Confira a cobertura do último dia de Lollapalooza
Os principais shows, clima dos gramados e muito mais
O show do Pearl Jam encerrou o terceiro e último dia do Lollapalooza, no Jockey Club neste domingo (31). O grupo tocou hits, como “Daughter”, “Better Man” e “Black”, para uma plateia de 60 mil pessoas. Fãs da banda aguardaram ansiosamente a apresentação desde cedo. Isso porque o show só começou às 20h55, com dez minutos de atraso. Simpático, o vocalista Eddie Vedder reconheceu o carinho. “O Brasil tem uma das melhores plateias do mundo.”
O dia começou com muito movimento nas bilheterias e, às 18h30, os organizadores do festival anunciaram que os ingressos do dia estavam esgotados. No total, foram contabilizados 170 mil frequentadores. A equipe também disse que o Lollapalooza do ano que vem ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 de abril.
Do lado de dentro, as filas estavam grandes para a roda-gigante, para comer e beber e para os banheiros. Antes das 15h, os gramados se mostravam cheios – o que não ocorreu na sexta ou no sábado.
Confira abaixo a cobertura dos principais shows do domingo (31):
- Pearl Jam – 20h45 – 23h00 (palco Cidade Jardim)
Mais simpáticos e pacientes que os fãs do Foo Fighters (atração do mesmo porte do ano passado), os fãs do Pearl Jam formaram a maioria das 60 000 pessoas que esgotaram os ingressos do domingo. Ansiosos para o começo da apresentação, que demorou uns dez minutos, reclamavam com qualquer engraçadinho que resolvesse atrapalhar a vista para o palco. Sem transmissão pela televisão (uma exigência da banda), o show de 2h15 seguiu o padrão que os fãs do grupo conhecem bem, com imagens em preto-e-branco projetadas nos telões e um repertório generoso tanto em hits quanto naquelas faixas que só o público mais dedicado conhece.
O vocalista Eddie Vedder, esbanjando carisma (como sempre), tocou as primeiras notas de “Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town”, já ganhando a partida no primeiro minuto. A primeira parte do show foi pesada, agradou os machões que eram grande parte da plateia. Estavam lá “Even Flow”, “Jeremy”, “Daughter”, “Do The Evolution”, entre outras. A segunda parte (seria um bis se todos nós já não soubessem que eles voltariam) marcou o retorno do romance. Casais se abraçavam, pais e filhos juntos se emocionaram com “Given to Fly”, “Not for You”, “Better Man” e “Black”.
Nos intervalos, Vedder lia textos em português. “Feliz Páscoa”, disse, e, depois, fez um discurso a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na terceira conversa, mais longa, fez uma homenagem aos Ramones e, em seguida, interpretou “I Believe in Miracles”. “O Brasil tem uma das melhores plateias do mundo”, elogiou, depois de ter lido uma lista de bandas que se apresentaram no festival – entre elas, Black Keys, Kaiser Chiefs e Alabama Shakes.À tarde, Stone Gossard, guitarrista do Pearl Jam, disse à VEJA SÃO PAULO que a banda só fez dois ensaios para o show de hoje no Lollapalooza, um no hotel e outro em um estúdio. “Foi uma situação de dar nos nervos, mas conseguimos definir rapidamente o repertório”, contou. O show mais recente do grupo foi em outubro do ano passado, na Europa. Ele também disse que a banda está concluindo as gravações do novo disco, ainda sem título.
Para os fãs, o presente do “coelhinho” Vedder não poderia ter sido mais completo: um show nem previsível nem aborrecido, que agradou a iniciados e ao público que comprou ingresso para matar saudades do som que tocava nas rádios no início dos anos 90. Um desfecho feliz para o Lollapalooza. (Milena Emilião e Tiago Faria).
- Hot Chip – 19h15 às 20h30 (palco Alternativo)
Indie de boate. Essa seria uma classificação possível e justa para os britânicos, que, em sua nova passagem pelo Brasil, reafirmam-se como um dos maiores nomes do estilo do momento (se é que alguém tinha dúvidas disso). Na última sexta (29), o Hot Chip fez um show incrível no Cine Joia (parte dos sides shows do Lolla). O antigo cinema se transformou em pista de dança e, como cantam, todos estavam mais do que “ready for the floor”. Hoje, no Jockey, a magia só não se repetiu porque o tempo era curto e o espaço, grande demais. Mas é quase impossível não dançar (muito) com o ritmo intenso de One Life Stand e, da sempre presente, Over and Over. Mais tímido do que no Cine Joia, Alex Taylor falou pouco, mas manteve grande parte da plateia atenta, mesmo com a proximidade do show do Pearl Jam, maior atração da noite, e da competição com a volta do Planet Hemp – que tocava no palco Butantã. (Milena Emilião)
- Major Lazer – 19h45 às 21h (palco Perry)
Diplo (sem Switch) e seus novos parceiros – Jillionaire e Walshy Fire- promoveram um baile proibidão no festival, daqueles que sua mãe não pode nem imaginar que você frequenta. O trio chegou de camisa e gravata e em poucos minutos virou a tenda de cabeça para baixo com uma sequência arrebatadora de Passinho do Volante (Ah Lelek Lek Lek), Bucky Done Gun, da M.I.A. (o primeiro sucesso da rapper anglo-cingalesa produzido por ele) e Creu, coroada com uma versão explosiva de Harlem Shake. “Tirem a camisa”, ordenaram os três já com os peitos nus, girando suas camisas suadas no alto. Muita gente seguiu os mestres. Do funk carioca ao dubstep, do dub ao dancehall, o Major Lazer mostrou também algumas produções de seu novo disco, Free the Universe, previsto para abril. Entre elas Bubble But, trilha sonora do auge da noite: dez meninas da plateia sobem ao palco e dançam com o bumbum para cima, enquanto Diplo joga dólares no ar. Nota: O som do Planet Hemp, no palco ao lado, vazou para a tenda o tempo todo. Ninguém percebeu, é claro. (Mayra Maldjian)
- Planet Hemp – 18h15 – 20h45 (palco Butantã)
Quem tem medo do Planet Hemp? Nos anos 90, a banda de rock carioca polemizava com um punhado de hits que defendiam a legalização da maconha. O retorno do grupo, que se reuniu para uma série de shows, não há de provocar reações muito explosivas. Apesar de uma ou outra provocação – BNegão chegou a gritar um “Fora, Feliciano”, mas não passou muito disso – o clima da apresentação no palco Butantã, a primeira em São Paulo em dez anos, foi de “brodagem”, de encontro despretensioso de amigos. O repertório (para não fugir do tom didático da banda, será?) relembrou cronologicamente a história do Planet Hemp, dividido em três atos, cada um deles sobre um dos discos que lançaram – antes, uma animação no telão ensinou a preparar um baseado. A primeira parte, dedicada a “Usuário” (1995), chegou a eletrizar, e por um motivo previsível: trata-se do álbum mais popular deles, com faixas como ‘Legalize Já’ e ‘Dig Dig Dig’. A estrutura do show, previsível por natureza, tem lá seus problemas: ele cai um pouco da metade para o fim, quando os hits começam a rarear e a sonoridade já muito conhecida do grupo – uma mistura de hip-hop e hardcore, com um pouco de reggae e samba – passa a provocar cansaço em vez de nostalgia. No último ato, enquanto Marcelo D2 homenageava Bezerra da Silva e Zumbi dos Palmares, entre outros, boa parte da plateia preferiu tomar rumo em direção ao palco Cidade Jardim, à espera do Pearl Jam. (Tiago Faria)
- The Hives – 18h20 às 19h13 (palco Cidade Jardim)
O clima ameno do início de noite foi generoso com os roqueiros suecos, que subiram ao palco alguns minutos atrasados vestindo fraque (ou partes do traje). O figurino preto e branco, aliás, sempre foi o “dress code” da banda de rock de garagem. Afiado no português, o incendiário vocalista Pelle Almqvist não deixou a plateia parada um segundo sequer. “Everybody, pulem!”, “Batam palmas”, “Gritem”, “Sentem no chão”, ordenou aos berros ao longo do show, andando sem parar para lá e para cá. A cartola não durou três músicas em sua cabeça suada. Para desespero dos seguranças, se enfiou inúmeras vezes no meio do público. No repertório, hit atrás de hit: Try it Again, Walk Idiot Walk, Tick Tick Boom. Atencioso, avistou um fã acenando para ele com um disco de vinil nas mãos. “Você tem caneta?”, perguntou antes de descer do palco: autografou a capa e o abraçou. Explosivo. (Mayra Maldjian)
- Kaiser Chiefs – 17h15 às 18h15 (palco Butantã)
O mais enérgico, surpreendente e vigoroso de todos os shows. Quem trocou o domingo de Páscoa com a família por um dia entre os palcos no Jockey, tem sentido fortes emoções (Neste momento, The Hives arrasa no palco principal, mas ainda é dia de Planet Hemp, Hot Chip e Pearl Jam). Pontualmente, como sempre, e embaixo do sol forte, Ricky Wilson subiu onipotente no palco. Aquele rapaz rosado e gordinho que esteve no Planeta Terra em 2008 desapareceu. Ou melhor, amadureceu. Naquele festival, ele corria, suava e divertia, mas, agora, Ricky está confiante, dono do palco e de si e tirando suspiros das meninas. A força da banda apareceu no primeiro acorde (com Never Miss a Bit). Em dez minutos, os britânicos tinham entoado quatro músicas – rápidos e certeiros. Fôlego não faltou, hits também não: Ruby, I Predict a Riot e Na Na Na Na Naa estavam lá. Simpatia, poses, brincadeiras com as câmeras, teve de tudo. E teve o público pedindo mais e mais. E Ricky Wilson deu. Se jogou na galera, correu para a torre de iluminação e deixou os fãs que estavam mais para o fundo do palco sentirem um pouco da sua poderosa presença. Ainda arriscou um agradecimento em português “Senhoras e senhores, nós somos o Kaiser Chiefs. Você é uma cidade incrível, obrigada por nos convidar para sua festa”. É claro que somos nós que agradecemos por tamanha diversão. (Milena Emilião)
- Foals – 15h15 – 16h15 (palco Butantã)
As músicas da banda inglesa Foals quase sempre começam com um acorde repetitivo de guitarra que, aos poucos, ganha a companhia de outros instrumentos até se transformar em uma poderosa massa de melodia e ruído. O efeito, nos melhores momentos de discos como “Antidotes” (2008), pode ser hipnótico. Ao vivo, eles também aplicam essa receita certeira para criar clima: cada integrante entra lentamente em cena, em meio a jatos de fumaça e a primeira música do repertório demora um tempinho para ganhar corpo. Quando decola, no entanto, não deixa a atenção do público escapar. Quem chegou cedo no terceiro dia do festival assistiu a um dos shows mais fortes da edição. Até as faixas do disco novo “Holy Fire”, como as ótimas ‘Inhaler” e “My Number”, foram cantadas do início ao fim, aos gritos, por um fã-clube cada vez mais numeroso. Uma das principais atrações dos festivais europeus deste ano, o quinteto liderado pelo vocalista Yanni Philippakis, mostrou no Lollapalooza a razão do prestígio: tanto nos momentos mais lentinhos, como “Spanish Sahara”, quanto nos mais agressivos, o Foals entende que, além de interpretar hits e elogiar a torcida, é preciso saber seduzir o público. Um quesito que eles desempenham com paciência e precisão. (Tiago Faria)
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