Conheça os táxis híbridos que rodam pela cidade
Frota de carros ganha veículos mais limpos, silenciosos e econômicos
Na tarde de 11 de dezembro, o bancário Celso Portásio se tornou um dos primeiros passageiros a rodar em um táxi híbrido na capital. O trajeto de 5 quilômetros entre seu escritório, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, e sua casa, na Vila Mariana, foi conduzido pelo taxista Edelmiro Claudino Neto, de quem ele é cliente há três anos, e percorrido a bordo de um dos vinte Toyota Prius — movido a gasolina e energia elétrica — que começaram a circular em São Paulo no fim do ano passado.
Desde aquele dia, Portásio sempre tenta agendar seu percurso com o silencioso veículo. “Você só percebe que o carro está em movimento porque vê a paisagem mudando pela janela”, conta. “É ecologicamente correto e muito confortável.” O automóvel, que ganhou uma faixa adesiva verde na lateral para indicar a redução de 40% na emissão de CO2, virou a sensação de um ponto na Rua Leopoldo Couto de Magalhães Junior, no Itaim. “Queria comprar um desses, mas está muito caro, cerca de quatro vezes o valor de um popular”, diz o taxista autônomo Edson Pereira de Araújo, referindose ao preço de 120.000 reais pelo qual o Prius é vendido no Brasil.
O híbrido foi adquirido por meio de uma parceria entre a Associação das Empresas de Táxi de Frota de São Paulo (Adetax) e a prefeitura. Cada uma dessas empresas recebeu dois alvarás da Secretaria de Transportes. O benefício tem validade até 31 de maio e, até o momento, dez das 58 filiadas à entidade aproveitaram a oportunidade. Se todas aderirem, a quantidade de carros incluídos no programa chegará a 116. O número ainda é pequeno perto dos 33.438 táxis de São Paulo. “A principal vantagem desse acordo é a criação de um projeto voltado para o cuidado com o meio ambiente”, afirma o presidente da Adetax, Ricardo Auriemma.
Na profissão há catorze anos, Claudino Neto foi escolhido pela Jô Táxi para assumir o volante de um dos dois Toyota Prius comprados pela frota em que trabalha. Para isso, paga uma diária de 165 reais, 20 reais a mais do que gastava pelo Chevrolet Cobalt que dirigia anteriormente. Mas é compensado pela economia de combustível: com um tanque de 45 litros de gasolina, o veículo faz mais de 1.000 quilômetros sem paradas para abastecimento, o dobro do que percorre um modelo convencional 1.0.
Isso é possível porque ele alterna o uso dos motores de combustão e elétrico. A partida é sempre acionada pelo segundo, que permanece no comando em velocidades baixas e constantes. Um gerador interno ainda aproveita o próprio movimento do automóvel para produzir energia elétrica. A recarga da bateria é feita nos momentos de frenagem ou desaceleração. “Ou seja, a economia varia de acordo com a maneira como o motorista dirige”, explica Ricardo Bastos, gerentegeral de relações públicas e governamentais da Toyota no Brasil.
Além dos vinte híbridos, dois táxis 100% elétricos começaram a operar na cidade em junho do ano passado. Compactos por fora, mas espaçosos por dentro, os Nissan Leaf integram um projeto da prefeitura para testar novas tecnologias e atendem em um ponto próximo ao cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. Como o modelo não está à venda no país, as duas unidades foram importadas especialmente para o teste. Outros oito carros devem entrar em operação neste mês. A ampliação do programa será avaliada no fim deste ano, de acordo com seus resultados.
Com autonomia de 160 quilômetros, o Leaf só pode ser abastecido em um dos cinco pontos de recarga rápida de trinta minutos, instalados em lojas da Nissan, ou em dois para carga completa disponí-veis em companhias de táxi. “Faço em média dez viagens por dia e percorro cerca de 200 quilômetros”, diz o taxista Alberto de Jesus Ribeiro.
Toda noite, o veículo é deixado no pátio da empresa Sampa Táxi, onde permanece carregando por oito horas seguidas. Entre uma viagem e outra, sempre que necessário, Ribeiro faz o abastecimento de meia hora. Por enquanto, não precisa pagar nem o aluguel do automóvel nem os 9 reais pela carga máxima na máquina com potência similar à de um motor 1.8. Para o passageiro, o valor da corrida não muda: a bandeirada permanece 4,10 reais. “Quando o usuário descobre que o preço é o mesmo, mas que polui menos, acaba optando pelo elétrico”, afirma Ribeiro.