me questiona: mas por que justo com o meu?”
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Daniela Nogueira de Oliveira (15/9/1987 – 8/1/2013): prestes a dar à luz
“Minha neta não provou o leite da minha filha.” O desabafo é de Ana Maria Nogueira da Silva, cuja filha Daniela Nogueira de Oliveira, de 25 anos, então entrando no nono mês de gestação, foi vítima de latrocínio no dia 8 de janeiro. Ela levou um tiro na cabeça depois de estacionar seu carro na rua onde morava, no Campo Limpo. Os bandidos queriam sua bolsa. “Não sabemos se eles estavam drogados ou se a tática era atirar para depois roubar”, diz o técnico de informática Valter, irmão da vítima. Daniela foi levada a um hospital da região em coma profundo. Uma cirurgia realizada para a retirada de Gabriela foi bem-sucedida: a menina nasceu saudável, com 2,5 quilos e 42 centímetros. Daniela morreu dois dias depois. O autor do disparo foi encontrado através de denúncias anônimas. Era um velho conhecido da polícia. Alex Alcântara de Arruda, de 22 anos, já havia sido condenado a um ano e nove meses de prisão por assalto, em 2011.
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Eduardo Paiva (4/3/1975 – 3/6/2013): com um tiro na cabeça
O auxiliar de manutenção Eduardo Paiva, 39 anos, acordou às 5 horas da última segunda (3). Tomou banho, comeu um pão francês com manteiga e saiu para trabalhar. Ele era morador da favela Jardim Paraná, na Zona Norte. Chegou quase duas horas depois ao Colégio Nossa Senhora de Sion, na Avenida Higienópolis, onde trabalhava desde 2005. Por volta das 10h30, saiu para sacar no banco o valor de 3 000 reais. Esse dinheiro seria usado para pagar o pedreiro responsável pela construção de sua nova casa. Ele sonhava em deixar seu puxadinho, que sempre se alagava com as chuvas de verão. O plano foi interrompido por uma dupla de assaltantes (não identificados até quinta, 6), que o fizeram ajoelhar na calçada em frente à escola. A cena seria registrada por uma câmera do Sion, e as imagens divulgadas chocaram os paulistanos na semana passada. Mesmo sem entregar o envelope com o dinheiro, Paiva tenta agarrar a perna de um dos bandidos. Ele reage, dando-lhe um tiro na cabeça. O corpo da vítima foi levado para Vitória da Conquista, na Bahia, onde moram os seus pais. Deixou a esposa, três filhos e doze irmãos.
Ediomario Rios (7/6/1990 – 14/5/2013): na volta do trabalho
“No sábado, antes de ele morrer, pedi para que arranjasse outro emprego”, lamenta a diarista Pulqueria Xavier Reis. Seu filho, Ediomario dos Reis Silva, de 22 anos, foi baleado na terça-feira seguinte, no dia 14 de maio, quando voltava do trabalho, por volta das 23 horas. A mãe não gostava do turno da noite do rapaz, balconista da padaria AJ M&M, na Rua Artur de Azevedo, em Pinheiros. “Meu coração só sossegava quando ouvia o barulho do portão”, conta. Na noite do crime, Silva seguia a pé em direção ao Largo da Batata, de onde começaria o longo trajeto até a casa da família, em Taboão da Serra. No caminho, ele foi abordado por dois bandidos, que levaram sua mochila, a carteira e o recém-comprado celular Samsung Galaxy. “Acho que ele estava ouvindo música quando o mataram, pois o encontraram com os fones na orelha”, relembra. “Ele era muito distraído.” Até o momento, nenhum suspeito foi identificado.