Dilma reconhece crise e diz que país precisará de ‘remédios amargos’
No discurso desta segunda (7), veiculado em sua conta oficial do Facebook, a presidente falou em 'reavaliar medidas' e reduzir custos
Em vídeo postado em suas redes sociais, como estratégia para evitar os panelaços, a presidente Dilma Rousseff fez um discurso de mea-culpa, reconhecendo a gravidade da crise e, ao mesmo tempo, pedindo união e tolerância para fazer a “travessia”. “Se cometemos erros, e isso é possível, vamos superá-los e seguir em frente”, disse a presidente, vestida com um terno azul claro e com um quadro em tons de azul ao fundo. “As dificuldades são nossas e são superáveis. O que eu quero dizer, com toda a franqueza, é que estamos enfrentando os desafios, essas dificuldades, e que vamos fazer essa travessia.”
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A presidente lembrou que há dificuldades na economia pelo mundo, mas admitiu também que a crise é consequência da estratégia do governo brasileiro nos últimos anos. “As dificuldades e desafios resultam de longo período em que o governo entendeu que deveria gastar o que fosse preciso para garantir o emprego e a renda do trabalhador, a continuidade dos investimentos e dos programas sociais. Agora temos de reavaliar todas essas medidas e reduzir as que devem ser reduzidas.”
Dilma afirmou que a situação exige “remédios amargos”, mas “indispensáveis”. “As medidas que estamos adotando são necessárias para botar a casa em ordem, reduzir a inflação, por exemplo”, reforçou. E, em diversos momentos, destaca que a saída é a união do povo. “O esforço de todos nós é que vai nos levar a superar esse momento”, disse em um trecho do discurso. “Devemos, nessa hora, estar acima das diferenças menores, colocando em segundo plano os interesses individuais ou partidários.”
Em dia de novos protestos contra seu governo, tanto de movimentos pró-impeachment quanto de movimentos sociais que criticam o ajuste fiscal com cortes em programas de moradias, Dilma apareceu em um vídeo em que não há qualquer tom de vermelho, cor do PT.
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Em sua fala, Dilma se colocou como a liderança adequada para conduzir o país na saída da crise. “Me sinto preparada para conduzir o Brasil no caminho de um novo ciclo de crescimento, ampliando as oportunidades para nosso povo subir na vida, com mais e melhores empregos”, afirmou.
A presidente reiterou as conquistas dos últimos doze anos, sem contudo citar sua legenda. Lembrou que milhões foram tirados da miséria e alçados à classe média, mas lembrou que ainda há muito a se fazer, por exemplo, na educação, e que isso passa por correções na economia. Destacou que não abrirá mão da “alma e caráter” de seu governo, que é gerar oportunidades via programas sociais. “Nenhuma dificuldade me fará abrir mão da alma e do caráter do meu governo. A alma e o caráter do meu governo é assegurar, neste país de grande diversidade, oportunidades iguais para a nossa população. Sem recuos, sem retrocessos.”
Veja o vídeo na íntegra:
Independência
Aproveitando a data comemorativa, Dilma elogiou a capacidade do brasileiro de “lutar e conviver com a diversidade, tolerante em face às diferenças e respeitoso na defesa de ideias”. Segundo a presidente, a população deve permanecer “firme na defesa da maior conquista alcançada e pela qual devemos zelar permanentemente: a democracia e a adoção do voto popular” – referência também à legitimidade de seu mandato, conquistado nas urnas.
Dilma encerrou a mensagem dizendo que a independência “acontece todos os dias” e exaltando a autoestima do povo. “Hoje, mais do que nunca, somos todos Brasil.”
Refugiados na Europa
O drama dos refugiados na Europa também foi tema de sua fala. Dilma lembrou a imagem do menino sírio Aylan Kurdi, de apenas 3 anos, cujo corpo foi encontrado em uma praia turca, dizendo que comoveu a todos e deixou um desafio para o mundo. A presidente reiterou disposição do governo brasileiro “de receber aqueles que, expulsos de suas pátrias, para aqui queiram vir, viver, trabalhar e contribuir para a prosperidade e a paz do Brasil”.
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“Nós, o Brasil, somos uma nação que foi formada por povos das mais diversas origens, que aqui vivemos em paz. Mesmo em momentos de dificuldade, de crise, como a que estamos passando, teremos os nossos braços abertos para acolher os refugiados”, afirmou, destacando uma posição política do país e também mostrando em paralelo que a situação do Brasil não é tão grave em face a tragédias que acontecem pelo mundo.
Edinho
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, afirmou que o fato de o pronunciamento de Sete de Setembro da presidente ter sido divulgado apenas pela internet, em redes sociais, é uma forma de valorizar outros modos de comunicação que não seja a televisão. “Eu e a presidente Dilma concordamos que temos de valorizar todos os modais e as redes sociais são importantes.”
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Edinho evitou comentar que a falta de um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão durante o feriado esteja relacionada aos possíveis protestos e panelaços que pudessem ocorrer. “É importante a convocação de rede de tevê, mas isso não pode ser banalizado. E também não significa que não terão novos pronunciamentos”, concluiu.