Com início pacífico, terceiro ato contra a Copa termina em quebra-quebra na Av. Paulista
Protesto reuniu cerca de 1 500 manifestantes e bloqueou algumas das principais avenidas da cidade; 1 700 policiais acompanharam a marcha, muitos estavam sem identificação nos uniformes
Após um início pacífico, a terceira manifestação contra a realização da Copa do Mundo, que concentrou cerca de 1 500 pessoas, segundo a Polícia Militar, registrou quebra-quebra e um princípio de tumulto ao chegar à Avenida Paulista, que ficou bloqueada nos dois sentidos, na noite desta quinta-feira (13).
Um grupo de manifestantes quebrou os vidros de uma agência do Banco do Brasil, próxima ao Masp. Policiais formaram cordões de isolamento em frente a uma loja da rede Starbucks para evitar que também fosse depredada. Estações do metrô foram fechadas e usuários foram impedidos momentaneamente de sair. A Tropa de Choque chegou a formar uma barreira para impedir a passagem da marcha no sentido Paraíso, mas acabou abrindo caminho.
De acordo com a polícia, um manifestante que levava um estilingue e esferas de aço foi detido. Outros dois manifestantes foram levados ao 14º DP, em Pinheiros, e mais três foram encaminhados ao 78º DP. A polícia ainda não divulgou se eles continuam detidos.
A PM estima que cerca de 200 pessoas seguiram até a Praça da Sé, onde o protesto terminou.
Não há relatos sobre feridos durante o protesto. Após a liberação da Av. Paulista para o trânsito, por volta das 22h20, um grupo menor seguiu em direção à Avenida 23 de Maio.
Concentração
Cercados por um forte aparato policial, os manifestantes, que se concentraram no fim da tarde no Largo do Batata, chegaram a bloquear as avenidas Faria Lima e Rebouças, em Pinheiros. Cerca de 1 700 homens, segundo a Polícia Militar, acompanham a marcha. Este foi o terceiro ato com o tema “Não vai ter Copa” – o primeiro aconteceu em 25 de janeiro e o segundo, em 22 de fevereiro. Em meio à multidão, havia integrantes de movimentos sociais e centrais sindicais, como da UNE (União Nacional dos Estudantes), da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) e do Movimento Passe Livre, além de alguns manifestantes mascarados.
Cerca de 13 000 pessoas confirmaram presença no evento pelo Facebook. Empresas da região começaram a liberar seus funcionários por volta das 17 horas.
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Os policiais estavam divididos entre a cavalaria, a Tropa de Choque e a chamada “tropa do braço”, contingente da corporação especializado em artes marciais que vai aos atos sem armas. Muitos circulavam sem identificação nos uniformes -o que é obrigatório. Questionados, alguns disseram que não houve tempo para confeccionar as faixas com seus nomes.
Apesar de não ter ocorrido nenhum incidente mais grave, o clima já na concentração, no Largo do Batata, era tenso. Manifestantes que gritavam palavras de ordem, questionaram policiais: “Cadê o meu direito à livre manifestação?” Ao que alguns PMs responderam, com cacetetes em punho: “Está aqui na minha mão”. Muitos estão munidos com balas de borracha. “A gente está preparado para qualquer ato de violência que possa acontecer. Em quase todas as manifestações anteriores com presença de black blocs houve depredações e atos de violência”, disse o comandante da operação, coronel Eduardo Almeida, pouco antes do início da marcha.
Um dos organizadores do movimento, Paulo Spina, do Fórum Popular da Saúde, disse que tentou dialogar com os policiais mas não foi recebido. Segundo ele, vários coletivos já organizam um próximo ato, previsto para o dia 27 na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.
Outros protestos
A primeira manifestação com esse mote ficou marcada pela violência. Um fusca pegou fogo com uma família dentro logo após passar por um colchão em chamas. O fogo foi ateado por black blocs, que também quebraram bancos, vidraças de prédios residenciais e ônibus. Por fim, foram encurralados em um hotel na Rua Augusta e levados à delegacia. Um manifestante, Fabrício Chaves, levou dois tiros de policiais.
No segundo protesto, em 22 de fevereiro, 262 pessoas foram detidas. A PM usou a tática do “kettling” (chaleira, em inglês), cercando manifestantes preventivamente, antes que qualquer distúrbio ocorresse. Jornalistas também acabaram detidos e agredidos
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