Como são os tours virtuais por apartamentos decorados
Empresas investem nas visitas remotas com realidade virtual e projetam crescimento de 120%
Conforme o período de isolamento em casa aumenta, os pequenos problemas do imóvel podem ficar mais evidentes. Percebe-se que a sala não recebe tanto sol assim, que a vista não é legal, que um escritório seria útil… Mas como mudar neste momento, sem sair para conhecer um novo lugar? Uma possível resposta está nas visitas virtuais, modalidade que utiliza uma tecnologia semelhante àquelas exploradas em videogames. “É uma experiência imersiva e bastante intuitiva, em que o usuário consegue caminhar livremente e observar coisas como iluminação e metragem do espaço”, explica Antonio Coutinho, cofundador da VRone, que viu a demanda pelo serviço desse gênero dobrar durante a quarentena e estima um crescimento de pelo menos 120% para os próximos meses.
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Projetos digitais de imóveis ainda não construídos se transformam em cenários interativos. Com óculos de realidade virtual, o usuário pode simular on-line uma visita presencial com o corretor. Um diferencial são as opções de personalização, que com alguns cliques permitem visualizar variedades de acabamento de parede, piso e configurações de planta. Também dá para interagir com os móveis e abrir portas de armário, por exemplo. Os corretores conduzem a experiência com áudios previamente gravados. A tecnologia pode ser aplicada não somente a apartamentos decorados, mas também a casas, hotéis, áreas comuns de condomínios e outros tipos de endereço. Para a construtora, há a vantagem de não precisar investir em muitas opções de decoração antes da compra. Coutinho estima uma economia de 90% para as marcas em relação ao decorado tradicional. Para o usuário final, os tours virtuais são sempre oferecidos gratuitamente. E, apesar de certo receio inicial, a reação do público costuma ser positiva.
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Por enquanto, o equipamento é um limitador para a experiência, já que são necessários óculos cabeados, daqueles plugáveis em um computador, acessório que a maioria da população ainda não tem em casa. Para contornar o problema, algumas empresas vêm investindo em outros tipos de tecnologia, como o escaneamento em 3D, que consiste em digitalizar com uma câmera um local já construído. “Diferentemente do que uma foto em 360 graus proporciona, você consegue girar de maneira mais precisa e se deslocar no ambiente”, pontua Fernando Martinez, fundador da Brasil 3D, especializada no serviço mais leve, que pode ser visualizado em computadores ou celulares.
“Hoje, a experiência de compra de um sapato é melhor que a de aquisição de um imóvel na planta. É um nível de comprometimento muito grande para ser tomado com base em uma imagem plana”, estabelece Francisco Toledo, fundador e CEO da iTeleport. Para ele, a digitalização é uma tendência no setor. Ainda assim, não recomenda que a compra seja efetuada apenas com base no tour virtual. O ideal é que uma visita presencial ocorra após a pré-proposta. “Para verificar se todos os tijolos estão ali”, diz Toledo. A iTeleport trabalha com quatro categorias de tour, que vão dos mais básicos, com imagens em baixa resolução, aos mais sofisticados, com a tecnologia de realidade virtual e interações com a mobília. Os valores dos serviços para as incorporadoras podem chegar aos 15 000 reais. No portfólio de clientes aparecem nomes como o grupo Cyrela, Gamaro e MRV. Também é da empresa o tour virtual pela Pinacoteca de São Paulo, que antes da quarentena tinha uma média de 1 000 acessos por mês e, agora, o número gira em torno das 20 000 visitas.
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Para o período de isolamento, a VRone tem apostado em experiências adaptadas para a web. Chamada de gamefy, a espécie de jogo pode ser acessada remotamente e sem óculos de realidade virtual. O usuário também tem acesso a informativos, vídeos e links com as marcas utilizadas na decoração. A iTeleport deve lançar atualizações semelhantes ainda neste semestre. “A ideia é fazer uma integração entre o mercado imobiliário e o varejo. Mais do que pintar uma parede de verde, por exemplo, o usuário poderá optar por um tom específico de sua marca preferida e ser redirecionado para um site de compra”, projeta Toledo.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 20 de maio de 2020, edição nº 2687