Program, a maior rede de moda plus size do país, dobra o número de lojas
Marca inaugura outra fábrica de 1 600 metros quadrados no Brás
A estilista Mônica Moraes, com 34 anos de carreira, viaja com frequência para capitais fashion como Londres e Milão em busca de inspiração para suas quatro coleções anuais. Há uma semana, ela chegou de Nova York, outra cidade que sempre visita, com um bloquinho cheio de anotações sobre estilos em alta e peças de grife para referência. “Entre pesquisa e criação, levo noventa dias para elaborar uma nova linha”, diz ela, que é um dos principais nomes por trás da Program.
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Ainda pouco conhecida do público em geral, essa marca representa um fenômeno do mercado fashion nacional dentro de um nicho específico, o da moda feminina GG. Na praça há dezesseis anos, a empresa é líder do segmento especializado em numerações do 44 ao 54. A companhia vem passando por um forte processo de expansão. Desde 2012, dobrou de tamanho, alcançando sessenta pontos de venda em cidades como Curitiba, Salvador e Taguatinga, no Distrito Federal, onde fica a loja de maior faturamento.
Só em São Paulo são dezessete endereços, o último aberto em dezembro no Tietê Plaza Shopping. Para dar suporte ao processo de engorda da rede, a Program aplicou 2,5 milhões de reais na instalação de uma segunda fábrica no Brás, de 1 600 metros quadrados, inaugurada em março. Ela tem a mesma metragem da primeira, localizada perto dali. “O investimento foi fundamental para atender ao aumento da demanda”, explica o dono, Jean Iossephides. Agora, sua produção semanal é de 20 000 a 25 000 unidades, feitas por uma equipe de 450 profissionais.
Nascido em Atenas, na Grécia, Iossephides chegou ao Brasil na década de 50 acompanhado dos pais. Foi criado em meio às peças de roupa que o casal vendia em feiras livres. Aos poucos, a família conseguiu contratar funcionários e montar uma loja no Brás.
Herdeiro do negócio, em 1998 Iossephides resolveu voltar sua atenção para o filão chamado na época de “tamanhos especiais”. “Notei a procura por peças acima do GG e tomei a frente desse segmento”, lembra. No início, a Program operava apenas no atacado, que atualmente representa 20% do volume comercializado, em quatro estoques no Brás e no Bom Retiro. A entrada no varejo, em 2001, fez o crescimento deslanchar.
Com a ajuda do filho, Alexandre, o empresário abriu a primeira unidade no Osasco Plaza Shopping e, desde então, apostou majoritariamente em shoppings populares, como o Interlagos, que registra seu maior faturamento na capital. “Ao contrário da maioria das marcas, não queremos entrar no Iguatemi”, diz o proprietário, para quem o público de classe A renova o guarda-roupa em viagens internacionais. “Foi a classe C que mais enriqueceu e engordou nos últimos tempos, e é para ela que trabalhamos.”
Dados divulgados no início do ano pela Secretaria de Estado da Saúde mostram que 52,6% dos paulistas adultos estão acima do peso, ante a média nacional de 51%. De olho nesse mercado, a Palank, outro nome conhecido desse setor, com oito lojas, todas em São Paulo, também prepara uma reformulação. Mudará a comunicação visual, passará a lançar seis coleções por ano, em vez das quatro atuais, e ainda estuda a possibilidade de aumentar o número de endereços.
Ambas as etiquetas têm o discurso de que é preciso derrubar a ideia de que o vestuário GG precisa ser senhoril e custar uma fortuna. Na Program, os preços ficam dentro do patamar fast-fashion. A calça jeans custa 129,90 reais, enquanto as camisas de algodão saem por 169,90 reais.
“A grife tem a grande vantagem de estar presente em muitos lugares”, avalia a consultora Renata Poskus, organizadora do Fashion Weekend Plus Size. “Mas ainda vejo problemas: os provadores são pequenos, faltam peças para o público de 20 e poucos anos e linha de moda festa.” No último quesito, Iossephides anuncia: “Lançaremos modelos para casamentos e formaturas no ano que vem”.