História restaurada: Sítio da Ressaca reabre com exposição fotográfica
Após três anos fechada, casa bandeirista no Jabaquara é reinaugurada com mostra que dialoga com o legado do advogado Luiz Gama (1830-1882)
Fechado nos últimos três anos para uma obra de restauração, o histórico Sítio da Ressaca reinaugura com a exposição Memorial Luiz Gama — 10 Anos.
Localizada no Jabaquara, na Zona Sul, a casa é um dos poucos remanescentes paulistanos da arquitetura colonial, com paredes em taipa de pilão erguidas provavelmente em 1719 — ano inscrito em sua porta principal.
“Em 2018, surgiram algumas rachaduras e fizemos um estudo para entender o que estava acontecendo. Vimos então a necessidade de uma reforma, que teve início em 2022”, conta Henrique Siqueira, coordenador do núcleo curatorial do Museu da Cidade, que administra o espaço tombado.
Com o valor de 1,4 milhão de reais, o restauro incluiu novo madeiramento e revestimento de argamassa, atualização do sistema de iluminação e de drenagem e espaços de assentos na área externa.
Nas paredes centenárias estão expostas dez fotografias que dialogam com o legado do advogado abolicionista Luiz Gama (1830-1882) para a comunidade negra. “Quando estamos em uma casa bandeirista e homenageamos alguém que afrontava juridicamente o sistema escravocrata, estabelecemos um contraste”, afirma Max Mu, curador da exposição.
Eustáquio Neves, Denise Camargo, Deka Carvalho, Walter Firmo e seu filho, Duda Firmo, são os fotógrafos que assinam as imagens, produzidas especialmente para a mostra e expostas pela primeira vez em 2013, na Caixa Cultural — para esta edição, novos textos foram adicionados.
“Nós homenageamos Luiz Gama em uma dimensão simbólica e imaterial, com textos dele e sobre ele, para ressignificar esse patrimônio histórico e público que é o Sítio da Ressaca”, completa o curador.
Sítio da Ressaca. Rua Nadra Raffoul Mokodsi, 3, Jabaquara. Seg. a sáb., 10h/17h. Grátis. Até 31/3/2024. @museudacidade.
Publicado em VEJA São Paulo de 1 de dezembro de 2023, edição nº 2870