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Dudu Borges, o “cara” por trás dos maiores sucessos sertanejos do país

O produtor musical, de 32 anos, fez de seu estúdio na Aclimação uma fábrica de hits

Por Luan Flavio Freires
Atualizado em 5 dez 2016, 12h42 - Publicado em 14 mar 2015, 00h00

Se você ligou o rádio em estações populares nos últimos anos, a probabilidade de não ter deparado com uma música com o toque de Midas de Dudu Borges é perto de zero. De Luan Santana a Michel Teló, passando por duplas como Jorge & Mateus, a nata do sertanejo universitário tem alguns (ou muitos) sucessos lançados pelas mãos do produtor. Aos 32 anos, ele se tornou o mais requisitado (e bem pago) profissional do ramo no país. E fez do estúdio Vip, no bairro da Aclimação, um endereço com intenso entra e sai de artistas famosos. Isso inclui não apenas neocaipiras, mas também nomes como Fábio Jr., que lançará até junho por suas mãos o primeiro disco de inéditas desde 2004.

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Um dos maiores trunfos de Borges é a aptidão para reposicionar o rumo de uma carreira. Em 2013, aos 22 anos, Luan Santana não convenceria por muito tempo como astro teen. Havia cultivado a barba e mudado o penteado, mas faltava mexer no repertório. O produtor, então, o orientou a trocar o excesso de instrumentos por uma versão quase acústica em Te Esperando. “Questionei: ‘Rapaz, mas só voz e violão?’ ”, relata Luan. “Tinha de ser ele para perceber que era a aposta certa.” Foi a segunda canção mais tocada naquele ano nas rádios. No topo, ficou Vidro Fumê, de Bruno & Marrone, também com o toque de Borges. Nesse caso, o profissional usou estratégia oposta: rejuvenescer o trabalho dos quarentões (hoje com 45 e 50 anos) ao aproximá-los da batida de novas duplas, acentuando guitarras e percussão.

Em 2014, o cantor e a dupla renderam a ele dois destaques entre as quatro músicas campeãs das paradas nacionais. Com Luan, continua investindo no processo de amadurecimento de imagem em um DVD a ser lançado em abril, que tem participação de orquestra e do baterista americano Aaron Sterling, parceiro de John Mayer.

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Nascido em Campo Grande, Borges começou a se envolver com as mesas de som aos 13 anos, no estúdio de um primo. Evangélico, na época tocava teclado na Igreja Batista. Em 2000, mudou-se para São Paulo a fim de integrar a banda gospel Patmus. Ali, afiou o tino para os bastidores e acabou contratado com a missão de coordenar gravações da Renascer Praise, gravadora dos bispos Estevam e Sonia Hernandes. Em uma visita à terra natal, reencontrou o velho amigo Michel Teló, então integrante do grupo Tradição. Partiu de Borges a sacada de inserir no repertório de canções dançantes do conjunto a balada romântica Campeão de Bilheteria, que alcançou projeção nacional.

A troca do sagrado pelo profano se tornou então inevitável. “O mercado gospel é um gueto em que não te dão muito valor”, conta o produtor. “Eu fazia discos que ninguém ouvia.” Em 2009, veio Chora, Me Liga, de João Bosco & Vinícius, quarto lugar nas paradas. Depois, emendou com Teló três hits: Fugidinha, Ai, Se Eu Te Pego e Humilde Residência. Os trabalhos que lhe deram fama, porém, também o afastaram da unanimidade. “Ele desvirtuou a música sertaneja”, protesta Juvenil José, o Pinocchio, 56, produtor de sertanejos de raiz, como a dupla Rio Negro & Solimões. “Além disso, quer aparecer mais que os artistas.”

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De fato, o profissional não é dos mais low profile. Na internet, abastece os perfis de Facebook, Twitter, Instagram e Google Plus (nos quais ultrapassa os 440 000 seguidores) com fotos diárias nas quais aparece sozinho ou ao lado de famosos no estúdio (um sobrado decorado com diversas reproduções de pinturas de Romero Britto). Colegas como João Marcello Bôscoli, sócio-fundador da empresa de música e entretenimento Trama, porém, preferem ressaltar suas qualidades. “Ele provou que o sucesso é possível mesmo no auge da crise do mercado fonográfico”, comenta. Enquanto dificilmente alguém no ramo chega a receber 10 000 reais por faixa, ele fatura entre 500 000 e 600 000 reais em um único disco.

Borges mora sozinho em um apartamento de 300 metros quadrados a cinco minutos de distância do estúdio. “Chego às 9 horas e saio só de madrugada”, conta. Ele namora há dois anos a estilista baiana Samylle Aguiar, “amiga da amiga da mulher do Bruno”. Na terça (10), Samylle deu à luz os gêmeos João e Pedro, os primeiros filhos do produtor. Entre seus planos para 2015, a prioridade é brilhar também fora do universo caipira. Depois de gravar com Fiuk e Jorge Ben Jor a faixa Quero Toda Noite, sonha em resgatar o rock nas paradas. “As músicas sertanejas tocam porque conseguem se comunicar com as pessoas”, diz. “Falo para a turma da guitarra: ‘Velho, pega esse instrumento e canta sobre o dia em que você brigou com a sua mulher!’.”

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