Longe dos palcos desde 2011, Rachel Ripani volta com ‘Cabaret Luxúria’
A atriz se desdobra como produtora, diretora e tradutora de textos teatrais
“Eu estava com muita saudade do palco”, afirma Rachel Ripani que neste sábado (7) vai comemorar, no tablado, seu trigésimo oitavo aniversário, durante a reestreia do musical Cabaret Luxúria no Teatro Viradalata. No final de 2011, a atriz encerrou a temporada do musical Mamma Mia! grávida do seu primeiro filho e, desde então, passou a se dedicar à tradução de textos teatrais e à produção de espetáculos. Mais de um ano depois, retorna aos palcos como Justine, o terceiro vértice do triângulo amoroso composto por Lilith (Paula Flaibann) e Mephisto (Rubens Caribé).
Embora o espetáculo oficialmente seja dirigido por Helen Helene, Rachel, que escreveu e produziu a montagem, dá alguns pitacos na direção. Foi durante o tempo que ficou fora do palco que a atriz descobriu novas facetas — como a de tradutora e produtora de espetáculos, algo que começou ainda em 2007, com a montagem brasileira de Closer, de Patrick Marber.
“Não tínhamos verba para a tradução, então resolvi eu mesma fazer esse trabalho, dando um primeiro tratamento ao texto. Já nos primeiros ensaios, o elenco percebeu que os diálogos fluíam bem e deixamos assim”, relembra a atriz, que também produziu a peça. Em 2009, ela se aproximou da Cia. Razões Inversas do diretor Marcio Aurélio, com quem produziu Anatomia Frozen, de Byrony Lavery. O denso espetáculo acabou arrebatando o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte e uma indicação ao prêmio Shell de melhor direção.
Depois, surgiram convites para as montagens nacionais de Chá com Limão, Festim Diabólico e produções grandiosas como O Rei Leão, em cartaz no Teatro Renault, e até mesmo Billy Elliot. O espetáculo chegou à cidade na versão original em inglês, mas foi Rachel a responsável pelas legendas em português do musical.
A atriz também abriu uma empresa que leva seu nome e além da tradução de textos dramatúrgicos, auxilia artistas na negociação de direitos autorais. O trabalho nessas frentes lhe trouxe novas ferramentas para o palco. “Quando estou vertendo o texto para o português, já consigo imaginar a fala na boca do ator em cena. É como se a direção começasse pela tradução”, reflete ela, que assina a direção de Tribos, com estreia marcada para o dia 14, junto de Ulysses Cruz. Naturalmente, o texto da inglesa Nina Raine também foi traduzido por Rachel.
Em meio a tantos trabalhos, a multiartista se diz feliz por voltar a atuar em um texto de sua autoria. “Como ator, você sempre está defendendo as ideias do autor ou do diretor. Um ator, quando amadurece, tem vontade de colocar suas ideias em cena. Por isso resolvi escrever”, explica.
Sem pausa à vista, ela já tem um trabalho na televisão engrenado após a temporada de Cabaret Luxúria: o seriado As Passionais, do GNT. “Prefiro fazer uma coisa por vez. Meu objetivo é fazer um bom trabalho. Não importa se é comercial, como O Rei Leão ou autoral como Frozen. Tenho uma gaveta cheia de textos esperando para serem montados, e nenhum preconceito.”