Amigos abandonam vida corporativa para se dedicar a blocos de Carnaval
Quarteto comanda os gigantes Sargento Pimenta e Bangalafumenga, com desfiles orçados em 400 000 reais
De chinelo, bermuda e camiseta, o empresário Alan Edelstein, de 37 anos, chega para trabalhar na Oficina da Alegria, em um sobrado na Vila Madalena. Antes, dá uma passada na padaria para juntar-se “à turma”: seus três sócios, todos adeptos de trajes mais comuns nos bares do bairro do que em escritórios. “Mas temos roupas sérias na gaveta, para o caso de reuniões de emergência”, conta Flávia Dória, 41.
Na última terça (26), ela e os colegas tiveram de recorrer às peças extras quando foram chamados para um encontro com autoridades municipais. O contraste do guarda-roupa é o mesmo da missão empreendedora à qual o grupo se propõe: transformar o informalíssimo Carnaval de rua em um negócio sério.
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A empresa comanda a versão paulistana dos blocos cariocas Bangalafumenga, cujo repertório inclui de MPB a marchinhas, e Sargento Pimenta, com versões tropicalizadas de hits dos Beatles. São dois gigantes da folia de rua, que devem reunir juntos 100 000 pessoas no sábado (30), ante 80 000 em 2015. Ficaram tão grandes que acabaram gentilmente expulsos da Avenida Sumaré, na Zona Oeste, rumo à Avenida Tiradentes, na Zona Norte.
É no quesito profissionalização, porém, que eles mais se destacam: contam com três patrocinadores em 2016 (Amstel, 99Taxis e 51 Ice), e faturam o ano todo com eventos e aulas de percussão, a 220 reais por aluno.
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Com isso, incrementaram o orçamento dos desfiles, que passou de 330 000 reais, em 2015, para 400 000 reais, incluindo os custos com a vinda das bandas originais. Segundo estimativa de mercado, a receita anual da empresa está na casa dos 900 000 reais, informação que o grupo não confirma.
A ideia da Oficina da Alegria surgiu quando Edelstein e Flávia, então diretores da Johnson & Johnson, aproveitavam o Carnaval no Rio, em 2011, em meio ao agito do Banga e do Sargento, como são conhecidos os blocos. “Tivemos uma crise de propósito de vida e pensamos em trabalhar na área”, diz ele. A dupla convidou outros dois amigos — o administrador Cesar Pacci e o engenheiro Fernando Pegoretti — para estrear, em 2012, na Vila Madalena.
Eles cobriram os 50 000 reais de gastos da empreitada graças a um patrocínio conseguido “aos 45 minutos do segundo tempo”, reuniram 5 000 pessoas e decidiram abandonar o emprego. “Tirei um peso das costas. Empreender no que se gosta não tem preço”, comemora Edelstein.
› Bangalafumenga. Concentração na Avenida Tiradentes, altura do nº 676 (em frente à Estação Tiradentes da Linha 1— Azul do metrô). Sábado, 11h.
› Sargento Pimenta. A mesma data e endereço, 14h.