“Se for me acompanhar na rua, vá com sapato baixo”, diz Erundina
Aos 81 anos, candidata pelo PSOL à Prefeitura de São Paulo relata suas estratégias para chegar ao segundo turno
Fora do debate promovido pela TV Bandeirantes na última segunda (22) com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, a tática de Luiza Erundina (PSOL) foi protestar na porta da emissora em cima de um carro de som e, na sequência, entrar ao vivo em sua página no Facebook comentando o debate.
A estratégia surtiu efeito, ao menos nas redes sociais: as postagens sobre ela no Twitter chegaram a 3 682, superando as de Russomano, líder nas pesquisas de intenção de voto, com 2 969, segundo levantamento do Laboratório de Estudos Sobre Imagem e Cibercultura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo. “A comoção em torno do movimento #queremosErundinanosDebates trouxe muito mais engajamento”, explica Fábio Malini, coordenador do Labic.
Na última quinta (25), o Supremo Tribunal Federal liberou a inclusão dos partidos menores nos debates. Ou seja, a partir de agora, Erundina poderá participar dos eventos. Com apenas 10 segundos no horário eleitoral gratuito na TV, a candidata também está apostando suas fichas na mobilização nas redes sociais e gastando muita sola nas ruas para chegar ao segundo turno. “Não tem hora para começar nem terminar. Se for me acompanhar tem de ir preparado, como eu, de roupa folgada e sapato baixo”, disse a VEJA SÃO PAULO a candidata de 81 anos. Confira trechos da entrevista:
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– A pesquisa Ibope de intenção de voto da última terça (23) aponta que a senhora está em 3º lugar, com 9%, empatada com o petista Fernando Haddad e o tucano João Doria (Celso Russomano é líder, com 33%, e Marta Suplicy é a segunda colocada, com 17%). O que pretende fazer para chegar ao segundo turno?
Estamos mantendo o índice, o que é muito bom. Não será fácil porque já fui excluída do primeiro debate e tenho apenas 10 segundos no horário eleitoral na televisão. Então, será um grande trabalho de mobilização na internet e nas ruas. Não tem hora para começar nem terminar. Se for me acompanhar, vá preparada, como eu, de roupa folgada e sapato baixo.
– Quais são as suas propostas para cidade?
Serão prioridades no meu governo políticas sociais, saúde e educação, com a criação de creches e mobilidade. Quero trabalhar para a tarifa zero no transporte público na cidade de forma gradativa, começando pelos fins de semana. Também vou atacar com todas as forças a questão econômica. Quero ir à Justiça discutir a dívida do município para que não tenhamos que pagar tantos juros, o que onera a cidade.
– Caso eleita, quais seriam as suas primeiras ações como prefeita?
A primeira coisa é ir às regiões administrativas da cidade e discutir o orçamento herdado. Em 2017, o orçamento do município será de 50 bilhões de reais, 4 bilhões a menos do que em 2016. Aí vamos consultar a sociedade e avaliar; não adianta sair prometendo um monte de coisa. Os investimentos caíram significativamente. Então, precisamos rediscutir as metas que estão atreladas a esse orçamento, porque tem que ser esse o ponto de partida. Só aí saberemos o que fazer com as áreas que têm mais demandas, como saúde e educação, por exemplo.
– Fernando Haddad, do PT, afirmou no debate da TV Bandeirantes que a maioria dos paulistanos aprova o sistema de saúde. O que achou dessa afirmação?
Todo mundo sabe que isso não é verdade. Pesquisa Ibope de agosto deste ano aponta que a saúde é a área que mais preocupa os paulistanos, com 78%. Perdeu-se uma chance preciosa de discutir a cidade nesse debate. Para mim não ficou absolutamente claro o que os candidatos queriam para São Paulo, não teve nenhuma proposta estrutural. Simplesmente tocaram nesses pontos de saúde, educação e mobilidade mais como uma forma de cobrar do outro, criticar o outro, colocar o outro em dificuldade, do que encontrar uma solução para esses problemas.