Pavilhão das Culturas Brasileiras é novo museu no Ibirapuera
Prédio do museu é um projeto de Oscar Niemeyer e possui 11 000 metros quadrados - ganhará auditório, biblioteca, café, reserva técnica e uma área de exposições
Inaugurado em 1954, o Parque do Ibirapuera foi um presente e tanto para a cidade no ano de seu quarto centenário. À época, as belíssimas construções do complexo projetadas por Oscar Niemeyer sediaram algumas das comemorações. O Pavilhão Engenheiro Armando de Arruda Pereira, perto do lago, abrigou a Exposição Interamericana de Artes e Técnicas Populares e recebeu grupos típicos de diversos estados brasileiros. Com o passar do tempo, o edifício perdeu sua função artística inicial e assumiu outra, bem mais burocrática. No início da década de 70, a Companhia de Processamento de Dados do Município (Prodam) instalou-se no local, de onde sairia apenas em 2005. Nas mãos da Secretaria Municipal de Cultura desde então, o local tinha futuro incerto. Cogitou-se levar para lá o Museu de Arte Moderna (MAM), também localizado no Ibirapuera, ou o Museu de Arte Contemporânea (MAC), que acabou ficando com o imóvel no qual até o ano passado funcionou o Detran.
Acervo Escritório de Arte James Lisboa
Altar do Sacrifício, do sergipano Antonio Maia: tela cedida para a exposição
Agora, finalmente, o impasse chegou ao fim. No próximo domingo (11), a abertura da exposição Puras Misturas lança o Pavilhão das Culturas Brasileiras. “Trata-se de um museu único no país”, afirma a curadora Adélia Borges, que se dedica à concepção do projeto há três anos. “Nossa proposta é apresentar a cultura brasileira em suas diferentes formas, da arte indígena ao grafite e à tatuagem, do artesanato ao design atual…” Uma linha do tempo composta de objetos, imagens e textos representará essa pluralidade. O início do painel mostrará a Missão de Pesquisas Folclóricas, coordenada pelo escritor Mário de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura da cidade, em 1938. Documentos, fotografias e registros sonoros captados Brasil afora pela expedição integram agora o acervo do Pavilhão, bem como a coleção de cerca de 16 000 itens do extinto Museu de Folclore Rossini Tavares de Li ma. “Também estamos adquirindo novas peças para tornar nosso acervo mais harmonioso”, diz Carlos Augusto Calil, secretário municipal de Cultura.
Obras populares de artistas menos conhecidos dividirão espaço com trabalhos de nomes tão relevantes quanto Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Victor Brecheret. “Essa primeira exposição indicará os rumos das mostras futuras”, afirma a curadora adjunta Cristiana Barreto. Quando a mostra chegar ao fim, em 12 de setembro, o local passará por uma reforma com duração de, no mínimo, um ano e meio. “Encontramos um bom destino para o prédio”, acredita Calil. “Não gostaria de esperar tanto tempo para anunciar a novidade.” Com orçamento estimado em 23 milhões de reais — gasto que, segundo o secretário, deve ser dividido entre a prefeitura e os governos estadual e federal —, a revitalização contemplará boa parte da estrutura do edifício, tombado pelo patrimônio histórico.
Romulo Fialdini
A escultura Luta dos Índios Kalapalos, de Victor Brecheret
“Após décadas de mau uso, precisaremos devolver ao projeto de Niemeyer suas características originais”, afirma o arquiteto Pedro Mendes da Rocha. Quando finalizado, o imóvel de 11 000 metros quadrados ganhará auditório, biblioteca, café, reserva técnica e uma área de exposições que ocupará 6 780 metros quadrados. O Pavilhão das Culturas Brasileiras vem para completar o circuito das artes no Ibirapuera, formado por Bienal, MAC, MAM, Oca, Museu Afro Brasil e Auditório Ibirapuera. Um parque para respirar arte e ar fresco.