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Donos de shoppings cogitam fechar as portas em dias de rolezinhos

Representantes dos estabelecimentos se reuniram nesta quarta (15); movimentos sociais programam protestos 

Por Luan Flavio Freires
Atualizado em 5 dez 2016, 15h19 - Publicado em 15 jan 2014, 21h47

Cerca de 70 representantes de shoppings de São Paulo e de cidades como Guarulhos, São Bernardo do Campo, São Caetano e Taboão da Serra se reuniram nesta quarta (15) em um hotel da Zona Sul da capital para se preparar para a onda de rolezinhos e protestos marcados para os próximos dias em diversos estabelecimentos.

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Entre as medidas de segurança que serão adotadas estão o possível pedido a supermercados do entorno dos shoppings para que dificultem a venda de bebidas alcoólicas para os jovens, a solicitação do auxílio da polícia e dos bombeiros e o aumento do número de seguranças de cada shopping. Além disso, não foi descartada a possibilidade de fechar as portas e restringir a entrada nos dias dos rolezinhos.

“Pode ser que se parta para essa solução caso o movimento se torne agressivo e surja algum clima de ilegalidade e vandalismo”, afirmou Luiz Fernando Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers. Segundo ele, o pedido na Justiça de liminares que impeçam a entrada dos jovens foi praticamente descartado. “Isso não foi discutido aqui hoje.”

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Outro temor dos representantes dos shoppings é a politização dos rolezinhos, transformando esses atos em protestos semelhantes aos que aconteceram na cidade no ano passado. “Cachorro mordido por cobra tem medo até de linguiça.”

Há dezenas de páginas no Facebook organizando outros rolezinhos para os próximos dias. No sábado (18), o alvo será o Shopping JK Iguatemi. O evento é organizado pela Uneafro e já conta com mais de 3 000 confirmados. Douglas Belchior, membro da instituição há seis anos e um dos organizadores do encontro, admitiu que a ação nada tem relação direta com os organizadores dos rolezinhos, que, a princípio, são apenas grandes encontros entre jovens da periferia dentro dos shoppings. “Não há ligação direta com os garotos, mas nós estamos defendendo a liberdade deles.”

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Belchior afirma que os movimentos sociais se apropriaram da causa depois da repressão policial, de caráter “discriminatório, preconceituoso e racista”. Para ele, os roubos registrados durante os rolezinhos são “ações isoladas” e as confusões só ocorrem depois da repressão da polícia.

Veiga discorda. “Temos absoluta consciência e convicção de que não fazemos nenhuma discriminação”, comentou. “O shopping é um bem de propriedade privada e uso público. Entra quem quiser entrar.” A concentração do protesto de sábado acontecerá no Parque do Povo, a dois quilômetros do JK Iguatemi, e seguirá até o estabelecimento. Belchior espera que, até sexta feira, entre 10 000 e 15 000 pessoas confirmem a presença.

Em comunicado à imprensa, o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, afirmou que o rolezinho não pode ser considerado crime ou tratado como caso de polícia. Ele, que se reuniu nesta quarta com o comandante-geral da Polícia Militar, Benedito Roberto Meira, disse: “uma coisa precisa ficar muito clara: a segurança dos shoppings é privada. A PM somente deve agir se houver quebra da ordem”.

Outros dois protestos, desta vez organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), estão marcados para esta quinta-feira (16) nos shoppings Jardim Sul e Campo Limpo, ambos na Zona Sul da cidade. Eles protestam justamente contra a repressão dos rolezinhos em shoppings. “O objetivo é denunciar o apartheid imposto contra os moradores de periferia, impedindo-os de circular nos shoppings”, diz a página do Facebook do grupo. O encontro está marcado para às 17h, com início nas estações Giovanni Gronchi e Campo Limpo do metrô. 

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