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“Nem tive cabeça para oração”, diz padre baleado no metrô

Wilson Pereira dos Santos, de 35 anos, foi atingido em arrastão

Por Nataly Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 12h25 - Publicado em 4 jun 2015, 12h56
Padre Wilson Pereira
Padre Wilson Pereira (Reprodução/Facebook/)
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Cerca de vinte pessoas, entre elas um cadeirante, estavam no vagão da Linha 1-Azul durante um arrastão que terminou com uma pessoa baleada no Metrô de São Paulo. Quem conta a história é o padre Wilson Pereira dos Santos, de 35 anos, atingido de raspão tiro. “Entreguei o celular sem esboçar nenhuma reação. Não entendi porque dispararam”, conta. 

Na tarde de quarta (3), entre 14h30 e 15 horas, Santos voltava do centro de São Paulo para Lauzane Paulista, bairro da Zona Norte onde mora e celebra missas na Paróquia Nossa Senhora Aparecida e São Matias Apóstolo. A viagem seguia tranquila, com o vagão não muito cheio. Na Estação Jardim São Paulo, dois homens entraram no trem. Assim que as portas foram fechadas, anunciaram o assalto. 

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“Mandaram todo mundo entregar o celular e as pessoas saíram procurando cada uma o seu. Tirei o meu da bolsa e fiquei com ele na mão, esperando recolherem”, relata o padre. Segundo ele, até então não havia pânico, apesar da sensação de medo no ar. De pé, fitando o chão, Santos esticou a mão e entregou o aparelho. “Evitei ficar olhando muito para eles”. 

O padre não consegue precisar o que aconteceu para que um dos bandidos atirasse. “Acho que ele se atrapalhou em algum momento, ficou nervoso. Não sei nem se ele apontou a arma para mim ou se foi para o chão. De repente, ele disparou e senti a perna”. Depois do tiro, aí sim, houve tumulto no vagão. Um homem de cadeira de rodas ficou especialmente agitado. 

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Ao chegar na próxima estação, Parada Inglesa, a dupla foi embora. “Se alguém for atrás, a gente atira”, alertou um dos criminosos. Ninguém saiu imediatamente, mas alguns passageiros seguraram as portas do metrô para evitar que o trem andasse e muitos começaram a descer. A segurança do Metrô foi acionada e as pessoas foram ao 39º DP para registrar o boletim de ocorrência do arrastão. 

O religioso recebeu ajuda de duas pessoas que também foram vítimas do roubo, além de funcionários da estação, que o levaram para o Hospital São Camilo em Santana, na Zona Norte. Lá, os médicos viram que apenas estilhaços da bala atingiram a perna direita de Santos, liberando-o em seguida. 

Em um momento de extrema tensão, será que o padre conseguiu rezar? “Na hora, não dá para ter cabeça para oração. Você fica preocupado com os outros”. Santos, porém, não vai deixar de agradecer. Nesta quinta (4), volta ao batente com uma missa de Corpus Christi. 

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Segurança no Metrô

Questionado, o Metrô de São Paulo afirmou que, em 2014, registrou “apenas 0,9 ocorrências para cada milhão de passageiros transportados”, índice abaixo do padrão internacional de 1,5 ocorrências por milhão de usuários. “A companhia conta com 1 300 agentes de segurança, que atuam por meio de rondas (não em pontos fixos), uniformizados e à paisana, e mais de 3 500 câmeras no monitoramento de estações e trens”. 

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