Após confronto, votação do Plano Diretor é retomada hoje
Na noite de terça (29), representantes dos sem-teto queimaram pneus para pressionar parlamentares a aprovar pontos pró-moradia popular. A Tropa de Choque foi acionada
Depois do confronto entre a Tropa de Choque e sem-teto em frente à Câmara Municipal na noite de ontem, os parlamentares decidiram encerrar a votação do Plano Diretor. A sessão foi retomada na manhã desta quarta-feira (30). Cerca de 500 militantes dos sem-teto passaram a noite em lonas montadas dentro e fora do Palácio Anchieta, sede do órgão. Uma pista do Viaduto Jacareí permanece interditada.
+ Entenda o Plano Diretor e como ele pode mudar a cidade nos próximos anos
Na tarde ontem, 3 000 militantes sem-teto acompanhavam a sessão por um telão na parte externa da Câmara. Os pontos de maior interesse do grupo são os que abrem espaço para a construção de moradias populares em diferentes áreas da cidade.
Diante da votação do projeto por meio das comissões como Emprego, Saúde, Justiça, Moradia, entre outras, os partidos de oposição apresentaram dois pareceres contrários aos que já haviam sido votados, os chamados “votos em separado”. “É necessário que se faça a correção de determinados pontos, mas temos que votar”, disse o vereador do PSD, Police Neto.
Quando vereadores discutiram a possibilidade de adiar a votação por não haver tempo suficiente de ler as emendas apresentadas para fazer ajustes ao texto, começou um quebra-quebra do lado de fora. Pneus foram queimados e barricadas com entulho, rapidamente erguidas. Policiais dispararam bombas de gás lacrimogênio para dispersar a multidão.
Por volta das 18h30, a maior parte dos manifestantes passou a seguir rumo à Praça da Sé. Às 19h30, havia poucos ainda em frente ao prédio, e a limpeza era providenciada por garis.
“Foi uma situação de violência. Deu medo”, disse o vereador Floriano Pesaro, do PSDB. “Encerramos a sessão porque não haveria mais clima.”
No plenário, o clima também foi quente. Pesaro entrou em conflito com a colega Juliana Cardoso (PT), que era aplaudida pelos manifestantes. “A oposição quer criminalizar o movimento”, disse depois ao microfone Paulo Fiorilo, também do PT.
De acordo com o presidente da casa, o vereador José Américo (PT), um capitão da polícia levou uma pedrada na cabeça e foi para o ambulatório da Câmara. Segundo profissionais que trabalham no Anchieta, janelas das laterais do prédio foram quebradas (as da frente são blindadas) e, com isso, entrou fumaça e gás lacrimogênio.
Em nota, a Liderança da Bancada do PT na Câmara Municipal e a Presidência do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores repudiou a tentativa de parte dos vereadores da oposição de responsabilizar o prefeito Fernando Haddad e o PT pela situação de tensão criada na Câmara. “Repudiamos depredação e atos de vandalismo ocorridos na porta da Câmara Municipal. Toda manifestação é legítima, desde que seja pacífica e dentro dos limites da conduta civilizada”.