As mulheres mandam na música do novo bar Riviera
Conheça os projetos musicais criados pelas curadoras Roberta Youssef, Fernanda Couto e Debora Pill para o bar, que promete ser o novo point paulistano
O chef Alex Atala e o empresário Facundo Guerra são os nomes conhecidos por trás do Riviera, mas na música do bar quem manda são as mulheres. As curadoras Debora Pill, Fernanda Couto e Roberta Youssef são as responsáveis pela programação de shows da casa, que reabriu suas portas para o público em 25 de setembro. São delas três das quatro noites: Improvável (quarta), BRisa (quinta) e Coquetel (sábado), respectivamente.
+ Retorno do bar Riviera movimenta edifício ao lado
“É coincidência as três serem mulheres. Cheguei a essa escolha porque cada uma delas tem fluência dentro do que eu queria para a casa”, conta Facundo. E o que ele queria, desde o início, era dar espaço para artistas brasileiros experimentarem outros projetos e mostrarem novas parcerias. “É um palco laboratório”, classifica. A tarefa ficou fácil para as três moças, que por coincidência, acabaram apresentando propostas sonoras com essa cara mais “lado B”.
“Queria que a minha noite fosse a mais careta, para não competir com elas”, brinca Facundo, que assumiu as noites de sexta-feira. Nesse dia, o palquinho do segundo andar recebe a Riviera Jazz Band, composta por dissidentes da Traditional Jazz Band. Eles interpretam grandes álbuns de jazz –Time Out (1959), de Dave Brubeck Quartet, é o primeiro da lista. A ideia é reunir aficionados pelo gênero que, como ele, nunca ouviram ao vivo discos importantes, e apresentar aos menos familiarizados os pilares da história do jazz.
► Improvável [às quartas | curadoria: Debora Pill]
Provocar o artista a fazer algo diferente é a proposta da jornalista Debora Pill para a noite Improvável. É o caso de Chiquinho Moreira, da banda Mombojó, cuja missão será mostrar dois projetos distintos, o Joinha Lab e Os Lontras. “Não estou interessada em lançamento de disco, mas sim no que me emociona e no que o artista está a fim de fazer”, explica. Bandas diferentes em ascensão também estão na mira da curadora, como o Mustache e os Apaches. Conhecido por levar às ruas seu folk-blues à brasileira, o grupo paulistano conduziu as duas primeiras edições da Improvável. “Quero apresentar algo que, no mínimo, surpreenda”. Desde 2010, Pill apresenta o programa Vitrola Livre, na Rádio UOL. No ano passado, comandou com o compositor Romulo Fróes o programa Cada Canto, no Canal Brasil, sobre a nova música de São Paulo. Também fez parte do time de curadoria do Red Bull Music Academy, e do projeto Rumos Música (2010 a 2012), do Itaú Cultural. Ela está por trás ainda dos shows-documentários Brasilintime (2002) e Timeless (2010). Próximas atrações: Os Lontras (9/10), Gui Amabis com participação de Thiago França (16/10), Gui Amabis (23/10), Victor Rice (30/10).
► BRisa [às quintas | curadoria: Fernanda Couto]
Uma noite refrescante de nova música brasileira, no sentido mais amplo da palavra. Na BRisa (assim mesmo, com as duas letras iniciais em maiúsculas), os convidados poderão deixar seus shows tradicionais de lado para experimentar novos formatos, repertórios e parcerias. “A ideia é dar uma ventilada na cena”, conta Fernanda. Apresentar nomes fresquinhos também está em sua lista de tarefas. “Quero muito trazer a [cantora carioca radicada em São Paulo] Joana Flor, é uma artista muito completa”, adianta. Farejar novos talentos é especialidade da curadora. Em 2005 e 2006, comandou as segundas-feiras do Grazie a Dio!, cujo palco recebeu as primeiras temporadas de gente como Céu, Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz. A experiência lhe rendeu, mais tarde, um convite do empresário Alexandre Youssef para ajudá-lo na programação do Studio SP. Atualmente, ela comanda a sete8 inteligência musical, misto de curadoria musical e assessoria de comunicação que, nos últimos anos, trabalhou com artistas como Criolo e Lucas Santtana. Próximas atrações: Mahmundi + Opala (10/10), Lulina (17/10), Andreia Dias e os irmãos Nardo (24/10), Thiago Pethit + Adriano Cintra (31/10), MC Sombra + trio Marcelo Cabral, Thiago França e Sergio Machado (5/11)
► Coquetel [aos sábados | curadoria: Roberta Youssef]
“Com quem você gostaria de tocar?” é uma das primeiras perguntas que Roberta Youssef faz aos artistas que pretende convidar para a Coquetel. “É a noite da mistura, onde tudo pode”, brinca. Para ajudá-los a responder à pergunta, a curadora chegou a levar alguns músicos até o bar durante a reforma, para que eles visualizassem possibilidades sonoras no ambiente. “Também estou atrás de bandas de jazz mais novas, modernas. Há uma cena em São Paulo, mas elas aparecem pouco porque não há muitos lugares para tocar.” Atrações do Cine Joia, do qual Facundo também é sócio, devem mostrar seus projetos paralelos na casa. Formada em rádio e TV, Roberta produziu programas na TV Cultura e, no ano passado, fez a curadoria musical do Studio SP. No Riviera, assumiu também a função de produtora artística. “Para mim, a melhor maneira de conhecer um artista é no palco.” Próximas atrações: Tarântulas e Tarantinos (5/10), Tiê + Vitor Patalano (19/10).