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Conheça o trabalho dos stand-ins, os atores substitutos

A função, que começou a ganhar espaço no início dos anos 2000 com os musicais, agora é comum em diversas peças

Por Livia Deodato
Atualizado em 1 jun 2017, 17h48 - Publicado em 8 mar 2013, 21h00

Até os anos 2000, quando um ator ficava impossibilitado de se apresentar numa peça por algum motivo, o espetáculo simplesmente não acontecia. O público tinha três opções: voltar para casa, trocar o seu ingresso para outra data ou pegar o seu dinheiro de volta. Com a chegada dos musicais da Broadway, isso mudou. Grandes produções, com investimentos altíssimos, não poderiam deixar de se apresentar (e de faturar) nem por um único dia. A mudança desse panorama trouxe uma nova cultura que fez o elenco crescer com a chegada dos stand-ins e swingers, os atores substitutos.

Antes de começar a apresentar a rotina destes profissionais, vale explicar a diferença: stand-in é o responsável por um único papel, geralmente protagonista da trama; swinger é o ator que se ocupa de mais de um papel na mesma história, geralmente fazendo parte do coro ou pequenas aparições, de personagens com poucas falas.

Alê Pessoa, de 30 anos, sabe bem como é o dia a dia nos dois casos. Há pelo menos oito anos ele trabalha como stand-in e swinger em grandes espetáculos. Em Lampião e Lancelote, cuja estreia está prevista para o dia 14 no Teatro do Sesi, Alê dá vida a um dos cangaceiros do bando de Lampião (parte do coro, função de swinger) e vai substituir Leonardo Miggiorin no papel de Lancelote (stand-in), quando ele não puder comparecer.

“À princípio, o papel de stand-in é observar e só depois atuar”, diz Ale. A criação é do primeiro ator, mas é claro que diferenças inevitáveis vão acabar aparecendo nas duas intepretações. Alê, por exemplo, acha que Leonardo Miggiorin faz um Lancelote muito mais delicado e poético. “Eu sou meio bronco e acho que peso um pouco na figura do protagonista”, faz a autocrítica. Mas o mais importante, considera ele, “é captar tudo o que o diretor [no caso, Debora Dubois] está pedindo para reproduzir com fidelidade a essência do mesmo personagem”.

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Alê Pessoa participa da montagem do musical brasileiro desde o início, diferentemente de Diogo Camargos. O mineiro de 27 anos foi convidado para ser stand-in do personagem de Sergio Marone em Escravas do Amor, prevista para estrear também no dia 14 de março no Sesc Santo Amaro, quando o espetáculo já havia sido criado e montado. “Recebi o texto em casa e um DVD, com a peça filmada. Naquele momento, além de decorar o texto, já fui me ambientando com as marcas [de cena]”, conta.

Diogo acredita que a criação do personagem pelo primeiro ator deve ser respeitada para que nem o público, nem os outros atores, sintam diferença. “Traz toda uma responsabilidade, entrar no meio de um elenco que já tem uma ‘química’. Eu não posso atrapalhar e tenho de encontrar uma forma de estar no mesmo clima”, diz. “É uma aula de teatro poder ensaiar com o diretor João Fonseca e a Cia. Os Fodidos Privilegiados.” Agora, quanto ao fato de Marone fazer o tipo galã, Diogo não pode fazer nada além de brincar com tal porte e tentar se fazer passar também por um galã.

Rafael de Castro, de Quase Normal, stand-in
Rafael de Castro, de Quase Normal, stand-in ()
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Já o carioca Rafael de Castro, de 31 anos, e o mineiro Edgar Bustamente, 40, têm de dar conta de uma série de papéis diferentes. Em cartaz com Quase Normal, Rafael sabe de cor as falas, as marcas e as cantorias do pai da família, Dan (papel de Cristiano Gualda), e dos dois médicos (interpretados por André Dias). É a primeira vez que substitui alguém numa peça – e está achando uma experiência interessante. “Sendo ator, a gente quer estar sempre no palco”, diz.

No caso de Edgar, ele tem de dar conta de cerca de vinte personagens diferentes na peça Mistero Buffo, substituindo Domingos Montagner, atualmente em cartaz na novela Salve Jorge. “Eu sempre digo que estou ganhando pra aprender: aprimorando técnicas de palhaço e circo com a nossa diretora, Neyde Veneziano, especialista em Dario Fo, e com a dupla do La Mínima. É demais.”

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