Especialistas dão dicas para lidar com dramas da infância
Medo de dormir sozinho, birra e bullying são alguns dos dilemas que os pais devem ficar atentos
COMO ESTIMULAR UMA CRIANÇA A DIVIDIR BRINQUEDOS COM COLEGAS?
Há fases do desenvolvimento infantil em que, de fato, compartilhar é uma experiência difícil. Mas a própria convivência com outras crianças promove situações em que se aprende a dividir. Uma dica é combinar de “emprestar o brinquedo ao amigo só um pouquinho” e logo entregá-lo de volta. Assim, a criança perceberá aos poucos que o outro pode se divertir sem que isso signifique a perda da posse definitiva do objeto.
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COMO ABORDAR AS BRIGASQUE OCORREM NA ESCOLA?
Os conflitos são uma oportunidade de aprendizado. Nessas situações, um adulto deve interferir e formular perguntas que permitam à criança refletir sobre seus sentimentos durante o episódio. Assim, ela passará a entender o que a levou ao embate e terá mais subsídios para evitá-lo em uma próxima vez, ao procurar maneiras de resolver as desavenças sem agressões físicas ou verbais. Se, após essas orientações, a criança mantiver comportamento inapropriado, o ideal é buscar ajuda especializada.
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QUAL A ATITUDE IDEAL AO LIDAR COM UM PRATICANTE DE BULLYING?
Os pais têm dificuldade de reconhecer aspectos negativos na conduta dos filhos. Quando isso ocorre, é imperativo trabalhar em parceria com a escola para resolver o problema. Deve ficar claro que o comportamento não é aprovado e, em conjunto com a criança, é preciso analisar que motivos a fizeram maltratar um colega. Apesar de desagradável, a situação pode ser uma ótima oportunidade para que os adultos transmitam seus valores morais à criança e deixem claras suas expectativas em relação a ela. Nesse processo, é muito importante demonstrar que o amor por ela não mudou.
É CORRETO IGNORAR A BIRRA DE UMA CRIANÇA CONTRARIADA?
Atendê-la só reforçará esse tipo de comportamento, mas algo deve ser dito. O certo é manter a calma e falar com firmeza até ela entender que a birra não é aceitável. A imposição de limites tem função prioritária no desenvolvimento humano e sua ausência provoca intensa angústia na criança, o que resulta em perda de controle. Aquelas que já têm idade para se expressar podem usar o recurso de forma a conseguir o que desejam. Muitas vezes, os pais cedem mesmo quando não gostariam. Negar vai ajudá-las a lidar com a frustração de descobrir que o mundo não é uma fonte inesgotável de prazer.
DEVO PROIBIR O ACESSO A MÚSICAS COM TEOR SEXUAL?
Além de não ter eficácia, vetar faz com que o proibido se torne atraente. Crianças pequenas interessam-se pela canção sem atentar para a letra, pois se prendem ao ritmo. Quem está mais próximo da adolescência pode ter ideia da malícia e usar isso para chamar atenção. Se a canção for reproduzida na escola, os pais devem procurar a direção e transmitir seu ponto de vista. Ao mesmo tempo, é bacana apresentar às crianças diferentes estilos musicais para que elas se sintam estimuladas por outros sons e versos.
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HÁ MACETES PARA SUPERAR O MEDO DE DORMIR DO ESCURO?
Os medos são parte da infância e povoam o imaginário. Os pais devem ajudar a criança a entendê-los e enfrentá-los. Uma das formas é criar um ritual de preparação para a hora do sono. Como deixar uma luminária acesa e sentar-se ao lado da cama para conversar ou ler uma história para ela. Isso criará um ambiente mais confortável até que ela adormeça. Abraçar bichinhos de pano ou objetos semelhantes pode ajudar muito, pois eles se tornam uma companhia no momento do descanso. É preciso ter cuidado com a superproteção, pois isso pode fazer a criança acreditar que há um problema real na situação.
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O QUE FAZER AO DESCOBRIR UM NAMORO ESCONDIDO DO FILHO?
Um adolescente começa a namorar em segredo por alguns motivos: vergonha ou receio de que será proibido, controlado e invadido. Quando os pais descobrem, devem lidar com naturalidade, pois gostar de alguém é bom. A orientação geral é permitir o relacionamento, ainda que isso tenha de vir acompanhado de outras atitudes paralelas, como estabelecer limites de horário. O fundamental aqui é manter um canal de diálogo, até mesmo para ajudar a esclarecer as dúvidas mais comuns dessa fase da vida.
Fontes: Ceres Alves de Araújo (psicóloga e professorade pós-graduação da PUC-SP), Edith Rubinstein(educadora, psicopedagoga, mestra em psicologia,especialista em aprendizagem significativa, diretorado Centro de Estudos Seminários de Psicopedagogiae ex-presidente da Associação Brasileira dePsicopedagogia), Ligia Colonhesi Berenguel(especialista em psicopedagogia clínicae coordenadora do ensino fundamental da EscolaVillare), Nívea Fabrício (psicóloga, psicopedagoga,terapeuta de jovens, diretora-geral do ColégioGraphein, presidente da Associação Nacionalde Dificuldade de Ensino e Aprendizageme ex-presidente da Associação Brasileira dePsicopedagogia), e Suely Robusti (psicóloga,psicopedagoga e diretora da Escola Novo ÂnguloNovo Esquema, especializada em inclusão).