Celso Ricardo de Moraes está por trás do sucesso da Kopenhagen
Empresário é diabético, vive longe do escritório e gosta mesmo é de compor e tocar piano
É difícil encontrar empresário de sucesso que não goste de citar algum hobby praticado entre as longas jornadas de trabalho. Mais raros são aqueles que se dediquem tanto aos passatempos que deixem os negócios em segundo plano. Nessa fração peculiar está Celso Ricardo de Moraes. Dono do Grupo CRM, das redes Kopenhagen e Brasil Cacau, ele leva com seriedade profissional sua paixão por piano. “Escrevo músicas no ritmo de choro, jazz, bossa nova, samba, tango e até como trilhasde filme”, enumera ele, que espera faturar 760 milhões de reais em 2013 e vender 600 toneladas de chocolate nesta Páscoa, 20% a mais do que no ano passado.
+ VÍDEO: A doce vida de Celso Ricardo de Moraes, o Wily Wonka brasileiro
+ Páscoa 2013: os ovos mais baratos, guloseimas temáticas e mais
Apesar de ocupar a presidência do conglomerado de franquias da guloseima, o segundo maior do país (atrás do agora gigante Cacau Show, cujo faturamento em 2012 foi de 1,5 bilhão de reais), Moraes começou a se afastar da rotina da empresa há cinco anos e atualmente chega a passar dias longe do escritório. Prefere se dedicar às reuniões estratégicas e pensar em grandes ações. É sua, por exemplo, a iniciativa de fazer anúncios na mais recente edição do reality show Big Brother Brasil, da Globo, que multiplicaram por sete a venda de trufas de 99 centavos da Brasil Cacau, chegando a 300.000 unidades comercializadas por dia. Na maior parte do tempo, escreve composições e toca piano. “Tenho um estúdio em casa para trabalhar nas letras”, diz o empresário, que contabiliza cerca de 400 músicasde sua autoria.
Moraes narra que, aos 8 anos de idade, entrou nas aulas de piano e, de cara, pediu ao pai um instrumento. Recebeu um “sim”, mas com uma condição: dedilhar perfeitamente o choro Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu. Três meses depois, ganhou o presente. Teve aulas em conservatório de música até os 16 anos, quando ingressou no curso técnico de química no Mackenzie. “Como queria ser independente, montei uma empresa de cilindros de borracha parao mercado gráfico”, lembra. Na época, casou-se com a colega de classe Claudia, com quem teve sua única filha, Renata, hoje com 31 anos e ocupando o cargo de vice-presidente do Grupo CRM. Na prática, ela comanda os escritórios no dia a dia. Após cinco anos em voo-solo, Moraes tornou-se sócio do pai no já extinto laboratório químico da família, então fabricante de Adocyl, Apracur e Maracugina.
Em 1996, arrematou a tradicional Kopenhagen, fundada em 1928, na época com 100 lojas — hoje, são 568, e, para o fim do ano, a previsão é de 750. Em um ano, transferiu a fábricado Itaim Bibi para Tamboré, mas o espaço ficou pequeno. Há três anos, o novo polo fabril de 33.000 metros quadrados foi inaugurado na cidade mineira de Extrema. Em maio, todas as lojas da rede de chocolates venderão sua biografia, escrita por um jornalista contratado. “É uma estratégia de marketing”, explica.
Os passos artísticos do Willy Wonka brasileiro foram dados em paralelo à expansão dos negócios. De 2008 a 2011, o empresário comprou horários de emissoras como Rede TV!, Band e CNT. Desembolsava 80.000 reais por mês pelo espaço de uma hora, além de bancar anúncios de sua companhia no intervalo comercial da atração. Chamado de Celso Moraes Entre Amigos, o programa recebia artistas como Emílio Santiago e Toquinho.
A fórmula era uma entrevista simpática seguida de apresentação musical. Muitos convidados passaram a frequentar a sua casa e fizeram participação sem cachê nos seus DVDs, gravados em 2010 e 2011. Ambos foram registrados no Citibank Hall e custaram 500.000 reais cada um. Depois da cortesia ao amigo, o sertanejo Daniel virou garoto-propaganda da Brasil Cacau. “Conhecer o Celso foi mais um dos grandes presentes que recebiao longo da minha vida”, elogia o cantor. “Ele é um executivoque deu certo, mas que seria frustrado se não se envolvesse com música”, analisa Agnaldo Rayol, outro intérprete conhecido que aparece nos discos do dono da Kopenhagen.
Moraes vive num apartamento de 750 metros quadrados na Vila Nova Conceição, avaliado em 10 milhões de reais. A residênciaé uma mistura de Provence com Las Vegas. Parte da varanda é coberta por grama sintética e um poço ornamental. Em formato cilíndrico, a sala onde toma o café da manhã possui seis quadros com desenhos inspirados nos jardins do Palácio de Versalhes, em um efeito 360 graus. A porta do estúdio de música tem uma montagem com o corpo de Frank Sinatra e o rosto de Moraes em tamanho real. Dentro do aposento, há copos-de-leite de plástico e uma parede com fotos de divas como Sophia Loren e Audrey Hepburn.
O piano de cristal é a grande vedete da residência. Fica na sala principal, sob um teto de mosaico e próximo a vasos da Versace cheios de flores naturais. “Não tem quem não admire o som e a beleza desse instrumento”, orgulha-se Moraes. A peça, da marca japonesa Kawai, custa 120.000 reais. Aos 68 anos de idade, separado desde 1998, ele alimenta a fama de namoradeiro. A predileção é por mulheres mais jovens. A atual tem 36 anos. “Ela trabalha como secretária numa multinacional”, limita-se a dizer o empresário. “Não vou dar mais detalhes porque estamos juntos há apenas três meses.”
A relação com a ex é pacífica. Ele herdou dela, aliás, uma mania adquirida durante o matrimônio: ter sempre um ônibus à sua disposição. “Quando nossa filha era criança, compramos um para poder levar as amiguinhas dela até as nossas casas na praia e no campo”, diz Claudia. Era pintado de rosa. O veículo atual de Moraes serve para buscá-lo em Paraty, onde guarda um barco de 80 pés ancorado e, claro, equipado com piano. “Se estiver chovendo, deixo meu helicóptero de lado e peço ao motorista que me resgate com ele.”
Na doce rotina, há também espaço para suar a camisa. Na academia, anda na esteira para amenizar o diabetes, que o obriga a tomar insulina e a evitar todas as delícias que fabrica (exceto as da linha diet). “O médico pede que eu não coma, mas dou umas escapadas”, confessa. Ele tem orgulho da trajetória da Kopenhagen nas últimas décadase se mostra agradecido por tudo o que o negócio lhe proporcionou. “A companhia caminha hoje tão bem que pode patrocinarto das as minhas extravagâncias.”
O NOSSO WILLY WONKA
Quem é o dono do grupo que pretende vender 600 toneladas nesta Páscoa
■ Nome: Celso Ricardod e Moraes
■ Idade: 68 anos
■ Negócios: é dono do Grupo CRM, das redes Kopenhagen e Brasil Cacau, que prevê faturamento de 760 milhões de reais em 2013
■ Formação: curso técnico de química e faculdadede direito incompleta
■ Estado civil: divorciado (no momento, namora uma secretária executiva 32 anos mais jovem)
■ Hobby: compor. Tem mais de 400 canções de sua autoria e já bancou a gravação de dois DVDs (500 000 reais cada), com a participação de cantores como Agnaldo Rayol, Daniel e Jairzinho
■ Paixão: pianos. Tem oito deles, sendo um da marca japonesa Kawai, feito de cristal e avaliado em 120 000 reais
■ Coleção: mais de 600 gravatas, de marcas como Giorgio Armani, Versace e Hermès
■ Meios de transporte: helicóptero Agusta Power AW109 Power, com capacidade para seis passageiros; Cadillac 2011, Audi A8, Mercedes-Benz conversível CLC e um ônibus Mercedes-Benz “supervip, com poltronas de primeira classe de avião e capacidade para doze pessoas”; barco Alluntec de 80 pés
■ Vaidade: ameniza os sinais do tempo com aplicações de Botox. Também já levantou as pálpebras e implantou fios de cabelo
■ Ironia: tem diabetes tipo 2 e toma insulina diariamente. Por isso, só pode comer chocolates diet
■ Destaques de sua casa: seis quadros que remetem aos jardins do Palácio de Versalhes, cinzeiros da Christian Dior, vasos da Versace e estúdio de música com fotos de divas como Audrey Hepburn, Sophia Lorene Brigitte Bardot