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Na Mooca, o dialeto é mooquês

Como nasceu o jeito de falar cantado e “italianado” dos moradores

Por Bruno Favoretto
Atualizado em 5 dez 2016, 18h02 - Publicado em 4 jun 2011, 00h50

Apesar de ter recebido muitos espanhóis e portugueses, a maior parte dos imigrantes que se instalaram na Mooca entre o fim do século XIX e o início do XX veio da Itália, consolidando a cultura da “Bota” em toda a região. Talvez seu traço mais evidente esteja no sotaque e nas palavras: fruto da fusão de elementos dos idiomas português e italiano, os moradores acabaram criando um dialeto local, recheado de expressões como “orra, meu”.

“Esse tipo de construção é característico da massa operária que constituía a população do bairro”, explica o linguista Mauro Dunder, autor de um estudo sobre o vocabulário mooquense. Como o plural da língua italiana prevê o “i” ou o “e”, e não o “s”, os imigrantes tinham dificuldade em pronunciar essa letra no fim das palavras, o que foi incorporado pelas gerações seguintes. Por isso, até hoje, o erro de concordância no plural é uma das marcas do palavreado local.

Tanta identidade fez o vereador Juscelino Gadelha enviar ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), em 2009, um pedido de tombamento do sotaque da Mooca. O caso ainda está sendo analisado. “O objetivo é proteger o linguajar, que está se descaracterizando”, diz Gadelha. Como isso seria feito na prática? “Não consigo enxergar outra maneira que não seja a gravação da voz dos mooquenses”, arrisca Dunder.

Como opção, existem as canções dos Demônios da Garoa, além das poesias do personagem Juó Bananère, criado pelo jornalista Alexandre Marcondes Machado, que imortalizou o “cômico-macarrônico” na primeira metade do século XX. “A gente ama nosso jeito de falar, e não podemos perder essa essência”, afirma o professor Márcio Berzotti, morador da Rua da Mooca desde que nasceu, há 31 anos.

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MEEU, É O SEGUIIINTE…

Alguns clássicos da região

“Ele é longo e fesso”

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Pessoa alta e boba


“Mas que salame!”

Alguém atrapalhado

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“Vou empinar capucheta”

Soltar pipa

“Pronto, quem fala?”

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Expressão ao atender o telefone

“Que menina civetta”

Coruja, em italiano; na frase, tem conotação de espevitada

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“Esse é um guai”

Um garoto-problema

“Vou fazer cinquina na tômbola”

Completar uma linha no bingo

“Área!”

Sai!

 

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