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Nem no shopping é possivel escapar da violência

Um dos últimos redutos que pareciam a salvo dos assaltantes, centros de compras sofrem três ataques durante a semana

Por Angela Pinho e Júlia Gouveia
Atualizado em 1 jun 2017, 17h37 - Publicado em 26 jul 2013, 19h38
arrastão-shopping-ibirapuera
arrastão-shopping-ibirapuera (Avener Prado / Folhapress/)
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Os centros de compras surgiram e proliferaram em São Paulo e em outras cidades graças ao conforto e à segurança que proporcionam a lojistas e frequentadores. Algumas ocorrências na capital, no entanto, vêm abalando um pouco essa imagem. Na madrugada da segunda (22), um assaltante chegou armado à sala de projeção do Cinemark do Shopping Interlagos. Levou de lá 42 000 reais em dinheiro. Na manhã do mesmo dia, a casa de câmbio Confidence, do Anália Franco, também passou por um sufoco semelhante. De acordo com seus administradores, a ação, promovida por um casal, durou dois minutos. As perdas não foram divulgadas. Na terça, por volta das10h40, um homem engravatado entrou na iPlace, loja especializada em produtos da Apple localizada no 2o piso do Villa-Lobos. Depois de pedir para ver um iPhone 5, sacou um revólver e anunciou o roubo. Três comparsas entraram em seguida e ajudaram a render seis empregados e um cliente. As vítimas foram levadas aos fundos do estabelecimento e tiveram as mãos amarradas com lacres de plástico. Enquanto isso, a gangue enchia duas mochilas e uma mala com tablets e smartphones, deixando um prejuízo estimado em 126 000 reais.

Somados os três casos da semana passada, o total de ataques aos shoppings da capital chegou a seis neste mês. No início da noite do último dia 2, o alvo havia sido a joalheria Sayegh, no Morumbi Shopping. Horas depois da ocorrência, a polícia encontrou a maior parte das joias roubadas em um carro abandonado pelos bandidos na Marginal Pinheiros, não se sabe ainda por qual motivo. No dia seguinte, criminosos assaltaram uma revendedora da Apple no Pátio Paulista.  

No dia 12, foi a vez de duas joalherias no Ibirapuera. Por volta das 17h30, um casal chegou à The Graces e dominou uma funcionária, mostrando o que seria uma banana de dinamite. Pessoas que estavam passando em frente à loja naquele momento perceberam a situação e chamaram a segurança, mas era tarde. Integrantes do bando já tinham saqueado, simultaneamente, a Monte Carlo, no mesmo centro de compras. Segundo os investigadores responsáveis pelos casos, os ladrões ficaram cerca de um minuto e meio em cada loja.

De acordo com a polícia, uma quadrilha especializada pode estar por trás dos roubos recentes ao Morumbi e ao Ibirapuera. “A hipótese é que ela tenha entre quinze e vinte integrantes, divididos em várias funções, de anunciar o assalto a dirigir o carrona fuga”, afirma o delegado Roberto Afonso da Silva, do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic). Os outros episódios, aparentemente, não têm ligação entre si.

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+ Joalheria do Shopping Ibirapuera é assaltada duas vezes em menos de 30 dias

No caso do Villa-Lobos, o circuito interno de câmeras de vídeo flagrou possíveis membros da gangue deixando o lugar. Até o fim da tarde da quinta passada (25), porém, os suspeitos não haviam sido localizados. Na opinião do delegado Antonio Olim, também da equipe do Deic, a comodidade proporcionada pelos empreendimentos é que tem, ironicamente, atraído delinquentes para essa área. “São locais com dinheiro e diversas rotas de fuga, em que os seguranças não podem reagir para não pôr em risco outros frequentadores ou causar pânico”, explica.

Só na capital são 53 empreendimentos do gênero, que, em 2012, receberam mais de 45 milhões de visitantes. “Precisamos quanto antes entender o que está ocorrendo para poder agir”, afirma Luís Augusto Ildefonso da Silva, diretor da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Desde 2010, quando o Cidade Jardim foi assaltado duas vezes em menos de um mês, a entidade passou a organizar fóruns anuais para uniformizar os procedimentos de segurança entre os estabelecimentos do país.  

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arrastão-morumbi-shopping ()

Segundo Silva, as medidas tomadas são sigilosas. “Hoje a questão da segurança é a segunda principal despesa de um shopping, atrás apenas dos gastos com energia elétrica”, afirma. Os especialistas no assunto entendem que alguns projetos nascem com falhas de planejamento. “Já houve caso em que o estabelecimento instalou o sistema de monitoramento interno antes de fazer o paisagismo”, conta Hugo Tisaka, consultor de segurança da NSA Brasil, uma das principais empresas do setor no país. “O resultado disso: as plantas encobriam os equipamentos.”

As empresas responsáveis pelos empreendimentos começaram a pensar em formas de incrementar o pacote de segurança. “Muitas delas solicitaram reforços e querem investir ainda mais em tecnologia”, conta Amarildo Moraes, gerente operacional da Verzani & Sandrini, companhia que cuida da segurança de cerca de 50 shoppings em todo o estado, incluindo o Villa-Lobos. Entre as tendências do setor, ele destaca o uso de equipamentos que captam imagens digitais — eles permitiram, por exemplo, visualizar com clareza o rosto dos bandidos durante a ação da terça passada no centro de compras da Zona Oeste.

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“O problema é que, cada vez mais, a impunidade aumenta a ousadia dos ladrões, que não se intimidam em mostrar a cara para as câmeras”, lamenta Moraes. Todos esses roubos causaram prejuízos aos comerciantes atingidos, mas, levando-se em conta o vasto universo dos shoppings paulistanos, com um total de mais de 12 000 lojas, o porcentual dos estabelecimentos roubados é ínfimo. E, felizmente, não houve uma única vítima até agora.

Quinze minutos de terror

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Como ocorreu a ação na última terça-feira (23) no Villa-Lobos

1 Por volta das 10h40, um homem com terno e gravata entra na loja iPlace e diz que quer comprar um iPhone 5.

2 Quando um funcionário vai atendê-lo, ele saca uma arma e anuncia o roubo. Outros três comparsas entram na loja.

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3 A gangue leva os seis funcionários que estavam na loja e um cliente para uma sala nos fundos. Eles têm as mãos amarradas com lacres de plástico.

4 Os criminosos pegam quarenta iPhones 5 e vinte iPads e os colocam em duas mochilas e numa pequena mala. Os celulares dos funcionários e do cliente também são roubados.

5 Às 10h55, os assaltantes saem a pé de lá. Suas imagens ficam registradas no circuito de câmeras de segurança do shopping

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