Roberta Branchini monta vitrines das principais marcas de luxo
Especialista em visual merchandising, ela atende na capital grifes como Fendi, Louis Vuitton e Gucci
Um breve passeio pelos corredores dos shoppings de luxo da capital pode ser uma experiência de encher os olhos. Isso se deve principalmente às vitrines de marcas estrangeiras de alto padrão, que alçam os produtos quase ao status de obras de arte (alguns deles têm, inclusive, preços que fazem jus a essa comparação). A paulistana Roberta Branchini é responsável por cuidar das fachadas de grifes como Louis Vuitton, Gucci, Versace, Fendi, Dolce & Gabbana e Tod’s, instaladas em centros de compras como Iguatemi, JK Iguatemi e Cidade Jardim. Ela é especialista em visual merchandising, estratégia de marketing que tem como objetivo deixar os itens mais cobiçáveis aos olhos dos consumidores, a partir, por exemplo, de sua disposição nas prateleiras. “Tento estimular a interação entre o cliente e a marca”, define. “É a partir desse estímulo que a pessoa decide se vai entrar ou não no estabelecimento.”
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A execução de um serviço como esse pode demorar dois meses e custar até 200 000 reais. Por isso, os níveis de exigência são altíssimos. O telefone da profissional, que fala cinco línguas, toca o dia inteiro. De três a seis pessoas passam a madrugada montando os cenários. Às 10 horas, momento em que os shoppings abrem as portas, o resultado deve estar impecável. Certa vez, um funcionário pisou no teto de gesso de uma loja e um pedaço desabou. Foi necessário remendá-lo às pressas. O ambiente das vitrines de negócios de luxo é trocado de três em três meses e os produtos, em média, a cada três semanas. “Esse período prolongado se mostra importante para que a mensagem seja fixada no inconsciente do cliente”, explica Roberta. Se um item se esgotar, deve ser substituído por um similar em cor, material ou formato.
Após se formar em negócios de moda na Universidade Anhembi Morumbi, em 2000, a profissional fez cursos de especialização nos Estados Unidos e na Europa. Morou na Alemanha, na Holanda e na Dinamarca, onde acumulou experiência durante uma década na área, além de engordar sua lista de contatos. Quando voltou ao Brasil, começou uma jornada de quase dois anos na Louis Vuitton. Em setembro do ano passado, saiu de lá para abrir sua própria empresa, a B.able. Iniciou também uma parceria com a arquiteta Debora Chorovsky, sócia da Fotosfera, empresa requisitada para comunicação visual, com clientela como Dior e Salvatore Ferragamo. Juntas, elas são responsáveis pelas vitrines das principais marcas estrangeiras glamourosas instaladas no país.
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Grifes dessa grandeza têm uma reputação global a zelar (a mesma fachada que você vê aqui também deve estar agora no Japão, por exemplo). Por isso, muito tempo e dinheiro são empregados nos projetos, desenvolvidos nas sedes das marcas. Roberta os recebe e precisa montá-los sem erros, junto de uma equipe de arquitetos e artesãos, com a adaptação de ideias e materiais, se necessário. Tudo deve se alinhar com o perfil da freguesia local. Por exemplo, de segunda a quarta, os shoppings paulistanos de alto padrão costumam receber o público mais refinado e gastão. Então, pode ser escolhida para exposição uma bolsa de couro. Nos outros dias, pinta pelos corredores um pessoal mais disposto a passear do que a abrir a carteira. Aí, a ocasião pede um acessório de lona repleto de logomarcas, por exemplo. “A área de visual merchandising está crescendo muito por aqui”, afirma Juliana Frasson, professora de um curso sobre o assunto no Centro Universitário Belas Artes. “Os comerciantes estão começando a perceber o impacto que isso pode ter na imagem e no faturamento de seus negócios.” As vitrines às vezes agradam tanto que os clientes deixam seu nome em listas de espera para adquirir os itens do cenário. Em vão. Tudo é destruído depois da desmontagem, como manda o manual da exclusividade do luxo.
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