As lojas que promovem uma verdadeira guerra de tijolos
Preços e vantagens oferecidos pelos maiores estabelecimentos do setor de construção
Em um passado não muito distante, quem precisava comprar material de construção era obrigado a frequentar lojas acanhadas, feias e com péssimo atendimento. Aos poucos, esse negócio passou a ser dominado por grandes cadeias que profissionalizaram a área e estabeleceram um novo padrão no mercado. Algumas redes chegam a reunir hoje cerca de 65 000 itens em suas gôndolas (sim, isso mesmo, 65 000 artigos!). As ofertas vão de lâmpadas a banheiras de hidromassagem.
Em São Paulo, quatro grandes empresas (C&C, Dicico, Leroy Merlin e Telhanorte) travam uma acirrada disputa pelos consumidores, multiplicando a oferta de serviços e caprichando na política de preços. Um levantamento realizado por VEJA SÃO PAULO em 18 e 19 de fevereiro apontou qual delas tem as maiores pechinchas. Foram pesquisados 24 itens, entre os mais procurados pela clientela. A cadeia francesa Leroy Merlin saiu-se melhor, apresentando os valores mais baixos em dez dos produtos. Em vários deles, a vantagem em relação às concorrentes chegou a 5%, índice nada desprezível quando se pensa no montante de dinheiro gasto em material durante uma reforma. “Além de ganhar no preço, a Leroy aposta na oferta de uma ampla variedade de itens, atrativo muito importante para o consumidor”, diz Cláudio Conz, da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Em segundo lugar no teste do preço de VEJA SÃO PAULO, a Dicico pecou justamente pela variedade de mercadorias. No dia da apuração, sete produtos não foram encontrados.
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Segundo levantamento da Anamaco, a Leroy é a maior rede de material de construção do Brasil. Foi inaugurada em 1998 e emprega atualmente 7 000 pessoas. Entre seus atrativos no campo dos serviços, está um sistema de drive-thru, disponível na unidade Raposo Tavares. O cliente entra com seu automóvel e se abastece com a ajuda dos funcionários sem ter de estacionar. Nos demais cinco endereços da cidade, é possível solicitar auxílio para criar tons de tinta e confeccionar cortinas e molduras. Há ainda corte de madeira e de vidro sob medida. Designers criam projetos de reforma, decoração, iluminação e montagem de cozinhas com cálculo dos materiais necessários. Realiza vendas por telefone, mas não via internet.
A terceira colocada na pesquisa foi a C&C. Ela está em segundo lugar no ranking da Anamaco das maiores empresas do setor e faz parte do grupo Alfa Participações. A exemplo da Leroy, a C&C vem procurando diversificar os serviços prestados aos fregueses. Quem quer reformar mas não tem boas indicações de mão de obra pode recorrer ao seu cadastro de profissionais. A C&C fez um levantamento das áreas em que seus clientes tinham mais dificuldade de encontrar profissionais qualificados. A partir daí, criou um banco de prestadores de serviços de reforma e instalação de piso e revestimento, aquecedores, banheiras, ventiladores, ar-condicionado, persianas e equipamentos de vigilância, entre outros. As unidades (são catorze na capital) dão consultoria gratuita com arquitetos da rede, que auxiliam na escolha dos materiais. O setor de revestimentos dá orientação acerca dos melhores recortes e faz o planejamento da quantidade necessária para a compra. Há ainda cursos gratuitos destinados a profissionais e clientes. Neste canal, um fórum de internautas ajuda a esclarecer as dúvidas.
Criada em 1976, a terceira maior rede do país, a Telhanorte, pertence desde 2000 ao grupo francês Saint-Gobain. De suas treze lojas em São Paulo, duas são direcionadas para nichos de mercado. A Pro Telhanorte, na Marginal Tietê, tem produtos especializados para profissionais da construção. A Telhanorte Conceito, nos Jardins, investe em itens mais sofisticados. No site da empresa, há canais para calcular a quantidade de tinta, piso e revestimento necessária em cada projeto. Para março, está previsto o lançamento do serviço Turma do Conserto, espécie de pau para toda obra, com três tipos de plano (de 16,90 a 24,90 reais), que oferece revisão de instalação elétrica, troca de lâmpada, chaveiro, soluções de hidráulica e elétrica e até mesmo ajuda na mudança e guarda-móveis.
Já a Dicico foi fundada pelo imigrante italiano Virgílio Di Cicco em 1918 e cresceu ao longo das décadas até ser adquirida, em 1999, pelo grupo Markinvest. Na capital, conta com treze lojas e um outlet em São Miguel Paulista, na Zona Leste. Segundo estudo da Anamaco, é a quarta maior varejista do país no setor e a única entre as quatro maiores a atuar apenas no estado de São Paulo, empregando 4 700 funcionários. Entre as facilidades oferecidas, permite aos clientes que têm grande urgência comprar o produto em qualquer uma das unidades. Caso o item não esteja disponível no local, pode ser retirado no mesmo dia no centro de distribuição da rede, em Guarulhos.