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“Sou vítima de preconceito”, diz Coronel Telhada sobre as críticas

Indicado para compor a Comissão de Direitos Humanos na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado estadual afirma que a tarefa não exige "conhecimento técnico". Juventude do PSDB foi contra a decisão do partido

Por Ana Luiza Cardoso
Atualizado em 5 dez 2016, 12h29 - Publicado em 14 Maio 2015, 09h23
Coronel Telhada
Coronel Telhada (Fernando Moraes/)
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O ex-comandante da Rota e deputado estadual, coronel Paulo Telhada (PSDB), foi indicado para ocupar uma das três vagas da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo. Desde então, recebe críticas da oposição e, até mesmo, de integrantes do próprio partido. Em entrevista à VEJA SÃO PAULO, ele diz que sofre “preconceito”. Apesar disso, Telhada afirma que está preparado para ocupar o cargo que, segundo ele, não necessita de “conhecimento técnico”. Confira:

Como o senhor enxerga a oposição a sua indicação?

Considero algo normal. Se não houvesse oposição, não seria democracia. Justamente o pessoal que mais grita contra preconceito, que quer ver o lado do cidadão, é o mais preconceituoso. Porque o que eu estou sofrendo, na realidade, é um baita preconceito. Eu sou um deputado eleito com mais de 254 000 votos, pai de família, cumpridor dos meus deveres e não vejo por que eu não possa atuar em qualquer das comissões. A não ser na de saúde, por exemplo, pois exige conhecimento técnico. Mas na Comissão de Direitos Humanos eu acho que qualquer cidadão pode atuar. Eu não sou uma exceção.

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Parte das críticas vem do fato que o senhor é ex-comandante da Rota. De janeiro a março deste ano, por exemplo, dos 117 óbitos causados por policiais, doze foram praticados por esse grupo da PM, segundo dados da Ouvidoria.

As críticas são feitas por quem não têm outra proposta para apresentar. A pessoa não tem serviço para demonstrar, nem objetivo e fala de quem está trabalhando. Isso é nato do ser humano, entendeu? Se estou incomodando as pessoas da oposição que criticam, eu até me sinto satisfeito. Se elas falassem bem de mim seria um motivo de preocupação. Se incomodo a oposição, acho que estou fazendo o meu papel.

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O senhor recebeu críticas da Juventude do PSDB, que pediu para a indicação ser revista. São reclamações dentro do próprio partido.

Eles foram infelizes. Essas pessoas não deveriam ter falado isso. Eu estou fazendo uma documentação para entregar ao diretório estadual, pedindo para o Conselho de Ética investigar. Elas não têm autorização para falar em nome do partido. Segundo, falaram que estou em desacordo com os ideais do PSDB. Eu quero saber que ideais são esses. Terceiro, para eles falarem de um deputado eleito constitucionalmente e regularmente, precisam pensar muito. Não podem ter esse atrevimento. Acho que isso foi uma infantilidade de quem o fez. Quem tem que se explicar são eles, não eu. Eu não fiz nada de errado.

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Quais propostas o senhor tem para a Comissão de Direitos Humanos?

Trabalhar pelas vítimas da violência, seja quem for. Olhar o lado da Polícia Militar, que normalmente é sempre criticada nessas comissões. Mostrar que o policial é cidadão com família, com problemas, e muitos esquecem isso. A nossa proposta é apoiar todos os pedidos que chegarem à comissão, independentemente do segmento que for. Quando há um problema relacionado a direitos humanos, nós temos que ter atenção. É o que eu pretendo fazer. Trabalhar, elucidar problemas, apoiar quem tem necessidades e atuar sempre na legalidade.

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Mas o senhor reconhece que existem problemas na polícia, como abuso de autoridade e violência?

Problema existe em todos os setores da sociedade, não só na polícia. Na imprensa, nós temos um jornalista preso porque matou a namorada. Mas a polícia, por ser um segmento que trabalha todos os dias na rua, tem problemas maiores do que quem passa o dia sentado em uma mesa. Isso é normal. Estou sendo vítima de preconceito. E a comissão tem que trabalhar para combater preconceito. Queria saber se essas pessoas que dizem que não sou apto tiveram que pular em um esgoto para salvar uma criança. Quantas vezes entraram em um carro pegando fogo, salvando uma pessoa. Falar sobre direitos humanos é fácil para quem não se expõe ao perigo, como eu fiz em prol de outras pessoas.

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