Sobrevivente afirma que pilares do prédio eram fracos
Já empresário diz que "a casa tremeu e uma poeira branca levantou"
A fragilidade da obra não era novidade para os trabalhadores. Ao menos é o que afirma o pintor Gleison de Souza Feitosa, 24 anos. Ele é um dos sobreviventes do desmoronamento do prédio na Avenida Mateo Bei, na Zona Leste de São Paulo, que aconteceu na manhã de terça (27).
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“Dava para perceber que o prédio não estava legal. A construção era muito grande e os pilares fracos. Parecia que não ia aguentar o peso da laje.”
Feitosa estava no meio do edifício quando aconteceu o acidente. “Só sei que cai e senti um peso no meu ombro. Comecei a ouvir um monte de gente gritando socorro.”
Ele acredita que ficou aproximadamente 3 horas embaixo dos escombros, até ser resgatado pelos bombeiros. Após ser liberado pelo hospital, Feitosa voltou ao local para ajudar nas buscar.
Apesar dos bombeiros afirmarem que não há mais indícios de sobreviventes, Maria de Fátima Pereira dos Santos, de 40 anos, ainda acredita encontrar o filho Felipe, de 20, com vida. “Ele é guerreiro, não vai se entregar assim. Só vou embora para levar ele vivo para o hospital.”
Pela manhã, o metalúrgico Jociel da Silva Pereira, de 25 anos, veio até o local do acidente para tentar localizar os irmãos, Mariano e Donato, que trabalhavam como pedreiros da obra. Os três vieram de Monte Santo, na Bahia. “Estou preocupado porque meu irmão mais velho estava morando nessa obra.”
Testemunhas
Quem passou pela Avenida Mateo Bei pela manhã presenciou o desabamento. O empresário José Honório da Silva, que mora na região, passou em frente à obra cinco minutos antes do acidente. Quando estava estacionando o carro em um local próximo, ouviu um estrondo. “A casa tremeu e uma poeira branca levantou.”
Segundo Silva, a obra começou há três meses. Antes, o local abrigou por cerca de três anos um posto de combustível, que foi desativado. O terreno estava vazio até o início da construção da loja, que seria a próxima unidade da rede de magazines Torra Torra.
Já o segurança Bruno Braga de Oliveira, de 28 anos, foi correndo para o local. Ele tentava descobrir se a sogra, Maria Aparecida Gouveia, era uma das vítimas. Ela saiu de casa pela manhã para receber o aluguel de um dos operários que estava na obra. Ainda não voltou. “Passei todas as características dela para a polícia e estou aguardando notícias.”
O leitor de VEJASÃOPAULO.COM Marcelo Henrique mandou seu relato. “Passei cinco minutos antes pelo local e estava tudo normal. Isso é prova que não precisa de muita coisa para perder a vida, que podemos ser surpreendidos a qualquer momento.”