Louise Cardoso é uma senhora tragicômica em “Velha É a Mãe!”
A atriz leva o espetáculo em cartaz no Teatro Folha além da diversão rasteira
Louise Cardoso transita entre o drama e a comédia como raras atrizes brasileiras. Foi popularizada pelos tipos engraçados da televisão, principalmente no humorístico TV Pirata, e, no cinema, criou uma Leila Diniz vigorosa na biografia dirigida por Luiz Carlos Lacerda em 1987. No teatro, ela encontrou espaço em trabalhos densos, entre eles Um Bonde Chamado Desejo e Rosa Tatuada, de Tennessee Williams, além de Navalha na Carne, de Plínio Marcos.
Essa versatilidade cultivada pela artista carioca serve de base para a comédia Velha É a Mãe! ultrapassar o simples divertimento. No limite da caricatura, a montagem traz uma mulher que já fez 70 anos e insiste em aparentar, no máximo, uns 50. Para isso, ela passa horas na academia, recorre às plásticas e aplicações de botox, faz dança de salão e luta boxe.
O esforço irracional pela juventude liquida seu casamento, e o marido a troca por outra que, pasme, já passou dos 80. Uma conversa com a filha (defendida pela atriz ElianeCosta) deixa claro esse descontrole. Muito bem aproveitado pelo diretor João Fonseca, o carisma de Louise confere contornos de comédia de costumes ao texto escrito por Fábio Porchat. Os diálogos certeiros conduzem a trama do catastrófico ao escrachado, sem cair no exagero típico das peçascaça-níqueis.
Uma prova dessas sutilezas são os minutos finais, quando o destino da protagonista se transforma em uma incógnita e o espetáculo ganha um ar tenso. Embalado pela música Rock and Roll Lullaby, sucesso conhecido na voz de B. J. Thomas, o desfecho comprova o caráter do programa, feito para rir e até chorar.
AVALIAÇÃO ✪✪✪