Theatro Net é a primeira das cinco salas em shoppings
Show do cantor Gilberto Gil será a primeira atração do novo empreendimento no Vila Olímpia
Cinema de calçada virou uma espécie em extinção desde o fim dos anos 80. Da mesma forma, o perfil das salas de espetáculos paulistanas passa por uma transformação na tentativa de se adaptar ao comportamento do público, acostumado ao conforto dos shoppings. Hoje, existem cinco teatros em operação nesses empreendimentos. Uma lei de 1991 obriga os centros de compras com mais de 30 000 metros quadrados a abrigar um palco. Somente agora a exigência municipal passou a ser fiscalizada. Como efeito disso, até a metade de 2015 a cidade ganhará cinco bem equipados espaços de entretenimento.
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O mais recente negócio da safra é o Theatro Net São Paulo, localizado no Shopping Vila Olímpia e com inauguração prometida para quarta (16). Sob a administração do empresário fluminense Frederico Reder, do bem sucedido Theatro Net Rio, a casa está orçada em 30 milhões de reais e ocupa 2 300 metros quadrados, com um palco de 240 metros quadrados e 800 poltronas. Na abertura haverá três sessões do show Gilbertos Sambas, de Gilberto Gil, e o local prevê apresentações de João Bosco, Fafá de Belém e Elba Ramalho, além do musical O Grande Circo Místico, que deve estrear em 15 de agosto. “Meus objetivos são herdar o público do Tom Brasil Vila Olímpia e do Via Funchal, que funcionavam na vizinhança, e fazer com que ele volte a preferir shows no conforto de um teatro, sem o burburinho de garçons e mesas apertadas”, afirma Reder.
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Um dos pioneiros por aqui nessa tendência, o Teatro Folha, do Pátio Higienópolis, abriu as portas em 2001. O local foi usado para ajudar a vencer a oposição dos moradores, então contrários à construção do centro de compras no bairro. O argumento era que o empreendimento traria novas opções de cultura e lazer para a região. Antes de chegar a esse estágio, foi preciso quebrar a resistência da própria administração do shopping ao negócio. “Um teatro não costuma interessar, já que qualquer loja pequena paga um aluguel superior”, afirma Isser Korik, administrador do Folha, que recebe uma média de 120 000 espectadores por ano. “Comprovamos que a sala aumenta a circulação e desperta interesse em relação aos outros serviços e pontos de venda.” Para 2015, Korik deve inaugurar duas salas, uma no Shopping Cidade São Paulo, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Pamplona, e outra no Pátio Paulista, na Rua Treze de Maio.
Antes disso, porém, em outubro, o Shopping Villa-Lobos inaugura um espaço com 750 poltronas e programação nos moldes do Teatro Bradesco, do Bourbon Shopping. Quem garante é o empresário gaúcho Carlos Konrath. Além do Bradesco, ele opera outras seis salas em shoppings no Brasil e planeja mais três em São Paulo até 2016, ainda sem locais definidos. Orçadas entre 35 e 40 milhões de reais, as obras do Villa-Lobos se iniciaram em janeiro. “O público de hoje quer conforto, segurança e serviços complementares. Então, ele vai ver uma peça ou um show e usufrui todo o resto da estrutura”, explica Konrath.
O Shopping Jardim Sul deve entregar a primeira de suas três salas até dezembro. O Metrô Santa Cruz, o Mooca Plaza e o Tietê Plaza também se preparam para entrar no mercado, mas ainda não têm datas definidas. “A tradição do paulistano sempre foi pensar nas casas de espetáculos do Bixiga ou da Paulista, ao contrário dos cariocas, que já têm salas em shopping desde os anos 70”, afirma a empresária carioca Ecila Mutzenbecher, que toca o Teatro das Artes desde 2003, no mesmo espaço do Shopping Eldorado onde, entre 1982 e 1997, funcionou a casa de shows Palladium. “Mas agora o negócio está finalmente pegando por aqui”, completa ela.
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