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Clube das Mulheres rebola para manter a clientela

Grupo mudou de endereço, mas a proposta segue a mesma: strippers musculosos tiram a roupa

Por Nathalia Zaccaro
Atualizado em 1 jun 2017, 18h13 - Publicado em 23 jun 2012, 00h51

Em meio a vários tipos de fantasia, armas de plástico, estetoscópios e produtos como óleo de amêndoas, o stripper Marcos Manzano, de 49 anos, está terminando de se aprontar para mais uma apresentação do Clube das Mulheres. A cena é interrompida pela chegada de uma cesta cheia de lagostas e de camarões. Trata-se de um presente enviado pela médica Ana Paola Cihiaretti, 50 anos. “Foi num evento deles que comemorei minha despedida de solteira”, conta ela. “Em 2000, quando fiquei viúva, voltei a acompanhar os meninos.” Muitos desses rapazes, na verdade, viraram quarentões. Mas continuam firmes na ativa. Naquela mesma noite, no último dia 14, no Secrett Lounge, uma casa noturna na Vila Olímpia, um público de aproximadamente 150 pessoas, formado por fãs das antigas e novatas no negócio (os homens são proibidos de entrar), vibrou durante duas horas com as performances de dez dançarinos.

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Como ocorre tradicionalmente, cada um se exibiu encarnando um personagem (os que fazem mais sucesso atualmente são o policial da Swat e o Gladiador). Manzano não fica mais na linha de frente do palco. Faz o papel de mestre de cerimônias, introduzindo as atrações com frases como “Aí vem o caubói mais gostoso do Brasil!”. Quem o ajuda a organizar a festa é um velho parceiro do mesmo circuito, o produtor Focca Barreto, 54 anos, figura carimbada das rodas alegres da madrugada paulistana. A exemplo do colega, ele diz que hoje prefere atuar nos bastidores. “Mas, se uma garota resolver colocar muitos dólares na minha sunga, voltarei na hora”, informa Focca.

A dupla e seu time de fogosos astros bombados literalmente rebolam para manter no ar o mais famoso e longevo show erótico para o público feminino na cidade. Neste mês, a performance completa 22 anos de existência. Desde o início, em 1990, já ocupou outros quatro endereços na capital e cerca de cinquenta dançarinos passaram pela trupe. O grupo está na casa da Vila Olímpia desde março. Nesta mais recente versão, os responsáveis tentaram sofisticar a atração. Entre outras coisas, uma limusine fica à disposição das clientes para realizar animados passeios, regados a espumante espanhol, antes e depois das festas. O serviço custa 2.000 reais. Apesar das mudanças, o carro-chefe da proposta é o mesmo: strippers musculosos tiram a roupa (no clímax, ficam de sunga) para uma plateia de noivas, senhoras, aniversariantes e curiosas que pagam 50 reais pelo ingresso. “Esse tipo de espetáculo continua fazendo sucesso porque representa um dos poucos espaços sociais em que elas podem expor suas fantasias, longe das quatro paredes”, afirma a psicanalista Daniela Rodrigues, especialista em sexualidade humana.

Clube das Mulheres 2275
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No início da década de 90, quando estava no auge, o show inspirou o tema da novela global “De Corpo e Alma”, na qual o protagonista interpretava um dançarino especializado em fazer uma versão rebolativa do Zorro. “Naquele tempo, éramos tão requisitados quanto os Rolling Stones”, exagera Focca. Na época, circulavam fortes rumores na noite de que os rapazes ganhavam uns bons trocados para acompanhar as fãs após os espetáculos, atividade paralela que todos eles negam até hoje ter exercido. Nos dias atuais, embora tenha perdido muito do clima de badalação, o Clube das Mulheres ganhou uma aura de clássico trash.

Um dos integrantes mais antigos, o dançarino Antônio Garcia de Aguiar Filho, de 45 anos, que ficou famoso por ter traços parecidos com os do ator americano Richard Gere, ainda arranca suspiros quando chega à cena vestido como um encanador. “Sei que já estou velho para tirar a roupa, mas quando subo no palco e escuto a gritaria decido continuar mais um pouco”, conta. “Quem vai me aposentar são elas, e não eu.”

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