Gatos ganham espaço no mercado de pets da capital

Em um passo manso, mas decidido, felinos põem em risco o reinado dos cachorros

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 5 dez 2016, 16h10 - Publicado em 5 abr 2013, 16h22
Tabela - Disputa entre miados e latidos
Tabela - Disputa entre miados e latidos (Veja São Paulo/)
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Os cães sempre levaram a fama de melhores amigos do homem, mas, apesar de ainda ser os pets preferidos dos paulistanos, vêm perdendo terreno para os gatos. “Os felinos são mais independentes, adequam-se a pequenos espaços, dão menos gastos e se mostram uma boa companhia”, enumera José Edson de França, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Segundo estimativa da entidade, feita a partir do cruzamento de dados de 150 000 filiados e estatísticas oficiais, de 2009 para 2012 o número de totós domésticos aumentou 11% na capital. No mesmo período, o contingente dos gatos inflou mais que o dobro, 27%. Em países como Estados Unidos, França e Alemanha, a população de bigodudos já é predominante. Por aqui, se mantidas as tendências de crescimento, a virada deve ocorrer em dez anos.

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Em paralelo, o mercado voltado aos bichanos evolui para dar conta da demanda. Há hotéis, babás, veterinários e adestradores especializados em seus cuidados. A multinacional Mars, por exemplo, que reúne empresas de ração como Whiskas e Royal Canin, aposta em inovações. “Nas próximas semanas, lançaremos nacionalmente uma nova marca, a Kitekat, para orçamentos mais reduzidos, além de outras linhas de petiscos”, afirma o gerente da categoria alimentos para gatos Eduardo Lima. Novos consumidores surgem a cada momento. É o caso da designer Suzana Carvalho, que há quatro meses adotou a filhote Dalila, seu primeiro animal de estimação — sem contar um peixinho recém-doado antes que fosse comido pela nova moradora do local. “Eu me surpreendi por ela ser tão carinhosa, pois achava que os gatos eram distantes”, conta a dona, que já encheu a casa de brinquedinhos.

Os criadores também investem na venda de raças pouco comuns. “As pessoas costumam achar que todos os gatos são iguais, mas, assim como acontece entre os cachorros, cada espécie tem um comportamento diferente”, explica Gerson Alves Pereira, presidente do Clube Brasileiro do Gato, entidade que promove exposições e competições. Em cinco anos, a quantidade de membros da associação passou de 100 para 250 gatis (os canis felinos). “Antes, os clientes só procuravam o persa para ter em casa”, lembra Pereira. Agora, há vários outros tipos em alta, a exemplo dos modelos gigantes, como o maine coon, que, com a cauda, pode chegar a 1,1 metro de comprimento. Para ter um desses em casa, é necessário desembolsar pelo menos 600 reais. Mas o preço pode alcançar 3 000 reais.

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Por isso, muita gente prefere a adoção. A maior ONG dedicada à causa, a Adote um Gatinho, conseguiu um lar para 5 460 animais em seus dez anos de existência. E esse número não para de crescer — hoje, existem 420 candidatos de olhinhos pidões disponíveis no site da organização. Isso acontece porque há muitos gateiros, apelido para quem gosta muito desses bichos, espalhados por aí. Um deles é Luísa Pinheiro, que tem boa parte de sua rotina voltada aos gatos. Em seu apartamento no Morumbi, ela cria quatro. Além disso, escreve um blog temático, é voluntária da ONG Confraria de Miados e Latidos e trabalha como catsitter, ou seja, quando os donos viajam ela vai até sua casa para limpar a caixa de areia, trocar a água, colocar ração e, claro, dar carinho aos animais. E ainda exibe uma tatuagem na costela com o desenho de seu gato mais velho, o vira-lata Nicolau. Ela confessa: “Eu era monotemática nas conversas. Melhorei um pouco, mas me assumo uma louca por gatos”.

COM AS GARRAS DE FORA

Cinco raças que estão em alta entre os criadores. Algumas delas podem custar até 3 000 reais

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