Continua após publicidade

Gijo, o mestre dos embutidos

Há 62 anos na Vila Mariana, Luiz Trozzi comercializa 21 tipos de linguiça produzidas artesanalmente

Por Isabella Villalba
Atualizado em 1 jun 2017, 18h28 - Publicado em 12 ago 2011, 20h40

No meio de um quarteirão tranquilo da Rua Doutor Pinto Ferraz, na Vila Mariana, o movimento na porta de um acanhado ponto comercial chama atenção. Durante muito tempo figurou na entrada uma placa feita a mão que não deixava dúvida sobre a especialidade da casa e a “modéstia” do proprietário. “As melhores linguiças do mundo”, lia-se no letreiro. A maioria dos fregueses nunca achou a coisa exagerada, mas o cartaz acabou sendo retirado porque se revelou desnecessário depois que a fama do local correu a cidade no marketing boca a boca. Alguns dos clientes chegam hoje a atravessar a capital em busca dos produtos ali vendidos há 62 anos.

+ Harry Pisek: salsichas de chef em Campos do Jordão

+ Receita de linguiça calabresa e gorgonzola do Astor

São 21 receitas do embutido, todas de produção artesanal, supervisionada diretamente pelo dono do negócio, Luiz Trozzi, mais conhecido como Gijo. Na lista de suas invenções há calabresas que levam recheios de queijo provolone e tomate seco ou de oito tipos de ervas. “Desafio quem faça algo melhor”, diz o simpático comerciante de 79 anos. De óculos escuros e trajando calças e sapatos brancos, parece um personagem da saga “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola.

Continua após a publicidade

Nascido no Bixiga e neto de italianos, Gijo dá expediente no ambiente decorado com dezenas de quadros com fotos da família, de Jesus Cristo e de vários santos (ele é devoto de São Luís Gonzaga, padroeiro da juventude). O lojista trabalhava com o pai desde os 8 anos de idade e herdou dele o negócio, no fim da década de 40. “Fico aqui desde quando tinha a altura do balcão”, diz ele. Começou vendendo os três sabores tradicionais: calabresa, calabresa com pimenta e toscana. Aos poucos, foi ampliando o cardápio, apreciado atualmente por gente como a apresentadora Hebe Camargo e o chef Alex Atala. “No Brasil, temos grandes linguiceiros, mas nenhum tem tanto apreço pela perfeição quanto ele”, elogia o restaurateur Massimo Ferrari, cliente e amigo há quarenta anos. Recentemente, Gijo foi a estrela do programa de gastronomia de Olivier Anquier, o “Diário do Olivier”, exibido pelo canal pago GNT. Os dois se deram tão bem na gravação que ficaram próximos e conversam até hoje.

O mestre dos embutidos trabalha doze horas por dia e jura que nunca tirou férias. Sua rotina é preenchida pelo atendimento ao público e pela supervisão da produção. Até meados dos anos 70, fabricava os produtos no próprio açougue que mantinha atrás da loja. Atualmente, isso fica a cargo de frigoríficos parceiros, que executam suas receitas.

Luiz Trozzi com Olivier anquier - o mestre dos embutidos - perfil - 2230
Luiz Trozzi com Olivier anquier – o mestre dos embutidos – perfil – 2230 ()
Continua após a publicidade

Parte das delícias acaba bem longe dali. Há exportações regulares para todos os países da América do Sul, além de Japão, Bélgica e Estados Unidos, entre outros. A lista não para de aumentar. “No ano passado, um coreano me viu na televisão e queria provar de qualquer jeito as coisas do meu cardápio”, conta Gijo. “Ele pegou um voo para o Brasil, apareceu aqui e adorou tudo.”

+ Bar Botiquinho serve bons petiscos

+ Xaveco Virtual: nossa ferramenta para paquerar no Twitter

Continua após a publicidade

Nas raras horas de folga, ele gosta de apostar em cavalos, fazer pescarias e ver da poltrona de sua casa os jogos do Palmeiras. Viúvo desde 1997, tem duas filhas. Mas, para sua decepção, nenhuma delas seguiu a carreira (uma é médica e a outra, psicóloga). O único funcionário que ele tem é o neto Luiz Trozzi Lancellotti de Jesus, de 23 anos. Estaria o rapaz sendo preparado para que o negócio continue vivo e nas mãos da família? Seu mentor não parece apostar muito nisso. “O sucesso daqui não vem só da receita, é o modo de preparo que influencia e o meu jeito de trabalhar”, afirma Gijo. “Quando eu morrer, a melhor linguiça do mundo acaba também.”

O REI DA CALABRESA

Fatos e curiosidades da trajetória do comerciante

Continua após a publicidade

Idade: 79 anos

Natural: de São Paulo (nasceu no bairro do Bixiga e é filho de um italiano e de uma brasileira)

Especialidades de linguiça no cardápio: 21

Continua após a publicidade

Vendas por mês: 1 tonelada

Total de funcionários: 1 (o neto, que trabalha como ajudante)

Alguns clientes: Hebe Camargo, Olivier Anquier, Massimo Ferrari e Fausto Silva

País para onde exporta: Coreia do Sul, Argentina, Bélgica e Estados Unidos

Hobbies: turfe, pescaria, dança e jogos do Palmeiras

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.