Estandes de empreendimentos são turbinados
Degustação de uísque, ciclo de palestras e outros chamarizes das incorporadoras para atrair clientes a seus pontos de venda
No último sábado (11), mais de 100 pessoas se reuniram para degustar a tradicional feijoada do Bolinha, a mais famosa da cidade. Dessa vez, porém, os clientes não estavam no restaurante da Avenida Cidade Jardim, no Itaim Bibi, onde o prato é servido diariamente desde 1976, mas instalados a cerca de 6 quilômetros dali. O almoço foi oferecido no estande de vendas de um empreendimento da incorporadora Even na Rua Califórnia, no Brooklin. Forno a gás, fritadeira, cumbucas de barro, batidinhas de limão e pia de inox com 3 metros de comprimento foram alguns dos itens levados até o local no intuito de atrair potenciais compradores.
“Tenho feito tantas feijoadas em estandes de vendas que eu mesmo já comprei um apartamento numa dessas ocasiões”, conta José Orlando Paulillo, o Bolinha, que herdou do pai o apelido e o negócio, dirigido junto com o irmão Paulo Affonso.
Desde 2007, quando a cidade viveu o auge de seu boom imobiliário, as empresas do setor passaram a investir em chamarizes criativos para driblar a concorrência e atrair público para seus lançamentos. Com o passar dos anos, as ações foram se sofisticando e se diversificando. Na Abyara Brasil Brookers, os eventos já tiveram degustação de charutos e de uísque, com presença de um sommelier especializado na bebida, e camisetas esportivas estampadas na hora por um grafiteiro. “Disputamos o tempo das pessoas com opções de lazer e compromissos de trabalho”, diz adiretora de marketing da empresa, Paola Alambert.
Segundo o Secovi, sindicato que representa o setor, medidas como essas são capazes de aumentar em até 50% a visitação de um estande de vendas. “Outra vantagem é atrair apenas quem aprecia esses produtos e, teoricamente, tem o perfil certo para ser um comprador”, afirma Elbio Fernández Mera, vice-presidente de comercialização e marketing do Secovi.
A incorporadora Idea! Zarvos segue outra trilha. Em vez de fazer um estande para cada prédio lançado, inaugurou em junho passado um único grande espaço na Vila Madalena, onde ficam expostas as maquetes de todos os edifícios da empresa. “O dinheiro que eu gastaria criando apartamentos decorados e estandes temporários é investido no projeto arquitetônico”, diz o proprietário, Otávio Zarvos. Para chegar à galeria, como é chamada, não há porta nem catraca. Visitantes entram e saem sem ser abordados nem ter de dar o telefone, numa dinâmica mais parecida com a de uma loja.
Outra empresa que buscou promoção alternativa foi a Huma. No espaço de um futuro lançamento na Chácara Klabin, onde será erguido o primeiro edifício da marca, criada em 2011, foi realizado um ciclo de palestras sobre urbanismo. O encontro teve curadoria de arquitetas ligadas à Universidade Columbia, de Nova York, e participação do urbanista e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner. “Hoje saem na frente os projetos com estilo e personalidade”, acredita o sócio-diretor da Huma Rafael Rossi, que deixou a empresa dafamília, a incorporadora e construtora Rossi, para seguir voo-solo. Os estandes de vendas parecem ser o cartão de visita dessa nova geração.