Rodrigo Paiva não é o primeiro jornalista brasileiro a brigar em Copa
Diretor de comunicação da CBF tomou gancho de um jogo por ter dado um soco na cabeça do atacante chileno Pinilla
Nas quartas de final, o Brasil terá um desfalque inusitado no banco de reservas. Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF, tomou um gancho de um jogo, numa decisão anunciada na terça-feira (1º) pelo Comitê Disciplinar da Fifa.
Segundo esse órgão da entidade máxima do futebol, ele desferiu um soco no atacante Pinilla no intervalo do jogo contra o Chile. Um vídeo seria a prova da agressão. Alguns jogadores brasileiros envolvidos no mesmo imbróglio podem ser punidos. Fred, por exemplo, é suspeito de ter dado um tapa na cabeça do zagueiro Medel. Paiva admitiu a confusão, mas negou que tenha partido para a violência. “Houve confusão generalizada. O Pinilla veio e me defendi. Só empurrei”, afirmou.
Não é a primeira vez que um jornalista brasileiro envolveu-se em uma briga no Mundial. Em 1954, na Suíça, o jogo entre Brasil e Hungria, pelas quartas de final, acabou conhecido como a batalha de Berna. Na partida, mesmo tendo craques como Nilton Santos, Didi e Djalma Santos, o escrete canarinho sucumbiu por 2 a 4 contra a mítica esquadra de Kocsis, Czibor e Hidegkuti (o maior craque do time, Puskas, contundido, não atuou).
Assim que o juiz inglês Arthur Ellis soprou o apito final, começou uma briga generalizada entre os 22 jogadores. Até o franzino técnico Zezé Moreira teve seu momento de fúria. Ele segurava as chuteiras que Didi havia trocado durante o jogo quando viu um estrangeiro correndo em direção ao vestiário. Não teve dúvidas: atirou o calçado na cabeça do adversário, que vinha a ser Gustavo Sebes, ministro do Esporte da Hungria.
Um dos personagens de fora da delegação que entraram na briga foi o jornalista brasileiro Paulo Planet Buarque. Repórter de A Gazeta Esportiva, ele invadiu o gramado e aplicou uma rasteira em um policial de 130 quilos que tentava acalmar os ânimos.
O guarda caiu estatelado no campo, para delírio do público. Em sua biografia, publicada em 2003, Buarque assim recordou o episódio: “Vendo tudo de longe, meu sangue subiu à cabeça e corri para juntar-me aos brasileiros naquela batalha de Berna. Não consegui meu intento, porque fui impedido e agredido por um guarda suíço, que acabei levando ao chão com um golpe de judô”.
Ao contrário de Paiva, Buarque não recebeu qualquer tipo de punição e teve seus cinco minutos de fama. A cena foi fotografada e a imagem publicada na revista francesa Paris Match, que identificou erroneamente o responsável pela rasteira como um torcedor.
O jornalista tem hoje 86 anos e vive no bairro de Moema, em São Paulo.