Estuprada dentro de escola, menina pediu desculpas para a mãe
"Ela se sentia muito culpada pelo que tinha acontecido com ela. Meu medo é que tenham tirado o brilho dela", afirma mãe da vítima

“Minha primeira atitude foi cobrir a minha filha com todo o amor que eu tenho”, diz a mãe da estudante de 12 anos, estuprada por outros três adolescentes dento do banheiro de uma escola estadual na Zona Sul da cidade. “Ela só me pedia desculpas e se sentia muito culpada pelo que tinha acontecido. Nós da família estamos sofrendo muito, mas quem fecha os olhos e se lembra de tudo o que acontece é ela. Por isso continuaremos dando todo o nosso amor para que ela volte a ser contagiada por sentimentos bons”, afirma a mãe. A aluna da 7ª série do ensino fundamental da Escola Estadual Leonor Quadros, foi estuprada por cerca de 50 minutos na tarde do último dia 12. Laudo médico comprovou que a estudante ficou com ferimentos na região genital.
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Filha de família evangélica, a estudante fazia aulas de break na igreja que a família frequenta, além de participar de um grupo de dança de rua. Caseira, a menina gostava de ouvir música, assistir programas de culinária e tinha o sonho de ser psicóloga. “Meu medo é que tenham tirado o brilho da minha filha. Ela é apenas uma criança linda, sem maldade nenhuma e que agora passa o dia na cama sentindo os efeitos colaterais dos remédios que precisa tomar. O corpo dela ainda é muito frágil para tanto medicamento”, conta a mãe. Por um mês, a menina que até então era virgem, terá que ingerir coquetéis para não engravidar ou pegar doenças sexualmente transmissíveis.
Após ser estuprada, a vítima saiu do banheiro masculino por um portão que dá acesso ao pátio e procurou um inspetor. Segundo a mãe, o funcionário achou que a menina estivesse cabulando aula e a fez aguardar no local. “Nessa hora, ela desmaiou e só então a escola teve noção do que tinha acontecido.” A jovem foi colocada dentro de um ambulância do Serviço de Atendimento Médico Ambulatorial (Samu).
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Primeiro, foi levada ao Hospital Municipal Doutor Arthur Saboya, no Jabaquara, também na Zona Sul, para só depois ser encaminhada para o Hospital Pérola Byington, especializado no atendimento às vítimas de violência sexual. O caso foi registrado no 78º DP (Jardins), o mais próximo da unidade de saúde e, em seguida, encaminhado para o 97º DP (Imigrantes) que é responsável pela investigação.
A Secretaria de Estado da Educação disse que abriu uma “apuração preliminar para averiguar a conduta da direção da escola”. Para a mãe, a unidade de ensino foi omissa. “Eles tinham que ter acreditado nela na hora e chamado a polícia. Se o estupro não tivesse saído na imprensa, o caso não estaria sendo esclarecido com a mesma velocidade dos últimos dias. Bastava alguém ligar para o 190.”
Vulnerável
Apenas um dos adolescentes conhecia a vítima. Segundo a mãe, a filha disse que foi ele quem liderou o ataque e incentivou outros dois jovens a participarem do estupro. “Eles tiraram toda a roupa dela. Nessa quase uma hora que ela ficou no banheiro, em nenhum momento ela desmaiou. Infelizmente ela se lembra de tudo o que aconteceu.” Os adolescente faziam uma espécie de revezamento. Enquanto um segurava a porta, outros dois estupravam a menina.
No dia seguinte, a estudante ainda teve que voltar à escola. O diretor da unidade mostrou fotos dos meninos. A vítima reconheceu na hora, teve uma crise de choro e foi levada para casa imediatamente pela mãe e um tio. Alguns dias após o ataque, um dos jovens que participaram da agressão sexual, ainda procurou a menina no Facebook. “Ele mandou uma mensagem dizendo que não tinha sido ele. Minha filha ainda teve o sangue frio de responder, falando que olhou nos olhos dele e sabia muito bem o que o menino tinha feito.”
Nesta terça-feira (19), a jovem foi ao 97º DP prestar depoimento pela primeira vez. No local, ela fez o reconhecimento fotográfico de um dos adolescentes. Os policiais precisaram deixar os dois em ambientes separados, já que o menor chegou à delegacia enquanto a estudante ainda estava no local.
Nesta quarta-feira (20), a Polícia Civil deve encaminhar um inquérito para a Vara da Infância e Juventude, órgão responsável por pedir a internação dos adolescentes na Fundação Casa. Pouco antes do caso ser divulgado, um dos menores se mudou com a família e até agora não foi localizado.